As informações e sugestões contidas neste site são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
Simone Prazeres Cruz - Câncer de Mama
Bendito câncer!
Por incrível que pareça, as vezes, o câncer vem para nos
frear, nos mostrar que a vida é muito mais que trabalho, correria, falta
de tempo para nós, e para os que convivem conosco...
O câncer surgiu na minha vida de uma forma incidental.
Fiz
uma cirurgia estética para redução da mama em maio de 2015. A
princípio, resultado fantástico, recuperação perfeita e para minha
surpresa um mês após procedimento cirúrgico o resultado da biópsia:
"carcinoma maligno na mama esquerda, no tamanho de 1,5 cm".
Assustei
quando vi o resultado, liguei logo para um amigo que é mastologista,
verificou meu exame e pediu que eu marcasse uma consulta.
Fiquei ansiosa, procurando informações no "google", que só colocavam
mais "caramiolas" na minha cabeça, mas tentei me manter calma.
Quando fui à consulta foi confirmado o diagnóstico, daí então começaram
mil exames até ter certeza que era um câncer de mama, ainda em estágio
inicial, e que para minha sorte (ou melhor "não foi sorte, foi Deus!" -
fiz uma tatuagem com essa frase por sinal) o cirurgião plástico retirou
todo tumor com margem livre, sem ter visualizado nada diferente no
momento da cirurgia plástica.
Enfim, depois de mil exames e com o imuno-histoquímico em mãos, meu
tratamento foi quimioterapia e em seguida radioterapia, até por uma
questão de prevenção, afinal meu caso é atípico (normalmente as pessoas
descobrem o tumor, depois fazem a cirurgia).
Por incrível que pareça, descobri que o câncer
não é tão assustador assim quando: estamos munidos de muita informação
(isso inclui equipe médica de onde nos tratamos, sites confiáveis,
pacientes que já vivenciaram a doença, etc..); temos uma equipe médica e
tratamentos bons e de confiança; quando estamos rodeados de familiares e
amigos para nos apoiar; quando temos fé (independente da religião)
porque o pensamento positivo faz toda diferença.
Hoje
em dia, voltei a minha rotina normal de trabalho, atividade física e
ajudo quando posso pacientes da clínica que me tratei contando um pouco
da minha experiência e mostrando a eles que podemos ter uma vida normal,
mesmo com limitações durante o tratamento.
Além disso, criei uma conta no instagran
@peitoabertoba que conto um pouco da minha experiência, compartilho
informações e faço campanhas para ajudar algumas instituições que
abrigam pacientes com câncer, que vêm do interior do Estado, se tratar
em Salvador.
A grande lição disso tudo é ter a certeza que não
estamos sozinhos nessa jornada. Graças a Deus têm muita gente seria,
como vocês do Oncoguia que estão sempre dispostos a compartilhar
informações e ajudar a todos que precisam de uma mão amiga nesse
momento.
Pois, além de nós pacientes, os familiares e amigos também precisam de
ajudar para aprender a lidar com esse mundo "novo", muitas vezes para
alguns.
Só me resta agradecer a toda equipe por toda informação, mensagem de apoio e ajuda que me deram durante o tratamento.
Gratidão a todos vocês por esse excelente trabalho.
Simone Prazeres
Elisabeth Kirchner - Câncer de Mama Avançado
Minha opção é viver, e bem, até quando Deus quiser e não o câncer.
No dia 04 de novembro de 2013, fui à Casa da Mama do Hospital São
Paulo para receber o resultado de dois exames que havia feito: punção e
biópsia. Fui recebida pela médica que com todo cuidado possível disse-me
que tinha uma má notícia. Sorri para ela e respondi: "já deu a notícia
doutora, agora vamos aos próximos passos". Lógico que se fui lá para
saber resultado de biópsia e ela tinha má notícia, só poderia ser uma...
Imediatamente fui tomada por uma onda de
gratidão, de felicidade, de consciência de que tudo estava correto e no
seu devido lugar. De onde veio isso? Não sei, não sou maluca não,
acredito eu, mas tenho uma filha jovem, linda e muito saudável, dois
filhos casados e duas norinhas muito queridas com as crianças bem
pequenas, meus adorados netos Lucas (4), Bruno (3), Leonardo (2) e Max
(1). E foi exatamente essa cena maravilhosa dos meus filhos, noras e
netos que se fez presente naquele momento.
Senti
como era pouco o que acontecia comigo, comparando a felicidade de
sabê-los bem. Daí para frente, tudo foi compatível com o que eu queria
que fosse. Trato-me pelo SUS e sou muito bem tratada. Quando algo não
está de acordo, resolvo sem barraco, mas com energia. Sou cliente fiel
da Ouvidoria do Perola Byington. Não sou só reclamante como devem estar
pensando, levo elogios, boas atitudes que presencio e até alguns nomes
de profissionais especiais.
Nego-me a sentir ou
deixar que sintam pena de mim. Decidi colocar em prática o que acredito,
minha cabeça governa meu corpo e ele costuma ser bem obediente. Também
faço valer a afirmação que energia gera energia, reforçada
principalmente depois de haver conhecido a sra. Elfriede Galera, a Fri,
que tornou mais forte essa constatação.
