quarta-feira, 8 de julho de 2020

Recomendações para triagem, priorização e tratamento de pacientes com câncer de mama durante a pandemia de COVID-19

Por: Dr. Sérgio Henrique Lopes Marques


A proposta do artigo foi atender a necessidade de adaptação a pandemia e assegurar que não haja prejuízo para pacientes com câncer de mama.
Foi utilizada uma ferramenta de análise de projetos, o ciclo PDCA.
Objetivo: mitigar o impacto do surto, em pacientes com suspeita ou diagnóstico de câncer de mama.
I. Pacientes e de prioridades:
Pacientes com suspeita de câncer de mama recentemente diagnosticado;
Pacientes com câncer de mama em tratamento ativo (ou seja, quimioterapia, imunoterapia, terapia anti-HER2, terapia endócrina com ou sem terapias direcionadas);
Pacientes com câncer de mama em acompanhamento (tratamento não ativo) ou apenas em terapia endócrina adjuvante.
Recomendações para cada etapa do atendimento à paciente:
II. Rastreamento e diagnósticos:
O rastreamento mamográfico: suspender até a diminuição da pandemia;
Manter a assistência em caso com laudo mamográfico BiRads V (prioridade alta) e BiRads IV (prioridade média).
III. No tratamento do câncer de Mama
Tratamento sistêmico primário (TSP): sua utilização em câncer de mama inicial deve ser reconsiderada por necessitar de contato maior com o serviço hospitalar/ambulatorial e por apresentar comprometimento do sistema imunológico.
Cirurgias: Priorizar o procedimento cirúrgico mínimo e mais eficaz diminuindo a utilização dos recursos de atenção à saúde.
Evitar procedimentos benignos e cosméticos e com baixo risco para câncer de mama;
Oferecer cirurgia ambulatorial, se possível;
Adiar reconstruções mamárias;
Evitar procedimentos oncoplásticos;
Estratégia de prioridades:
Casos urgentes (tumores avançados, gestantes ou tumores não responsivos ao TSP): cirurgia em até 2 semanas.
Prioridade alta (recorrência local, contraindicação para TSP, linfonodo positivo ou fatores biológicos de agressividade): cirurgia em até 4 semanas;
Prioridade média (TSP já realizado, pré-menopausadas e ER+ sem necessidade de QT prévia): cirurgia em até 8 semanas;
Prioridade baixa (carcinoma ductal in situ, exceto com componente intraductal extenso, ER- e alto grau de mitose ou do tipo comedo; paciente com câncer do tipo luminal A): cirurgia após 8 semanas.
Radioterapia (RT)
Câncer de mama inicial: postergar a RT em 3 meses para pacientes de alto risco e 6 meses para pacientes de baixo risco.
A RT será urgente nas seguintes situações: tratamento da compressão medular, metástases cerebrais e meningeaise tratamentos paliativos (por exemplo, metástases ósseas) que não respondem à quimioterapia.
Terapia Sistêmica:
Câncer de mama inicial: QT a cada 3 semanas; usar indutores da hematopoise para minimizar a neutropenia e febre neutropênica. Uso de corticoides, somente se indispensável; repensar drogas com alta toxidade hematológicas, se houver alternativas; estratégias endócrinas em mulheres pré-menopausa por 3 meses permite o tratamento domiciliar; uso de bifosfonatos adjuvantes orais
Câncer de mama avançado: manter tratamento adequado; nos pacientes ER+/HER2 negativo dar preferência para a Hormonioterapia; evitar CDK 4/6 devido à sua atividade imunodepressora; se terapia EV preferir as formulações lipossomais de antracíclicos em esquema a cada 3 semanas; para pacientes HER2+, recomendar anti-HER2;
Atendimento psicológico: O suporte pode ser ofertado através da telemedicina. Questionários podem ser utilizados para avaliar a escala de ansiedade e depressão. Evitar o abandono.
Em suma, recomenda suspender os serviços de rastreamento para o câncer de mama, priorizar os tratamentos ambulatoriais sempre que possível e utilizar a telemedicina como um instrumento necessário para assistência.

Fonte: Go On

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário