Sob orientação médica, atividades melhoram a autoestima e o humor e diminuem em 20% a chance de retorno da doença.
“Quando tive câncer de mama, passei por muitos tratamentos e meu corpo ficou hipersensível, mudou demais. Só quando comecei a fazer atividade física passei a sentir meu organismo mudando para melhor. Fiquei até mais alegre, a ponto de os médicos suspenderem meu antidepressivo”. O depoimento de Mônica Duarte, 52 anos, mostra o quanto as atividades físicas podem ajudar na recuperação física e psicológica das pacientes de câncer de mama.
Os exercícios devem ser iniciados tão logo seja clinicamente possível e não haja risco de efeito colateral, desde que realizados sob orientação médica. Estudos demonstram que a chance de retorno entre pessoas ativas diminui 20%.
O oncologista dos hospitais Oswaldo Cruz e Barão de Lucena, Glauber Leitão, explica que as atividades aeróbicas, como caminhadas e corridas, são as mais recomendadas.
Mônica começou a fazer esse tipo de atividade depois de passar por quimio e radioterapia e iniciar um tratamento mais leve, com medicamento. Primeiro, escolheu fazer aulas de dança. “Quando se tem câncer, todo mundo pensa que você vai morrer e tentam lhe controlar em tudo. Com as aulas eu conseguia relaxar.”
Assim que terminou o tratamento com o remédio Trastuzumabe, Mônica procurou um personal trainer para fazer musculação.
O personal trainer que Mônica procurou, Cassiano Vasconcelos, recebeu a nova aluna sem nenhum tipo de recomendação especial. Apesar disso, observou determinados cuidados: “Sabemos que, em geral, o câncer mina a autoestima das pessoas, em especial no caso de câncer de mama. Além disso, a quimioterapia baixa muito a imunidade. São fatores psicológicos e biológicos que diminuem a resistência muscular”, explica. “Desta forma, começamos com exercícios leves, já que os vigorosos podem deprimir um pouco o organismo, e depois fomo intensificando.”
Atividades durante a quimio
As atividades físicas durante tratamentos mais agressivos, como quimioterapia e radioterapia, também são possíveis, segundo Glauber Leitão, mas precisam acompanhamento muito mais cuidadoso que aquele realizado no período pós-câncer. “Não podem ser realizados ao sol, ou terem intensidade elevada, também”, explica o oncologista.
A paciente Mônica Duarte, durante o tempo em que passou pela quimioterapia, tentou burlar essas regras e, em um momento de grande ansiedade, tentou caminhar na pista do Parque da Jaqueira e, em menos de dez minutos, passou mal. “Senti uma dor de cabeça fortíssima e fiquei toda vermelha”, lembra.
A coordenadora de reabilitação do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), a fisioterapeuta Luciana Mergulhão, explica que o ideal nesses casos é uma fisioterapia leve. Segundo ela, a maior demanda do HCP é de pessoas que tiveram câncer de mama, pois normalmente já perda de musculatura ou da estrutura nervosa do peitoral.
Matéria de Paulo Trigueiro, publicada no Diário de Pernambuco em 31/05/2014 | Imagem: Guilherme Veríssimo.