terça-feira, 14 de julho de 2020

Estudo da UFC em desenvolvimento aponta eficácia da cera de carnaúba no combate ao câncer

Em artigo publicado no Chemistry A European Journal, a instituição brasileira afirma que substância apresentou resultados favoráveis em testes iniciais. Pesquisadoras da instituição brasileira explicam por quais fases o estudo passa
Por: Danielber Noronha

Cera da carnaúba será testada in vivo depois da eficácia dos testes dela in vitro (Foto: Edimar Soares)

Importante segmento da exportação cearense, a cera de carnaúba aponta bons resultados também na medicina. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) lançaram artigo no Chemistry A European Journal, publicação científica das Sociedades Europeias de Química, tendo como foco o uso de produtos naturais da caatinga com eficácia em terapias de combate ao câncer.
Pós-doutora em Química de Polímeros e professora titular do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC , Nágila Ricardo explica que a cera da carnaúba ganhou eficácia ao ser utilizada como matriz lipídica para um nanocompósito aplicável no tratamento contra a doença.
“Em sua forma natural, a cera é dura, mas, quando preparamos a nanoemulsão, ela fica solúvel e pode ser ingerida e, consequentemente, utilizada como medicamento”, explica.
Nágila acrescenta que a carnaúba encapsula a substância oncocalixona-A, extraída de uma árvore endêmica da caatinga, o pau-branco do sertão, que já tem comprovação bioativa. “Por adquirir tamanho nano, ela se dissolve lentamente no organismo, e a gente pode direcionar para onde está o tumor cancerígeno, fazendo o tratamento ser localizado, matando somente as células doentes”, detalha.
O nanocompósito desenvolvido no estudo atua de duas formas para conseguir mitigar o efeito das células cancerígenas no corpo humano. Além de projetar fármacos para agir de forma mais precisa no corpo do paciente, o composto pode ser capaz de reduzir efeitos colaterais do tratamento, utilizando o método de hipertermia magnética.
A técnica em questão permite que um aumento de temperatura na região cujas células estão afetadas pela doença, potencializando o tratamento, uma vez que elas são mais sensíveis à temperatura elevada do que as células normais.
Testes in vitro
Carolina Moura, egressa do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Química, e a professora Otília Pessoa, ambas da UFC, integram a pesquisa. Otília foi responsável por isolar o composto do pau-branco para a realização dos testes in vitro.
Doutora em Química Orgânica e também professora da UFC, a docente explica que o primeiro passo de isolamento do composto é o mais simples dentro do processo de produção de um medicamento novo. “A gente faz o básico: isola um composto e vê se tem alguma atividade quando colocado em contato com as células.”
A pesquisa teve início em março de 2015, sendo a tese de doutorado de Carolina. Cientistas do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, centro de investigação hispano-luso na cidade de Braga, em Portugal, assinaram o texto publicado.
Próximos passos
Após comprovação da eficácia em testes in vitro, a pesquisa passará a se concentrar na consolidação de investigações e avançados para a etapa clínica, validando os ensaios in vivo. A partir de então, de acordo com a docente, será determinada a eficácia, toxicidade e potencial anti câncer em animais.
Estudo será realizado em parceria com o Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC. “Depois dos testes pré-clínicos em animais, começam testes em humanos. É preciso ver quais efeitos ela tem no organismo. O medicamento pode ter efeito antiinflamatório comprovado, mas acaba tornando-se hepatotóxico”, acrescenta Otília.
Nádila estima que, se forem seguidas as próximas fases com eficiência, o medicamento poderá ser produzido daqui há quatro anos. Embora laboratórios de produção farmacêutica ainda não tenham manifestado interesse em produzir o fármaco em escala maior, empresários exportadores da cera estão interessados em comercializar o produto quando todas as fases estiverem completas.
Medicina fitoterápica como alternativa ao tratamento medicamentoso convencional
Doutora em Química Orgânica, Otília Pessoa pesquisa inúmeras plantas para atestar eficácia das substâncias que são usadas na medicina popular. Com mais de 150 trabalhos publicados, a pesquisadora e professora do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC) se debruça sobre plantas comumente utilizadas em chás caseiros e algas marinhas.
“Estudar nossa biodiversidade local é uma forma de saber se aquilo que está sendo utilizado realmente tem algum respaldo científico”, explica. A partir do isolamento de compostos das plantas e organismos vivos, de acordo com a pesquisadora, é possível ter um indicativo da ação que aquela substância pode trazer ao organismo. “Temos estudado um tipo de boldo que é diferente daquele já utilizado na medicina popular. Os compostos isolados dele apontam altas atividades contra distúrbios gástricos”, exemplifica.
Em um dos estudos de algas marinhas aplicados no combate ao câncer, Otília não encontrou resultados satisfatórios. Entretanto, ao ser colocado no combate à inflamação, algas demonstraram alto poder anti inflamatório.
Fonte: OOtimista

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