segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Vivendo com Câncer de Mama Metastático



Dentre as mulheres que se cruzam na rua, andando apressadas para cumprir suas multimissões, há centenas e centenas que se distinguem pela coragem. Coragem para enfrentar mudanças não desejadas, para encarar com otimismo os dias difíceis, para lutar pela vida. São as Marias, Carolinas, Simones, Renatas, Julianas... Dentre elas, muitas que convivem com um câncer de mama avançado, ou metastático.


A palavra metástase, que causa temor a tantos ouvintes, para elas é presença no dia a dia e lhes convida imperativamente a mudar de rotina e de hábitos, a encontrar novos parâmetros para a sua felicidade, a estarem sempre prontas para outra. Outra série de quimioterapias, radioterapias e de exames, outra cirurgia, outra "novidade” indesejada.


A não ser pelas cabeças peladas elas passam indistintas, pois no contexto social brasileiro ainda precisa-se, e muito, compreender as suas demandas, a sua necessidade por atendimento personalizado e sistêmico, os seus desejos e seus medos. Na conversa com essas mulheres, além da esperança nunca abandonada pela cura, e da busca constante pela estabilização da doença, o que se ouve é sobre o preconceito no trabalho e entre o seu grupo social, o sumiço dos amigos e até dos maridos, a indisponibilidade de seus médicos, a falta de acolhimento da equipe multidisciplinar. Altos e baixos emocionais e dificuldades para acessar os tratamentos são também questões que incomodam.


A presidente do Instituto Oncoguia e psico-oncologista Luciana Holtz, diz que as necessidades e os desafios enfrentados por um paciente que convive com câncer metastático são completamente diferentes daquele paciente que descobre o câncer numa fase mais precoce, inicial.


"Diante da noticia da metástase, a paciente vivencia novamente todos os sentimentos surgidos no momento do diagnóstico, em alguns casos de forma dobrada. Num segundo momento, seu foco e sua energia devem se voltar para o controle da doença, sempre buscando qualidade diante dessa nova fase da vida”.

Jussara Del Moral
Jussara Del Moral, 48 anos, tem sorriso largo e risada prolongada. Funcionária pública, adepta às baladas, às viagens e aos planos para a vida, ela convive com o câncer desde 2006, e com metástases que surgem em períodos intermitentes. Ela conta que quando surgiu a primeira, ela sentiu medo:


"É uma notícia dolorida. Eu senti medo de morrer e comecei a planejar a minha morte”, lembra. Mas passado o impacto deu-se início à reinvenção de si mesma. Encarou e encara a doença de frente. Não deixou de viver, de passear, de trabalhar. Pelo contrário. Como é funcionária do INSS, atende muitas pacientes oncológicas, e afirma que ninguém sai de perto da sua mesa da mesma forma que chegou:


"Olha, eu sou metida, viu?! Mas digo que as ajudo e muito! Consigo transmitir mensagens de esperança, de coragem... tenho certeza que elas saem mais confiantes!”.


No dia em que foi entrevistada, Jussara acabava de sair do hospital, onde passou por cirurgia de uma metástase óssea. A moça estava ansiosíssima para retornar ao trabalho. "Eu quero mais é saber quais são as próximas fases do tratamento, fazer isso tudo logo e voltar a trabalhar, a sair. Eu hein... ficar em casa?”


Mudança de Foco

Uma metástase toma ainda mais conta da vida de uma paciente, que um câncer inicial. Mais consultas, mais exames, mais etapas de tratamento, mais desgaste emocional. Mas não se pode deixar que a doença tome conta da vida, porque a vida é muito maior que o câncer!


Para além dos momentos mais difíceis do tratamento, em que a dor, a fadiga e o cansaço aportam, é muito importante que a paciente encontre seus escapes e encontre-se dentro do câncer. Grupos de apoio, blogosfera, psicoterapia, exercícios físicos monitorados e, porque não, uma nova atividade profissional, condizente com as novas possibilidades do corpo.


"Já vi muitos casos em que o paciente precisou cessar a atividade profissional, mas descobriu outra que lhe dava muito mais prazer. Que lhe completava mais. O câncer não deixa de ser um momento de redescoberta, de olhar para dentro, para si”, lembra Holtz.


Renata BerzoiniPara Renata Berzoini, não há tempo e espaço para o câncer. A descoberta do tumor primário e da metástase ao mesmo tempo vieram quando o Gustavo ainda estava na barriga. Hoje, o bebê e o irmãozinho Henrique tomam conta da casa e da vida de Renata, e ela afirma que nem se lembra de que está em tratamento.


