domingo, 6 de janeiro de 2019

Rejane Tramontina: "Por que não eu? Pode acontecer com qualquer um"


Empresária transforma luta contra a doença em inspiração nas redes sociais

Foto: Lucas Amorelli / Agencia RBS

Especialistas afirmam que o momento do diagnóstico do câncer costuma ser o mais doloroso e temido. É compreensível: a doença chega sem avisar, coloca em cheque sonhos e planos e desenha o imprevisível.

Com pacientes com tumores de mama, o que mais mata mulheres no Rio Grande do Sul, não é diferente. Pesquisas confirmam, porém, que pacientes otimistas, em geral, têm resultados mais positivos no tratamento oncológico. E há quem ensine como enfrentar esses medos de peito aberto. É o caso de Rejane Tramontina, 60 anos, integrante da  família que comanda a principal fabricante de artigos de cutelaria e equipamentos para o lar do país. 
Rejane compartilha sua luta nas redes sociais, e em troca de expor sua rotina aos seguidores, tem recebido doses de carinho suficientes para driblar qualquer efeito colateral.
— Quando contei à família, escutei da minha irmã, muito triste: "por que você, Nane? Você não merecia". Ouvi isso de tantos amigos, tantas pessoas que me ligavam chorando. Para elas, eu respondia sempre: "E por que não eu? Isso pode acontecer com qualquer um de nós" — ensina Rejane.
Ao apalpar a pele abaixo do braço, entre as costas e o seio direito, ela sentiu um nódulo insistente. A primeiro ecografia trouxe resultados surpreendentes: o caroço que  que ela sentia ao apalpar, no lado direito, era um pequeno cisto de gordura. O tumor cancerígeno, na verdade, foi descoberto por acaso, no seio esquerdo. A forma e o tamanho do nódulo, de quase três centímetros, indicaram a gravidade logo de cara. O diagnóstico chegou em maio, mesmo mês que ela fez a cirurgia para retirada do câncer, sem precisar danificar o tecido mamário. 
A necessidade de se submeter às sessões de quimio e radioterapia foi atestada pelos médicos. Os especialistas recomendaram que Rejane recorresse a exames modernos para identificar potencial genético e medir a capacidade do câncer voltar ao seu corpo — alguns destes exames já são, obrigatoriamente, pagos por planos de saúde. 
Como a taxa de reincidência foi considerada alta, Rejane está indo ao hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, para as quimioterapias. Já encerrou o ciclo vermelho, considerado o mais agressivo, e se prepara para o próximo ciclo, desta vez, branco. A empresária sequer recorre a lenços para disfarçar a queda de cabelos, efeito colateral que costuma derrubar também a autoestima feminina. 
A cena que Rejane corta o cabelo, inclusive, está disponível em sua rede social, com milhares de visualizações. Junto do marido, Ildo, e da filha, Bruna, no vídeo, Rejane lembra que a queda de cabelos é, de longe, o menor dos problemas para quem teme a doença.
— Minha filha publicou o vídeo em que estou cortando o cabelo e, quando percebi, veio uma enxurrada de mensagens. Eu não entendia de onde vinha tanta ligação, tanto carinho. Espero que, assim, consiga encorajar mais mulheres. Ter fé em Deus e na vida é tudo que precisamos. Não podemos desistir — afirma.
"Não dê conselhos, escute"
Acompanhamento psicológico é fundamental para quem recebe o diagnóstico de câncer. Desde que a suspeita da doença chega ao conhecimento da paciente até a chegada do exame que pode confirmar o câncer e sua gravidade, é  importante que a pessoa possa externar o que sente a quem está próximo. Medos são comuns e a sensação pode ser atenuada se, além da família, psicólogos e demais profissionais estiverem presentes nesta etapa inicial.
— O relato do diagnóstico é, basicamente, de muito medo. Medo de morrer, medo dos tratamentos, dos efeitos colaterais, das cirurgias. É importante que o paciente possa falar e resignificar o que está vivendo. Há casos em que acontece negação. Assim, o fundamental é saber ouvir o paciente — ensina a psicóloga clínica do Hospital Geral (HG), Andréia Toscan.
No setor de oncologia do HG, por exemplo, todo paciente diagnosticado recebe avaliação inicial. O acompanhamento é estendido também aos familiares, importante peça para que o paciente saiba lidar com a notícia. Afinal, a família costuma sentir os mesmos medos de quem está enfrentando a doença.
— Respeitar o momento de cada um e ter a sensibilidade de perceber se esta pessoa está disposta a falar é o conselho ideal para o início da caminhada. Cada um lida de uma maneira: tem quem não gosta sequer de sair para não ter que explicar o que aconteceu. Escutar faz bem, e às vezes, é melhor que dar certos conselhos que podem ficar mais dolorosos — afirma a psicóloga. 
Todos os pacientes que passam por tratamento no HG têm direito ao serviço.
>> Verdades que parecem mitos
Por ser uma doença de alta incidência, há muitas informações desencontradas sobre o câncer de  mama que podem dificultar o diagnóstico. Veja as sugestões do oncologista Marcelo Cruz, do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL):
# Obesidade e sedentarismo aumentam as chances de ter a doença
O excesso de peso, principalmente após a menopausa, faz com que o tecido gorduroso que se acumula no corpo produza estrogênio e aumente as chances da doença. A falta de uma rotina saudável, sem prática de exercícios, também pode dar brechas para o desenvolvimento do tumor. Além disso, consumir bebidas alcoólicas, mesmo que em pequenas quantidades, pode agravar as chances de ter.
# O autoexame deve ser feito após o período menstrual
Durante a menstruação, as mamas ficam mais enrijecidas e doloridas, dificultando a identificação de eventuais lesões. Por isso, o autoexame precisa ser feito a partir dos 20 anos de idade, de seis a sete dias após o início do período menstrual, quando a mama está menos sensível e mais flácida.
# Não é preciso ter histórico familiar para desenvolver o câncer de mama
Mais de 90% dos casos de câncer de mama não tem relação com história familiar. Apenas o fato de ser mulher faz com que a chance de desenvolver o tumor seja de 12%, independente de ter casos na família. A estimativa é de que uma em cada oito brasileiras de até 70 anos terão a condição.
# Amamentar protege a mulher do câncer de mama
Quanto menos a mulher for exposta à variações hormonais que ocorrem durante o ciclo mestrual, menores são as chances de ter a doença. Mulheres gestantes e  que amamentam seu filho, terão os ciclos interrompidos por longos períodos. Quanto maior o período de amamentação e o de número de filhos até 35 anos, maior é a prevenção. Além disso, quando o bebê mama, as células mamárias ficam ocupadas com a produção de leite e se multiplicam menos, o que reduz o risco de contrair a doença.
# Gravidez antes dos 30 anos previne câncer de mama
A gravidez previne o câncer de mama se ocorre antes dos 30 anos. Quanto menos a mulher menstruar menor é a chance de ter o câncer de mama. Ter filhos até esta idade e amamentar podem ajudar na prevenção.
# Mulheres em tratamento contra o câncer de mama não podem amamentarEmbora as células cancerosas não possam passar para o bebê através do leite materno, os médicos aconselham às mulheres que iniciam o tratamento com isótopos radioativos ou com quimioterapia parem de amamentar até que os elementos radioativos ou medicamentos sejam completamente eliminados do seu corpo.
Fonte: Pioneiro

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos 

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