Médico oncologista Diocésio Andrade, Diretor Técnico do InORP Oncoclínicas, explica riscos e fala sobre rotina de tratamento
Pacientes oncológicos diagnosticados e em tratamento estão entre as pessoas do grupo de risco para o novo coronavírus. Segundo a Sociedade brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), esses pacientes costumam ter queda na imunidade por conta da doença ou devido ao tratamento que estão sendo submetidos (quimioterapia, radioterapia e uso de corticoides).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a pessoa com câncer é mais propensa a desenvolver sintomas graves caso seja contaminada com a Covid-19. Por isso, e indispensável que o cuidado seja redobrado neste período de pandemia.
Para tirar algumas dúvidas sobre a relação das neoplasias e o novo coronavírus e, também, contar como fica a rotina de tratamento e atendimento desses pacientes, o Portal Revide entrevistou o médico oncologista Diocésio Andrade, Diretor Técnico do InORP Oncoclínicas. Confira:
Pacientes com câncer são considerados de risco para o novo coronavírus. Por que, exatamente, eles se enquadram nesse grupo? Por conta da condição de saúde ou a baixa imunidade causada pelo tratamento?
Na verdade, não sabemos quase nada a respeito dos grupos de risco relacionados ao coronavírus. Sabemos sim, que quanto mais comorbidades um indivíduo tem, mais chance de evoluir mal. Por exemplo, porque uma simples hipertensão arterial parece ser o maior fator de risco para esta doença? Será devido a uma classe de medicamentos chamado iECA? Então o paciente oncológico em vigência de tratamento quimioterápico é um paciente mais imunossuprimido, porém, não sabemos se essa imunossupressão é um fator para adquirir e ter uma pior evolução no contágio com o coronavírus.
Como fica o tratamento desses pacientes com a pandemia? O que mudou com os riscos trazidos pela Covid-19? Há recomendação específicas de autoridades de saúde?
Não há nenhuma orientação sobre a necessidade de modificação do tratamento do paciente oncológico. O câncer é uma urgência médica. Não dá para atrasarmos um tratamento devido uma possível contaminação por uma outra doença. Sempre iremos avaliar o custo x benefício do tratamento em curso, mas garanto que tratamentos com intenção curativa, os chamados tratamentos adjuvantes ou neoadjuvantes na oncologia, estes não têm a menor indicação de mudança no atual cenário.
Existe algum grupo de paciente com câncer que está sujeito a ainda mais complicações dependendo do tipo de câncer? Se sim, quais as razões?
Nos tumores ditos sólidos (câncer de mama, intestino, próstata e etc), não há uma diferença de um grupo de maior risco. Talvez, o grupo de maior risco sejam os pacientes hematológicos, sobretudo os que se submeteram a transplante de medula, pois a imunidade desses pacientes é muito afetada.
No InORP, quais foram as mudanças? O que mudou na rotina de atendimento, tratamento e diagnóstico de pacientes?
Primeiro que o InORP Oncoclínicas é a única clínica de Ribeirão Preto e região que atende seus pacientes em tratamento oncológico em suítes individualizadas. Em todos os outros serviços pode haver parte do atendimento assim, porém a grande maioria acontece em salões conjuntos onde 6-8-10 poltronas ficam lado a lado com a distância pré-determinada. Então no caso do Covid-19, a maior indicação é a diminuição do fluxo e contato entre as pessoas - com isso o InORP Oncoclínicas já dispõe de 8 suítes para atender a sua população. Além disso, diminuímos o número de consultas de seguimento que têm sido realizadas pelos médicos do corpo clínico da instituição via contato telefônico - a chamada telemedicina.
Houve redução em consultas presenciais?
Houve diminuição dos casos em seguimento ou em tratamento de hormonioterapia. Estamos realizando via contato telefônico ou entregando hormonioterapia, para mais de um mês, para o paciente que utiliza deste medicamento, com o objetivo de diminuir a vinda do mesmo até a Clínica. As consultas em tratamento de quimioterapia não foram diminuídas ou canceladas.
Como a tecnologia tem sido aliada nesse período no InORP?
Através das mídias sociais estamos fazendo matérias de orientação para a comunidade e para os nossos pacientes. Além disso, estamos utilizando da telemedicina para atender os pacientes que não necessitam de consultas presenciais.
Quais são os cuidados essenciais para pacientes com câncer e familiares nesse período?
Em primeiro lugar, mantenham contato com o médico assistente.
Não adiem seu tratamento devido a um receio da contaminação - todos os cuidados estão sendo feitos para diminuir a forma de contágio e adiar seu tratamento pode prejudicar o resultado final do mesmo.
Mantenham-se em isolamento social com todas as medidas restritivas de circulação orientadas no atual cenário.
Vacinem-se na campanha contra a gripe.
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
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