"Ah... você já viu, né? Com bebê em casa, não há chance para o câncer. E como estou fazendo radio, vou todos os dias para a região da Avenida Paulista.

Saio do Hospital e passeio, relaxo, ando por lá...”

Preconceito – Embora o tempo e a vida estejam tomados pelas crianças que habitam seu mundo e os brinquedos espalhados pela casa, Renata sabe que esse tempo passará e já se prepara para encontrar uma nova ocupação. Ela diz que teme o preconceito:


"Por que vão dar o emprego a uma pessoa que pode morrer? Esse é meu maior problema. Ser aceita socialmente”. A declaração de Renata tem tom de pesar, que logo se dissipa com uma nova perspectiva: "Mas eu estou seriamente pensando em voltar a estudar! A estudar psicologia!”.


Jusciane Ferreira do Santos, 36 anos, que iniciou a jornada de tratamento do câncer aos 29, diz que hoje não faz mais planos, mas busca viver cada dia amparada por uma fé sem limites.


"F. F. F.: Força, Foco e Fé, sempre!”.


De fato, Jusciane é de palavras e semblante fortes. Ela diz imperiosa, que não aceita o fato de que o câncer pode levá-la.

"Eu luto com coragem, pois sei que o câncer está no meu sangue. Pode sempre voltar. Tenho que conviver com isso”.

Ela conta que a presença da psicóloga em sua vida e de sua família é mais que fundamental para a manutenção da sua força, foco e fé.


"Mas há dias que são muito difíceis. Hoje chorei muito, pois terei que trocar a químio. Justo agora
que meu cabelo estava voltando a crescer. Mas é assim... bola pra frente!”


Câncer, Metástase e Atividade Física

Quem olha para Silvania GonçalvesSilvania Gonçalves, 35 anos, não diz que está em tratamento de metástases ósseas. A jovem mãe, que chama os três filhos de "minhas bênçãos”, é educadora física e tem verdadeira paixão pela malhação e continua exercitando-se apesar do tratamento.


"Sempre, sempre pratiquei atividades físicas. Exercícios com peso, musculação, caminhada, dança, ginástica localizada (...). Tudo o que desse tempo para fazer! Comecei o tratamento em dezembro e o médico sugeriu que eu parasse”.


A moça não aceitou a verdade do médico e passou a pesquisar a interlocução entre o câncer e a atividade física.

Mesmo à revelia, voltou para a academia!


"Voltei, mas faço tudo bem de leve. Cuido da minha postura, diminuí bastante o peso e exclui determinados exercícios da rotina”. E não é só isso. Ela ainda está fazendo caminhadas com uma amiga e pilates.


Silvania afirma que a atividade física é pressuposto fundamental para a sua vida além do câncer. "Eu tinha muitas dores, mas semanas depois de voltar aos exercícios elas simplesmente se foram.

Antes de retomar
minha rotina, eu ficava perdida em casa. Dormia muito. Hoje estou disposta, animada e em convívio social”.


Antes que a presente reportagem fosse escrita, Silvania escreveu para a repórter contando que o médico havia liberado a atividade física.


Para multiplicar informações sobre câncer e atividade física, Silvania criou a página OncoFitness no Facebook e é por esta via que se comunica com pacientes de todo o país. "Sei que ajudo muitas pessoas assim. Isso me faz uma pessoa melhor”.


O Câncer de Mama Metastático no Contexto Brasileiro

O Brasil precisa avançar e amadurecer muito em sua forma de atender as pacientes brasileiras com câncer de mama metastático. Nesta fase da doença, o tratamento multidisciplinar tão importante no contexto do câncer se faz ainda mais fundamental.

Além do mais, de forma que a doença estará cada vez mais presente no país, cada indivíduo deve refletir sobre a forma como está olhando para um paciente próximo de si.

Mulheres com câncer de mama metastático são especiais. Especiais pelas demandas do corpo e pelos impactos inerentes a trajetória de tratamento. Especiais, pois se destacam entre milhares, por sua luta pela vida.


Como diz o diretor científico do Instituto Oncoguia, Dr. Rafael Kaliks, "Muito mais importante que uma nova terapia, é o apoio psicossocial e o acolhimento da equipe médica e de quaisquer pessoas que convivam com a paciente”.

Fonte: Instituto Oncoguia.                                                        

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

II Encontro Vivendo com Câncer de Mama Metastático

Oncoguia:

Convida pacientes e familiares para participar do II Encontro Vivendo com Câncer de Mama Metastático.

