terça-feira, 10 de outubro de 2017

'O pior já passou', diz jovem do DF que venceu câncer de mama aos 25 anos

Gabrielly de Oliveira participou de ensaio fotográfico durante tratamento, quando estava careca. Há dois meses, passou por mastectomia e agora comemora cura. 

A estudante Gabrielly de Oliveira fez ensaio fotográfico quando estava sem cabelos, por causa do tratamento contra o câncer de mama (Foto: Arquivo Pessoal) 

Um ano após a primeira sessão de quimioterapia, a brasiliense Gabrielly de Oliveira – que expôs a careca em um ensaio fotográfico publicitário durante o tratamento – comemora a cura do câncer de mama. O nódulo no seio apareceu em setembro do ano passado, quando Gaby tinha 25 anos. Ela passou por 16 sessões de quimio e, há dois meses, pela mastectomia. 

“O pior já passou. Daqui pra frente só melhora.”

 Retirar a mama foi a última das etapas e a mais dolorosa delas. Gaby disse ao G1 que apesar de sempre ter encarado a doença com otimismo, dois momentos tiraram dela o equilíbrio que se esforçava para manter. A queda do cabelo e a mastectomia.

O procedimento abalou ainda mais o emocional de Gaby, porque ela teve que passar pela sala de cirurgia duas vezes. Na primeira, recebeu a boa notícia de que precisaria retirar apenas a glândula e, por isso, o mamilo ficaria intacto. “Depois fizeram a biópsia e viram que eu correria perigo se não tirasse tudo.”

Há cerca de um mês, ela retornou ao hospital para finalizar o processo. “Vou esperar cicatrizar e ver se tem como fazer uma reconstrução depois.” Segundo a recomendação dos médicos, daqui a um mês ela pode voltar a fazer atividade física, mas apenas da cintura para baixo, como subir escadas.


“Eu era muito do esporte, eu fazia muay thai, musculação. Imagina você ficar em casa o dia inteiro, com academia no prédio e não poder sair da cama? Tinha dia que eu sonhava em sair correndo.” 


Rotina de volta


A mudança na rotina é o maior sinal de que Gaby venceu o câncer. Com o crescimento do cabelo, as toucas, bonés e lenços que usava para disfarçar a cabeça raspada voltaram para o fundo do armário. Agora, enquanto as raízes voltam a florescer, ela aproveita as mudança de fase do comprimento do cabelo.

“Tá um capacetinho, uns quatro dedos. Está até meio feinho, mas tenho que passar por isso. Boné e touca esqueci. Estou usando ele assim, normal, pra cima.”

A carreira profissional também voltou a ser prioridade. Durante os seis meses de quimioterapia, Gaby teve de fazer algumas pausas na faculdade de psicologia, mas conseguiu se formar e, agora, busca um espaço no mercado. “Comecei a entregar currículo de novo e a retomar a minha rotina.”

Recentemente, Gaby foi convidada por uma fotógrafa de Brasília para participar de outro ensaio. Desta vez, ela e mais sete mulheres que passaram pela mastectomia vão posar nuas. Além de chamar atenção para prevenção ao câncer, as fotos têm como objetivo mostrar a força destas mulheres e provar que a feminilidade não reside no mamilo. 

A estudante Gabrielly de Oliveira, na praia, durante tratamento contra o câncer (Foto: Arquivo Pessoal) 

Resistência que fortalece



A alimentação saudável e a mente positiva foram os grandes escudos na batalha contra o câncer, segundo Gaby. “A quimio te deixa muito mal, porque é muito forte. Qualquer coisinha você grita, qualquer inflamação de garganta é motivo pra te internar.” 

“Mas não dá para se entregar. Tem que ter fé acima de tudo e se alimentar mesmo não querendo.”

O apoio da família e a presença dos amigos no dia a dia também foram essenciais para que ela não se sentisse sozinha. “Durante o período, aconteceu tanta coisa na minha vida, que eu me ocupava com isso em vez de sofrer.”

“Não dá para desistir. Tem que ter força de vontade, pensamento positivo. Não se deixar abater. Se ficar deitada na cama, enfiada dentro de casa, realmente você adoece mais”, disse.

Na tentativa de não se render aos efeitos da quimioterapia, Gaby diz que se esforçou para manter o mínimo das atividades que costumava fazer antes de descobrir a doença. “Não era porque estava doente que eu não podia fazer nada. Saía de touca, de boné e as pessoas nem sabiam o que estava acontecendo comigo.”

“Até para festas eu ia. No início não dava, porque a imunidade era muito baixa, mas depois meus exames de sangue davam sempre resultados bons. Tudo o que fiz foi com a permissão dos médicos.” 


Depois de passar por todas as etapas, Gaby disse ao G1 que o câncer serviu de aprendizado e ainda brincou com os quilos que emagreceu durante o tratamento. “Ainda não consegui recuperar os 7 kg que perdi. Minhas roupas estão todas folgadas. Tô até querendo fazer um bazar.”

“Hoje vejo tudo isso como um aprendizado. Nós, mulheres que passamos pelo câncer, nos transformamos em outra pessoa

Para impedir o aparecimento de novas células cancerígenas, Gaby deve tomar pelos próximos cinco anos um remédio chamado Tamoxifeno, cuja substância inibe o desenvolvimento da mama, porque é incompatível com o receptor do hormônio feminino estrógeno.

“É como se fosse uma continuação mais leve da quimio. Você para de produzir os hormônios, para de menstruar e entra na menopausa. Mas os médicos dizem que depois tudo volta ao normal.”

Durante as primeiras semanas de medicação é normal sentir alguns efeitos colaterais, como enjoos, dores de cabeça e mal estar. Para Gaby, no entanto, os incômodos servem apenas para lembrar quem venceu a guerra. 

Estudante de Brasília fez ensaio fotográfico durante tratamento contra o câncer de mama (Foto: Hugo Barreto/Divulgação) 

Fonte: G1.

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.

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