sexta-feira, 7 de abril de 2017

Efeitos do tratamento contra o câncer de mama são classificados como graves ou gravíssimos

45% das pacientes relatam grande sofrimento com as dificuldades colaterais do tratamento, indica estudo norte-americano. Estudo apontou sete efeitos colaterais comuns: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, dor, inchaço do braço, falta de ar e irritação da pele do peito. Especialistas dão orientações para tornar essa etapa menos traumática.



Os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer de mama são recorrentes e marcantes. É o que mostra um estudo conduzido na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com1.945 voluntárias. Quase metade delas contou ter sofrido reações graves ou gravíssimas em decorrência da terapia, como falta de ar e náuseas. Autor do estudo, Steven Katz ressalta que, apesar de se saber da agressividade desse tipo de intervenção, ainda não havia muito conhecimento a respeito da sexperiências vividas por pessoas submetidas a ela. “O estudo proporcionou um cenário muito mais claro a respeito do grau e do tipo de toxicidades que as mulheres sofrem”, avalia. O investigador e médicos ouvidos pela reportagem ressaltam, porém, que há medidas para tornar esse processo menos árduo.

A equipe liderada por Katz trabalhou com oito efeitos colaterais comuns: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, dor, inchaço do braço, falta de ar e irritação da pele do peito. No geral, 93% das mulheres avaliadas afirmaram ter experienciado pelo menos um deles, sendo que 45% delas classificaram a condição como grave ou gravíssima. As participantes tinham sido diagnosticadas com câncer de mama invasivo em estágio inicial havia pelo menos sete meses e responderam ao questionário dois meses depois de ser submetidas ao tratamento: procedimento cirúrgico, quimioterapia e/ou radioterapia.


Depois de analisar o questionário com a frequência e a severidade dos efeitos colaterais causados pela abordagem médica, os investigadores relacionaram as respostas com a saúde física e a frequência do atendimento médico das pacientes. Consideram também as condições do tumor e os fatores do tratamento associados com os efeitos colaterais tachados como severo s e muito severos. Essa segunda etapa do trabalho, publicado recentemente na revista Câncer, permitiu resultados mais detalhados sobre o efeito de cada tratamento na rotina das mulheres.


Por exemplo, um terço das que não receberam quimioterapia experimentou efeitos colaterais graves. As submetidas a dois tipos de tratamento (quimioterapia e radioterapia) estavam 30% mais suscetíveis a reportar efeitos colaterais sérios, em comparação às que enfrentaram apenas um dos procedimentos. As pacientes submetidas à mastectomia dupla foram classificadas duas vezes mais suscetíveis a relatar dor severa ou muito severa, comparadas às que tiveram remoção cirúrgica de uma pequena parte da mama.

Segundo Katz, boa parte dos efeitos colaterais desse tratamento é normalmente identificada por testes clínicos e/ou avaliação de especialistas. Existem poucas informações que avaliam os efeitos colaterais dos tratamentos de câncer de mama pela visão da paciente. Por isso, o também professor de medicina e de gestão de saúde na universidade norte americana ressalta a importância de as mulheres diagnosticadas com a doença entenderem melhor sobre efeitos colaterais para conseguir evitá-los ou não ficar muito afetadas pelo surgimento deles.

Quanto à prevenção, o pesquisador diz que a mulher precisa se certificar de que está recebendo apenas a  quantidade de tratamento  necessária. “Médicos nos Estados Unidos estão ficando atentos ao potencial de tratamento excessivo: como cirurgia mais extensa do que é necessário e o uso de quimioterapia quando o benefício é quase nulo”, afirma.

Daniele Assad, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio- Libanês, unidade de Brasília, também chama a atenção para a importância de abordar os impactos dos efeitos colaterais, a fim de que sejam tomadas medidas que possam reduzir as toxicidades. “Quanto mais ciente dos efeitos colaterais, maior a adesão ao tratamento e maiores as possibilidades de se tomarem ações preventivas. Por exemplo, se sabemos que a radioterapia pode levar à irritação da pele da mama, uma atitude de prevenção é a não exposição ao sol, andar com a pele protegida. Dessa forma, evita-se piorar a irritação da pele”, ilustra.

LONGO PRAZO Katz também chama a atenção para as consequências a longo prazo dos efeitos colaterais da terapia. A fadiga geralmente faz com que as pacientes deixem de trabalhar enquanto batalham contra o câncer. E as complicações seguintes podem tirá-las do mercado de trabalho. “É importante minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos. A comunicação eficaz paciente/médico é essencial”, defende.

Nesse sentido, para prevenir a deterioração física e mental da paciente é aconselhável o acompanhamento psicológico. O diagnóstico e o tratamento envolvem muitas mudanças. Com isso, a ansiedade, o estresse e a depressão, que podem surgir nesse processo, podem piorar a qualidade de vida e intensificar os efeitos colaterais relacionados aos procedimentos de cura.

Patrícia Werlang Schorn, oncologista e coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, chama a atenção para uma abordagem ainda mais completa. Segundo ela, os acompanhamentos psicológico, fisioterápico e nutricional são importantíssimos para a condução do paciente com câncer de mama. “Há a necessidade de apoio em um momento em que o medo da morte e do sofrimento são reais. O alívio da ansiedade e do medo torna mais fácil a condução e a aceitação da doença e do tratamento.”

Fonte: UAI Saúde.

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