Data: 18/10/2014

Horário: 9h às 15h


Local: Local a ser definido, São Paulo/SP

O encontro é destinado a pacientes e familiares que convivem com o câncer de mama metastático e contará com palestras de especialistas sobre diferentes temas.

Para que possamos conhecer melhor as suas necessidades, vontades e curiosidades criamos uma pesquisa: Participe!


Contamos com vocês e até breve!



Acesse o Site abaixo.
Fonte: Equipe Instituto Oncoguia

Tratamentos contra câncer de mama e mal de Parkinson ganham Prêmio Lasker

Cientistas franceses - pioneiros na aplicação de terapias de estimulação profunda do cérebro em doentes que sofrem do mal de Parkinson - e uma americana que descobriu a chave da mutação do câncer de mama receberam o Prêmio Lasker, nesta segunda-feira (8).

O Prêmio Lasker de Pesquisa Médica é um dos mais prestigiosos no campo científico, também chamado de "Nobel americano".

Alim Louis Benabid, da Academia das Ciências na França, e Mahlon DeLong, da Universidade Emory, conquistaram o Lasker-DeBakey de Pesquisa Médica Clínica por desenvolverem técnicas de estimulação profunda do cérebro.

O objetivo é restaurar funcionalidades em pacientes com Parkinson.

"O trabalho de DeLong e de Benabid melhorou as vidas de mais de 100 mil pacientes no mundo todo, que se submeteram ao procedimento", justificou a Fundação Lasker.

"Estimulou novas pesquisas no uso da estimulação elétrica, que já estão ajudando nos problemas neurológicos e psiquiátricos", acrescentou a Fundação.

Já a cientista Mary-Claire King conquistou o Lasker-Koshland em reconhecimento de sua extensa carreira. Entre outros avanços, ela identificou o gene BRCA1, chave no desenvolvimento do câncer de mama.

Mary-Claire aproveitou a cerimônia para pedir mais testes genéticos em mulheres para detectar o câncer genético antes que seja tarde demais.

Ela também foi reconhecida por usar tecnologia de DNA para reunir os filhos desaparecidos durante a ditadura na Argentina com suas mães e avós, baseando-se na análise de DNA mitocondrial. Esse é o DNA que passa de mãe para filho.

"King ajudou a provar relações genéticas, e isso facilitou a reunificação de mais de 100 filhos com suas famílias (biológicas)", explicou a Fundação Lasker.

Outros ganhadores foram Kazutoshi Mori, da Universidade de Kyoto, e Peter Walter, da Universidade da Califórnia em São Francisco. A dupla recebeu o Lasker de Pesquisa Médica Básica por suas descobertas sobre a capacidade interna das células de corrigir proteínas prejudiciais

Fonte: UOL.http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2014/09/08/tratamentos-contra-cancer-de-mama-e-mal-de-parkinson-ganham-premio-lasker.htm#fotoNav=9

Google se une a farmacêutica para buscar cura do câncer


Calico, a startup do Google voltada para saúde e bem-estar, anunciou ontem uma parceria com a empresa farmacêutica AbbVie em busca de novos tratamentos para doenças como câncer e Alzheimer.
 
O acordo prevê a abertura de um centro de pesquisas em San Francisco com foco na descoberta e aceleração de medicamentos. No total, será investido US$ 1,5 bilhão (R$ 3,4 bilhões) no projeto. Inicialmente, cada uma das companhias desembolsará US$ 250 milhões.
 

Confira o papel de cada uma das empresas na parceria:

Calico

- Fundada no final de 2013, a startup do Google será responsável por fornecer a equipe de cientistas que trabalharão no laboratório;
 
- Durante os primeiros 5 anos, o foco da parceria é nas pesquisas. A partir daí, serão mais 10 anos de desenvolvimento;

- 50% dos lucros obtidos;
 
AbbVie

- Criada no mesmo ano que a parceira, a farmacêutica é conhecida por produzir drogas que auxiliam no tratamento de doenças como o mal de Parkson e vai supervisionar o desenvolvimento de medicamentos e a possibilidade de comercializá-los;
 
- 50% dos lucros obtidos;



O investimento em áreas da saúde não é novidade para o Google. Por meio da Calico, a companhia já deixou claro que seu objetivo é retardar cada vez mais a morte, utilizando tecnologia para ocupar lacunas deixadas pela medicina tradicional.

Recentemente, a gigante anunciou também parceria com o laboratório Novartis para criação de uma lente de contato inteligente que ajuda no controle da diabetes. O dispositivo usa as lágrimas do paciente para medir a quantidade de glicose no sangue.

Matéria publicada no site Olhar Digital, em 04/09/14