É comemorado nesta quarta-feira, dia 27 de novembro, o Dia Nacional de
Combate ao Câncer, uma iniciativa da Portaria do Ministério da Saúde de
dezembro de 1988, e o objetivo da data é conscientizar a população brasileira
sobre a doença com foco na prevenção. Segundo estimativas do INCA (Instituto
Nacional de Câncer), em relatório bienal publicado em 2018, a média de casos de
câncer no Brasil varia em torno de 600 mil vítimas anuais, tanto em homens
quanto em mulheres, de todos os tipos da doença.
Hoje, felizmente, a tecnologia vem atuando com muito mais intensidade na
área da medicina, desenvolvendo formas de tratamento, prevenção e, o mais
difícil, a cura. Extinguir de vez a doença no organismo humano é um grande
desafio, visto que existe uma vasta variedade de tipos de câncer, além do fato
de que pessoas reagem de forma diferente aos mesmos tipos da doença.
Nos últimos anos, a tecnologia tem contribuído para ajudar o sistema
imunológico do paciente na identificação e ataque aos tumores, o que é chamado
de imuno-oncologia, e com mais investimento e incentivo, isso pode ser um
grande passo para a descoberta da cura. Como nota o site Labiotech, existem
quatro formas de tratamento que estão sendo estudadas atualmente. Entenda como
funciona cada uma dessas soluções:
Vacinas que guiam o sistema
imunológico
Como o câncer é causado devido às mutações genéticas que transformam as
células saudáveis em células de tumor, essas mudanças são o alvo principal dos
cientistas. No entanto, um grande obstáculo que acaba surgindo é que cada tumor
é individual. Sean Marret, que atua como CBO e CCO da empresa de
imuno-oncologia BioNTech, da Alemanha, diz que as mutações são aleatórias.
"Se você olhar para o tumor de um paciente e comparar com o de outro, será
altamente improvável que haja uma combinação", diz o especialista.
Imagem: Reprodução/Labiotech
Sendo assim, cada paciente
precisará de um produto personalizado exclusivamente para o seu caso. Os
cientistas conseguem fazer a comparação de variadas mutações de câncer traçando
paralelos comparativos de sequências de DNA — tanto de células saudáveis
como de tumores, selecionando então as que são mais prováveis a provocar uma
intensa reação do sistema imunológico, ou seja, as vacinas, então, fazem com
que o tumor seja atacado.
Esse tipo de tecnologia sai muito mais em conta em relação às
atuais usadas para combater o câncer, como a terapia celular. De acordo com a
BioNTech, que vem desenvolvendo essas vacinas ao lado da empresa Genentech, os
primeiros ensaios clínicos vêm sendo bem-sucedidos e a meta é que a novidade
comece a ser disponibilizada no início dos anos 2020.
Este tipo de tratamento, no
entanto, pode não ser útil para alguns tipos de mutação, como câncer de ovário
ou próstata, sendo mais indicado para câncer de pulmão ou intestino.
Guiando o ataque das células imunológicas
Aconteceu, no ano passado,
a primeira aprovação para uma terapia de células para o tratamento do câncer,
chamada CAR-T. O esse tratamento faz é coletar células T (linfócitos) do
sistema imunológico, criando formas de transformar as células do câncer em
alvos.
Imagem: Reprodução/Fotolia
O objetivo dessas pesquisas
é desenvolver tratamentos que sejam precisos e capazes de acabar com a doença
sem prejudicar tecidos saudáveis, focando na qualidade de vida do paciente. Em
tratamentos recentes, os ensaios clínicos do CAR-T mostram resultados
impressionantes em pacientes que já não viam saída, mas também já mostraram
efeitos colaterais severos, então ainda há muito a ser aprimorado.
Por enquanto, essa medida só pode ser usada no tratamento de
algumas formas raras de câncer no sangue, com cientistas descobrindo maneiras
de alcançar pacientes com outras vertentes da doença.
Entre os pesquisadores que estão focando nisso está a Celyad,
que vem trabalhando para que até 80% das células cancerígenas sejam alvo
tratamento, beneficiando não só câncer sanguíneo, como também tumores. As
pesquisas, no entanto, ainda estão em estágios iniciais, então somente daqui a
alguns anos essa terapia poderá estar disponível.
Deixar a tecnologia atual ainda mais precisa
Na China e nos Estados Unidos, cientistas estão fazendo a edição
de genomas CRISPR/Cas9, um método de manipulação genética que impede que as
células de tumor invadam o sistema imunológico e retardam a evolução do câncer.
A terapia CAR-T, que já é
usada para combater o câncer, ainda pode receber a ajuda da tecnologia CRISPR.
Sam Kulkarni, CEO da companhia CRIPSPR Therapeutics, da Suíça, acredita que a
iniciativa é capaz de, com rapidez e eficiência, fazer com que a CRISPR/Cas9
acelere a criação de terapias de células CAR-T, se tornando então um método
muito mais vantajoso do que a forma em que o tratamento é feito hoje. A empresa
suíça, inclusive, é a primeira a conduzir testes humanos na Europa, tratando um
tipo de distúrbio genético sanguíneo.
Imagem: Reprodução/Meletios Verras
Contando com a ajuda de microbiomas
Outra solução encontrada pelos cientistas é aproveitar os
microorganismos que já existem em nosso corpo para o tratamento do câncer. Como
explica Christophe Bonny, CSO da Enterome, empresa francesa de microbioma,
"elementos do microbioma desempenham um papel na supressão de um sistema
imunológico hiperativo em doenças inflamatórias, e também no fortalecimento de
um sistema imunológico reprimido em tumores".
O que isso significa? O cientista explica que as células de
tumor são invisíveis para o sistema imunológico, mas que com os microbionas
eles podem se tornar visíveis. A Enterome criou uma vacina contra o câncer com
base nessas moléculas que imitam o tumor, basicamente reativando o sistema
imunológico para receber terapias contra a doença.
O futuro desse projeto, no entanto, ainda vai levar um bom tempo
para chegar ao mercado, pois os testes com humanos ainda não aconteceram,
apesar do sucesso em estudos pré-clínicos.
Fonte: Canaltech
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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