Bem, na
época eu fazia tratamento dentário para implantar dentes, todos. Meu
caso era urgente e as quimios deveriam começar. Pedi ao dentista que
tirasse todos os dentes, pois era o mais rápido a ser feito, e fizesse
próteses provisórias para que depois de passado tudo, eu pudesse fazer
as definitivas. Ainda estou com as provisórias, rs...
Fiz
as quimios brancas, vermelhas e o que assustou-me não foram as quimios,
mas a tonelada de remédios que recebi contra alguns sintomas que
poderia ter. Assustei-me à toa, não tive enjôo, nem aftas, nem alergias,
nem nada.
Como disse anteriormente, coloquei em
prática: minha cabeça comanda meu corpo. O oncologista orientou-me a não
ingerir alimentos ácidos, pois a acidez poderia provocar alguns
sintomas desagradáveis como feridas na boca, no estômago e assim por
diante. Sou muito fiel ao tratamento e ao médico que me orientava, mas
aprendi a conhecer meu organismo.
Durante a
quimio, o meu paladar era totalmente para alimentos ácidos como abacaxi,
tomar limonada, laranja, pêra e assim por diante. A água de coco é que
me enjoava, carne nem pensar e chá de camomila, melhor eu nem falar...
Foi aí que comecei minha pesquisa pessoal - pessoal sim, porque podemos
ter o tumor do mesmo nome, com características iguais e isso não quer
dizer que os sintomas sejam os mesmos; se não comesse o abacaxi, tomasse
limonada, não saberia o que iria acontecer.
Então, resolvi fazer minha dieta pessoal, experimentando devagar o que eu acreditava ser adequado para mim. Deu certo!
Só
uma coisa irritava-me bastante na quimio, era ver as pessoas só focando
no cabelo que vai cair. Ele cai, mas nasce novamente. Pra que tanta
neura? Com certeza não fiquei uma gracinha careca, mas não ter que fazer
depilação, sentir tudo lisinho e limpinho, não ter que lavar os cabelos
dia sim, dia não, foi "uau”. Não usei lenços, perucas ou qualquer outro
artifício, pois adoro estar a vontade e o que gosto em mim, não tem
nada a ver com o físico. Diga-se de passagem, que nunca fui vaidosa e
não iria começar agora, né?
No dia 23 de outubro
de 2014 fui operada no Pérola. Tirei a mama esquerda e fiz esvaziamento
axilar. Que alívio! Eu não precisava trocar gaze toda hora e o local
estava sempre limpinho. Meu tumor andou até o bico do seio e só fazia
sujeira. Saí do Hospital no dia 24. Como disse não sou vaidosa, nem
muito exigente, mas quando se trata de higiene, aí sim, sou neurótica,
cuidei-me tão bem, que tudo ficou perfeito. Não tive nada que pudesse
chamar de problema.
Em fevereiro de 2015, comecei
as radios. Também não posso reclamar porque eu iria fazer na Santa
Casa, mas a médica que atendeu-me encaminhou-me para o Cepro, na Rua
Pamplona. Foi muito bom, porque fiz as radios à noite e não tive que
desmarcar nada que já estava agendado.
Pensamentos
positivos sempre atraem as melhores soluções. Acabadas as radios,
começaram os exames de rotina. Minha competente e muito querida
mastologista, depois de ver meus exames, disse que tinha uns pontinhos
no pulmão, mas que eu não deveria me preocupar porque eram bem pequenos,
ela já havia visto antes, mas não estava preocupada porque não havia
crescido quase nada. Deu-me o encaminhamento para o oncologista e
pediu-me que marcasse por via das dúvidas. Assim o fiz e estou com
metástase no pulmão.
Acho que devem estar se
perguntando: "essa mulherzinha não teve nada? Impossível!" Pois é, tive
sim algumas coisinhas... Meu paladar, ainda vai voltar, mas no momento,
quando como algo que gosto muito, fecho os olhos e apelo para a memória,
recordando o sabor. É certo porque lembro de um sabor muito bom.
Também
sinto muito mais sono do que antes, bem feito pra mim, que sempre
censurei quem dormia de dia. Achava que era perder horas da vida, agora
acho uma delícia, aquele soninho de uma hora depois do almoço, que os
medicamentos me proporcionam. Na prática, aprendi que quando se cospe
pra cima, cai na cara.
Agora faço quimio
semanalmente. Em vez de ficar caída, fico elétrica e aproveito para
gastar com cuidado essa energia, porque três dias depois fico
excessivamente cansada. Acho que aprendi a dosar. Quando se fica atenta,
com certeza vai se administrando muito bem tudo que precisa.
As vezes, precisa-se trocar idéias com alguém que saiba do que estamos falando.
Vou
parar por aqui, embora ainda tenha muito a falar, mas vou deixar um
pouco para outro dia. Só uma curiosidade para ilustrar porque minha fé é
inquebrantável, há uns dois meses entraram ladrões na minha casa;
sentiram-se tão a vontade, que acenderam as luzes da casa toda,
conversaram normalmente, mas não entraram no meu quarto onde eu dormia,
pois era mais ou menos 1h30;a porta estava semi-aberta.
Tenho
certeza que foi algo do Divino, meu Anjo da Guarda é presente como
poucos. Deitada, pensei: "Beth, que bom você ser como é, imagine se
estivesse preocupada, aborrecida, infeliz por causa do câncer e os caras
entrassem aqui e matassem você!" O câncer não teria nada a ver e quanto
tempo você teria perdido pensando nele, não é verdade? Reflitam um
pouquinho sobre isso..
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