quarta-feira, 8 de julho de 2020

Microbiota e câncer

Estudos promissores estabelecem relações importantes entre microbiota e o tratamento oncológico




Os últimos anos tem sido pródigos em pesquisas de alta qualidade científica que implicam a microbiota intestinal na carcinogênese ou como contribuintes nos resultados da terapia oncológica.  Cada vez mais, aprendemos que assinaturas da microbiota intestinal podem ser biomarcadores preditivos de resposta a tratamento imunoterápico em câncer, e mais ainda, que podem ser modificáveis.
Inibidores de check point imunes tendo como alvo PD-1 ou seu ligante PD-L1, e CTLA-4 modificaram favoravelmente os resultados de tratamento de vários tipos de câncer, mas ainda não dispomos de biomarcadores para separar os doentes que vão se beneficiar dos que poderão apresentar graves complicações e não se beneficiar.
A Dra. Deborah Nejman e seus colaboradores, do reconhecido Instituto de Ciências Weizmann em Israel, avaliaram o microbioma de diferentes tipos de câncer e do tecido não maligno adjacente. Em estudo publicado em maio deste ano na importante revista Science, os autores observaram que bactérias estavam localizadas no interior de células malignas e também imunes e que a composição bacteriana variou de acordo com o tipo de câncer. Chamou a atenção que o câncer de mama, tem um conteúdo bacteriano intratumoral mais diversos que outros tipos de câncer. Além disso, em alguns subtipos de câncer de mama  caracterizados por aumento do estresse oxidativo encontrou-se bactérias que produzem micotiol, que pode detoxificar espécies reativas de oxigênio. O estudo contribui em apontar o papel potencial de bactérias em tumores e como elas poderiam conformar o microambiente tumoral e influenciar processos imunes inatos envolvidos na imunidade contra o câncer.
Uma outra importante contribuição recente é o estudo experimental de Ke e colaboradores publicado, também em maio,  na revista Nature Communications. Os autores valeram-se que fluoropirimidina é central no desenho de quimioterapia em canceres do aparelho digestivo. Eles, em um modelo de Caenorhabditis elegans como hospedeiro, estudaram as contribuições de metabólitos microbianos e hospedeiro perante timidina e serina. Observaram que o metabolismo do folato na Escherichia coli é crucial na toxicidade deste agenda. Enquanto a timidina promove reações biomoleculares tóxicas a serina protege o hospedeiro. Desta forma, os autores contribuem com novas evidências para reforçar as observações anteriores, em mamíferos, que a dieta é capaz de modular a eficiência de fluoropirimidina e sua toxicidade, por meio da alteração do metabolismo de micróbios intestinais. É possível que micróbios sejam responsáveis pela variabilidade da resposta a fluoropirimidina, quando fatores genéticos forem descartados. Humanos tem mais de 1500 espécies bacterianas em seu intestino com composições e quantidades distintas. Cada um desses micróbios pode metabolizar, de forma diferente, componentes dietéticos e drogas, que podem ser novamente metabolizados ou alterar a fisiologia de outros micróbios ou do hospedeiro. Neste sentido, podem ocorrer cascatas de eventos alternados ou simultâneos disparados por dieta, drogas, micróbios, metabólitos do hospedeiro, e moléculas sinalizadoras, formando uma complexidade muito grande, que pode influenciar de muitas maneiras a resposta final do organismo.

Fonte: Nutritotal

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