Resumidamente, todos estes efeitos acontecem através de mecanismos complexos que hoje são estudados dentro de um ramo da ciência médica chamado psiconeuroimunologia. Estas respostas ao stress influenciam o cérebro e o comportamento, o sistema neuroendócrino e imunológico, assim orquestrando o aumento ou diminuição da habilidade do organismo de lidar com os agentes patogênicos (como vírus e bactérias).
O stress é uma resposta adaptativa do organismo à situações adversas, tanto externas quanto internas, como forma de proteção. Ou seja, quando somos expostos a condições adversas, o próprio organismo inicia uma série de respostas adaptativas organizadas para defender a estabilidade do ambiente interno e proteger a sobrevivência. Até aí tudo bem, não? Qual então o problema do stress?
O stress se torna um distúrbio quando ficamos continuamente sob sua influência, mesmo quando não se está passando por condições adversas. Isso gera um estímulo constante, mesmo que de baixa intensidade, que vai causando alterações crônicas no organismo. Isto pode inclusive levar ao desenvolvimento de doenças graves a médio e longo prazo. Além disso, é importante ressaltar que estas alterações, também chamadas de ‘resposta ao stress’, podem ocorrer em nível psicológico (cognitivo e emocional) e em nível biológico, sendo que o grande regulador deste processo é o sistema nervoso central, através de complexas vias neuroquímicas.
Como se descobriu esta relação?
No início dos anos 1900, um fisiologista norte americano chamado Walter Cannon baseou-se no trabalho de Claude Bernard para criar o termo “homeostase”. A homeostase é a habilidade que o organismo possui de se manter em equilíbrio, regulando-se para que permaneça saudável independentemente do que venha a ocorrer no ambiente externo.
No entanto, ele demonstrou em vários experimentos que o sistema neurossimpático-adrenal é responsável por coordenar as respostas necessárias para enfrentar os desafios externos, como o stress. Mais do que isto, ele também demonstrou que tanto distúrbios físicos quanto emocionais poderiam disparar estas mesmas respostas no corpo humano.
O stress é, portanto, uma ameaça ao equilíbrio (ou homeostase) do organismo, e pode ser causado tanto por agentes externos quanto emocionais. Além disso, é importante entender nem sempre o stress é reconhecido racionalmente pelo indivíduo afetado, sendo uma resposta automática dos mecanismos de defesa do corpo que ocorre de maneira inteiramente irracional.
Como o stress afeta o sistema imunológico?
Já vimos, então, que o stress pode ser causado pelos mais diferentes motivos. Vamos ver agora o que ele pode causar em nosso corpo.
O stress faz com que o organismo libere vários tipos de hormônios diferentes e se prepare psicológica e fisicamente para lidar com o seu desafio, como uma forma de aumentar a probabilidade de sobrevivência.
No entanto, a depender da natureza e duração dos estímulos estressantes, estas mudanças deixam de ser algo positivo para se tornarem prejudiciais ao próprio corpo, levando a diversas doenças e patologias. No campo da psiquiatria, a ansiedade e depressão são os distúrbios mais comuns associados ao stress. Mas as emoções e a resposta ao stress podem afetar o funcionamento do organismo muito mais profundamente, tanto quando sofrendo de quadros agudos (níveis altos) quanto crônicos (níveis baixos, mas constantes) de stress.
Mais especificamente os estudos da área da psiconeuroimunologia demonstram que os desafios psicológicos que levam ao stress podem alterar diversos aspectos físicos do organismo, especificamente quando falamos da resposta imunológica. Os hormônios liberados nesta situação pioram quadros de doenças infecto-contagiosas virais e bacterianas, diminuem a taxa de cicatrização de feridas e levam ao agravo e desenvolvimento de doenças autoimunes – que são desregulações do sistema imunológico.
Por isso, o stress pode ser diretamente relacionado a uma maior susceptibilidade à infecção por doenças contagiosas, um problema especialmente grave no contexto atual de pandemia. Estes efeitos negativos podem levar, ainda, a disfunções cardiovasculares e infecciosas, câncer, diabetes, osteoporose, perda de massa muscular, esclerose múltipla, e resultados fatais em casos inflamatórios agudos, entre outras.
Como evitar estes efeitos negativos e ser mais saudável?
Os fatores psicológicos, emocionais e sociais são os que possuem maior influência nos níveis de stress. Para evitar os problemas que ele pode gerar na saúde, é importante dar atenção aos seus processos individuais. Como anda o seu humor e a sua vida social? Você tem conseguido lidar com os desafios do dia a dia com tranquilidade?
Além disso, hábitos saudáveis como o exercício físico regular e a alimentação balanceada impactam profundamente nos processos de saúde psicológica e no humor, sendo muito relevantes para combater o stress e a ansiedade.
Ainda, existem alguns hormônios, vitaminas e nutrientes no corpo que, quando alterados, podem também predispor à alterações como ansiedade e depressão, podendo então estas condições serem beneficiadas com um tratamento médico adequado e personalizado!
Drª. Sofia Bittencourt
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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