quarta-feira, 8 de julho de 2020

Biópsias



O uso dos exames de imagem como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética no rastreamento do câncer de mama tem resultado em maior detecção de lesões não palpáveis e clinicamente ocultas da mama. Apesar dessas técnicas estarem sendo aperfeiçoadas cada vez mais com o passar do tempo na tecnologia da aquisição das imagens, muitas vezes, são necessárias amostras de tecido para um diagnóstico definitivo. 

São diversas maneiras possíveis de biópsias, cada uma com suas particularidades e indicações. 

1) PAAF - Punção aspirativa por agulha fina 

Técnica rápida, barata e bem tolerada pelas pacientes, porém o método apresenta limitações como alta frequência de amostras insuficientes (cerca 2% a 35%), falso-positivos e baixa precisão quando comparada a biópsia por agulha grossa ou excisão cirúrgica.  Além disso, a distinção entre carcinoma in situ e carcinoma invasor é limitada, bem como determinar o estado dos receptores. Sua sensibilidade varia entre 68% e 100% e especificidade entre 82% e 100%. 

A PAAF é mais comumente utilizada para coleta de amostras de linfonodos axilares ou de lesões inacessíveis à biópsia por agulha grossa como lesões superficiais ou que fazem contato com a parede torácica. Pode também ser utilizada para punção de alívio em cistos simples e complicados e na diferenciação entre massa sólida e cisto complicado quando a ultrassonografia não consegue fazer essa distinção. Caso não seja resolvido inteiramente pela aspiração, converter o procedimento para agulha grossa, devido a maior precisão. 

2) Biópsia com Agulha Grossa ou “Core Biopsy” 

Método preciso de coleta de amostras que fornece fragmentos de tecidos para análise histopatológica de anormalidades detectadas por imagem. Os resultados são comparáveis às amostras cirúrgicas, com fragmentos adequados em 99% das vezes e sensibilidade superior a 90%. 

Pode ser realizada por orientação estereotáxica ou por ultrassonografia. A biópsia estereotáxica é mais comumente utilizada para avaliação histológica de calcificações mamográficas, mas também pode ser feita em massas vistas apenas na mamografia, em assimetrias ou distorções em que não haja correlação ultrassonográfica. A biópsia percutânea guiada por ultrassonografia é preferível na obtenção de fragmentos de toda e qualquer lesão que se evidencie à ultrassonografia. É mais rápida, mais confortável para a paciente e permite maior acesso a lesões mais posteriores e mediais da mama. Os fragmentos são obtidos de forma mais consistente já que a agulha é vista no alvo em tempo real pelo examinador. 

Importante frisar que alguns diagnósticos realizados por “core biopsy” necessitam de ampliação cirúrgica devido ao risco de subestimação do resultado em cerca de 30%. São eles: carcinoma ductal in situ e hiperplasia atípica. A cicatriz radiada e papilomas devem, na maioria das vezes, serem excisados. 

3) “Mamotomia” ou biópsia assistida à vácuo

Dispositivos que melhoram a precisão diagnóstica em comparação ao dispositivo automatizado e são utilizados rotineiramente em biópsias percutâneas estereotáxicas. Possibilita a retirada de fragmentos de tecido através de uma única punção e lesões de até 1,5 cm podem ser completamente excisadas. Pode ser também guiado por ultrassonografia e ressonância magnética. 

São mais rápidos e mais precisos devido ao maior tamanho dos espécimes e a obtenção de fragmentos contíguos. 

Considerações: 

• Calibre da Agulha 

O calibre da agulha de biópsia é um fator importante a ser considerado ao se realizar biópsias com agulha grossa percutâneas. Devem ser realizadas utilizando-se uma agulha calibre 14 ou maior, devido à maior precisão em comparação às agulhas calibre 16 ou 18. 

• Colocação do Clipe 

Deve ser colocado de rotina um clipe localizador durante quase todas as biópsias percutâneas, principalmente em lesões sutis ou naquelas que não são mais aparentes após a realização do procedimento. Uma mamografia pós biópsia deve ser feita para documentar a inserção e a posição do clipe em relação a localização esperada da lesão-alvo. 

Complicações: 

Não são frequentes, sendo o sangramento a complicação mais comum apresentado em até 3% dos casos de biópsias assistidas a vácuo com agulha calibre 11. Os raros casos de hematomas clinicamente significativos podem ser tratados conservadoramente. Infecções também podem ocorrer e são raras. 

Por: Dra. Máryam Arbach

Fonte: SBM SP

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.

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