quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Vírus Zika pode ser a chave para tratamento do cancro pediátrico


Uma equipa de investigadores da Universidade da Flórida e do Hospital Pediátrico Nemours, nos Estados Unidos, tem trabalhado em busca de novos tratamentos para pacientes com cancro. 

De que forma? Recorrendo a um aliado pouco provável, o vírus Zika.

"Este vírus pode ser vir a muito útil para tratar o cancro infantil. Apesar de ser demasiado precoce afirmarmos isto, este é o caminho que estamos a seguir”, disseram os investigadores.

O caminho de que falam oferece um raio de esperança às cerca de 800 crianças que são diagnosticadas, por ano, com neuroblastoma nos Estados Unidos, e a muitas mais espalhadas pelo mundo. A doença é responsável por 6% de todos os cancros infantis no país, e afeta principalmente crianças com menos de 5 anos, de acordo com a American Cancer Society.

"Isto é muito significativo porque o neuroblastoma de alto risco pode ser muito resistente ao tratamento que temos hoje". 

Na maioria dos casos, as crianças que têm neuroblastoma não respondem bem aos tratamentos padrão atuais de quimioterapia e radiação agressivas, o que resulta num alto número de mortes. É por isso que há necessidade de identificar novas terapias para casos de alto risco.

"O que estamos a tentar fazer é a pensar fora da caixa e no que podemos fazer para reduzir as complicações atuais, bem como os efeitos a longo prazo", disseram os cientistas.

Mas como é que um vírus que afeta mulheres grávidas e bebés em gestação pode ajudar estes investigadores? No estudo, os cientistas colocaram o vírus em algumas células com o cancro e mediram o impacto desta ação. Dez dias após a infeção, os especialistas descobriram que o vírus Zika atacou a maioria das células nervosas desenvolvidas pelo neuroblastoma, mas deixou as células normais intatas.

"A grande mensagem deste estudo é que podemos, e devemos, ter esperança e acreditar na ciência básica porque muitos dos ensaios clínicos e terapias atuais começaram como simples ideias em laboratórios de ciências básicas", disseram os investigadores sobre o pequeno, mas grande passo, que foi esta investigação que, provavelmente, será muito útil para pesquisas futuras.

As descobertas foram publicadas na Public Library of Science.


Fonte: Pipop


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