Uma campanha mundial começa a conscientizar a população sobre a importância do reconhecimento dos sintomas, do diagnóstico correto e da urgente busca por tratamento. A intenção é ajudar a melhorar sua qualidade de vida.
“O que não me mata, me fortalece”, dizia o filósofo alemão Nietzsche, no século 19. E durante muito tempo inúmeros médicos pareciam usar esse pensamento como receita para ‘tratar’ pacientes em quadros depressivos. Ou seja, acreditavam que o sofrimento psíquico, o abatimento físico e a melancolia que levavam alguns indivíduos ao fundo do poço eram capazes, por si só, de fazêlos também dar a volta por cima, como se a dor os tornasse mais resistentes. “Certa vez, um professor na faculdade, seguindo essa linha de raciocínio, falou que a depressão não precisava ser tratada. É óbvio que hoje não podemos encarar a doença desta forma. Até porque ela pode levar à morte, sim, seja pelo suicídio ou por contribuir com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e estar ligada à morbidade”, alertou Thomas Schlaepfer, professor de psi quiatria da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, durante simpósio realizado pela Federação Mundial para Saúde Mental (World Federation for Mental Health — WFMH), em paralelo ao 19º Congresso Europeu de Neuropsicofarmacologia, ocorrido em Paris, França, no mês de setembro.
Mas, por incrível que pareça, ainda é possível encontrar pessoas — inclusive vários profissionais de saúde — que da mesma maneira minimizam as dores da depressão.
E isso é motivo de grande preocupação por parte dos especialistas no assunto: o desconhecimento dos sintomas adia o diagnóstico e o tratamento adequado, comprometendo seriamente a qualidade de vida do indivíduo. No evento na capital francesa, inclusive, foi apresentado o estudo Testando os Médicos, encomendado pela WFMH e realizado em cinco países — Alemanha, Brasil, França, México e Reino Unido —, que revelou a dificuldade dos clínicos gerais em reconhecer a doença. Para se ter idéia, 68% não acreditava que dores físicas são sinais do problema. “A falta de conhecimento os impede de receitar o procedimento adequado”, constatou Preston Garrison, presidente da Federação Mundial para Saúde Mental. Segundo ele, é preciso ampliar a rede de informações para médicos e leigos, bem como sensibilizar os órgãos públicos para que haja mais investimento nessa área da saúde. “Às vezes o paciente chega ao consultório do dentista, por exemplo, para tra tar uma disfunção na articulação têmporo-mandibular (ATM). Cer ca de 60% desses casos têm por trás a depressão. Esse dentista deveria ser capaz de colaborar com o diagnóstico da doença”, analisa o psicólogo Adriano Camargo, presidente da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata).
Uma outra pesquisa da WFMH, chamada A Verdade Dolorosa, revela que o indivíduo passa por cinco consultas diferentes e leva cerca de 11 meses para descobrir que está com depressão. Esse estudo internacional, realizado em 2005, concluiu ainda que 72% dos pacientes com depressão não sabiam que dores físicas inexplicadas poderiam ser sintomas da doen ça e por isso não procuraram ajuda adequada mais cedo.
TRÊS GRANDES MITOS
1. Depressão pode ser curada com força de vontade. Não é bem assim, pois se trata de doença orgânica que provoca alteração química cerebral. Isso independe da vontade do indivíduo. Porém o distúrbio pode e deve ser tratado. Daí a necessidade de vencer barreiras, acabar com o estigma e procurar ajuda especializada o quanto antes.
2. Depressão não acomete crianças e jovens. Errado. Pesquisas americanas revelam que uma em cada 33 crianças e um em cada oito adolescentes experimentará um episódio depressivo — e um auxílio médico será necessário. Pais e educadores devem estar atentos.
3. Depressão é normal na velhice. Outro equívoco. Ocorrem muitas perdas na maturidade e elas podem vir acompanhadas de tristeza. Mas tristeza não quer dizer depressão. Tristeza passa, depressão possui existência autônoma.
Fonte: Viva Saúde
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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