sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Não à solidão




Os sentimentos que surgem frente ao adoecimento podem causar um grande estresse. Saiba que você não está só. Os grupos de apoio podem ajudar muito, não só você, mas também seus familiares.
Passado o impacto inicial da notícia de um diagnóstico de câncer de mama, é fundamental que a paciente saiba que não está só, que há muitas fontes de ajuda para tratar uma ferida que não é apenas física, mas também psicológica, para então se juntar a um grupo cada vez mais numeroso de mulheres que venceu essa guerra: o das vitoriosas. É importante ressaltar que essa vitória é resultado de várias ações conjuntas, e o seu emocional deve ser cuidado tanto quanto o seu físico.
Cada vez mais a medicina vê como necessário o acompanhamento psicológico dos pacientes em tratamento. Com o câncer de mama não é diferente. Em grande parte dos hospitais, existe hoje a orientação de profissionais especializados que podem oferecer esse suporte à paciente e à família, e há também os grupos de apoio.
Para Leoni Margarida Simm, que, além de paciente, é a presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer – Amucc, de Florianópolis, Santa Catarina, o apoio psicológico é fundamental para dar suporte à mulher que recebe um diagnóstico de câncer e deve ser estendido ao longo do tratamento. “O impacto que essa doença gera sobre a pessoa provoca um estresse tanto físico como psicológico, o que vai afetar seu sistema imunológico”, explica Leoni. “É importante que a pessoa se sinta apta e serena para enfrentar um tratamento que, pela sua natureza, é bastante agressivo e assustador.”
Sônia Cavour, coordenadora da Unamama, concorda. “A notícia é sempre impactante, a possibilidade de risco de vida ameaçada tira o ser humano do equilíbrio, tornando o atendimento psicológico uma necessidade”, explica.

Eterno aprendizado

Quando estamos vivenciando um problema que ainda nos é estranho, a melhor saída é conversar com quem está passando ou já passou por aquilo. É isso que ocorre quando você participa de um grupo de apoio. Além de ser acolhida por profissionais da área, é recebida por pessoas que estão na mesma situação, pode aprender com elas e também ensiná-las.
No Grupo de Apoio e Autoajuda para Pacientes de Câncer, o Gaapac, de Recife, em ação há 17 anos, primeiramente é realizada uma entrevista para que eles saibam mais sobre você e conheçam o estágio da doença. Nessa conversa inicial, são expostas as regras de convivência do grupo. “Isso é muito importante porque o que se fala aqui são intimidades, coisas pessoais, fala-se sobre a vida”, explica a advogada Maria Regina de Melo. “É necessário certo sigilo e ética para tratar com elas”, explica.
Quando chega ao grupo, os pacientes participam de reuniões semanais de compartilhamento e são convidados a deixarem a vida lá fora, para conviverem com eles mesmos. “Depois da introspecção, sugerimos que falem de seus medos, suas dores e dúvidas”, explica a advogada. “São vários estágios e, passo a passo, eles têm ideia da caminhada dali para frente”, diz Maria Regina.
“O ser humano não é só o físico, é também o espírito e o emocional”, fala a enfermeira Madalena Andrade, diretora de pacientes do Gaapac. “E é a busca desse equilíbrio entre o físico e o emocional que almejamos no grupo”, esclarece. “Estou há 17 anos no Gaapac, cheguei como paciente de um câncer de ovário, e até hoje aprendo, aprendo e aprendo”, relata.

Participação essencial

Outro ponto fundamental nos grupos de apoio é a participação dos companheiros e da família, que podem aprender a lidar com a nova situação e até mesmo a se comunicar. “Às vezes o familiar não tem condições de ouvir o que o paciente quer dizer”, explica Nilse Balta, assistente social, vice-diretora de pacientes do Gaapac. “É uma pessoa sua, alguém que você ama, tem medo de perder e não quer nem que o paciente fale sobre aquilo que está acontecendo com ele.”
Aliete Calado, diretora-secretária do Gaapac, reitera. “A família, no gostar, no proteger, pode dizer: ‘não vamos falar sobre isso, você vai ficar boa’, e isso tira o foco da paciente que, na verdade, queria dividir, falar, chorar junto.” Portanto, o medo da perda pode atrapalhar essa relação, por isso a participação nos grupos de apoio deve ser estendida também à família. Sônia Cavour, da Unamama, concorda. “Compartilhar alegrias é sempre saudável. No caso das tristezas, torna-se essencial dividi-las para que o sentimento de ‘estar sozinho’ se dilua no grupo que vive o mesmo momento da vida”, esclarece a coordenadora.
Então, não se intimide! Busque o apoio necessário e convide seu companheiro, seus familiares e amigos próximos a participarem com você do grupo de apoio. Isso não é vergonha para ninguém e pode ajudá-la muito a percorrer o caminho do tratamento até a cura, além, é claro, de melhorar a sua qualidade de vida.
E fica um recado de Madalena Andrade, do Gaapac, para todas as mulheres: “para as que não tiveram câncer, cuidem-se para não adoecerem. Para as que tiveram ou têm, lembre-se que câncer não é vacina, ele não imuniza, portanto, cuide de você, da sua qualidade de vida e viva cada momento do seu dia de hoje”.
Fonte: Mulher Consciente.


As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.


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