Um ano após a primeira sessão de quimioterapia, a brasiliense Gabrielly de Oliveira – que expôs a careca em um ensaio fotográfico publicitário durante o tratamento
– comemora a cura do câncer de mama. O nódulo no seio apareceu em
setembro do ano passado, quando Gaby tinha 25 anos. Ela passou por 16
sessões de quimio e, há dois meses, pela mastectomia.
“O pior já passou. Daqui pra frente só melhora.”
Retirar a mama foi a última das etapas e a mais dolorosa delas. Gaby disse ao G1 que
apesar de sempre ter encarado a doença com otimismo, dois momentos
tiraram dela o equilíbrio que se esforçava para manter. A queda do
cabelo e a mastectomia.
O procedimento abalou ainda mais o emocional de Gaby, porque ela teve
que passar pela sala de cirurgia duas vezes. Na primeira, recebeu a boa
notícia de que precisaria retirar apenas a glândula e, por isso, o
mamilo ficaria intacto. “Depois fizeram a biópsia e viram que eu
correria perigo se não tirasse tudo.”
Há cerca de um mês, ela retornou ao hospital para finalizar o processo.
“Vou esperar cicatrizar e ver se tem como fazer uma reconstrução
depois.” Segundo a recomendação dos médicos, daqui a um mês ela pode
voltar a fazer atividade física, mas apenas da cintura para baixo, como
subir escadas.
“Eu era muito do esporte, eu fazia muay thai, musculação. Imagina você
ficar em casa o dia inteiro, com academia no prédio e não poder sair da
cama? Tinha dia que eu sonhava em sair correndo.”
Rotina de volta
A mudança na rotina é o maior sinal de que Gaby venceu o câncer. Com o
crescimento do cabelo, as toucas, bonés e lenços que usava para
disfarçar a cabeça raspada voltaram para o fundo do armário. Agora,
enquanto as raízes voltam a florescer, ela aproveita as mudança de fase
do comprimento do cabelo.
“Tá um capacetinho, uns quatro dedos. Está até meio feinho, mas tenho
que passar por isso. Boné e touca esqueci. Estou usando ele assim,
normal, pra cima.”
A carreira profissional também voltou a ser prioridade. Durante os seis
meses de quimioterapia, Gaby teve de fazer algumas pausas na faculdade
de psicologia, mas conseguiu se formar e, agora, busca um espaço no
mercado. “Comecei a entregar currículo de novo e a retomar a minha
rotina.”
Recentemente, Gaby foi convidada por uma fotógrafa de Brasília para
participar de outro ensaio. Desta vez, ela e mais sete mulheres que
passaram pela mastectomia vão posar nuas. Além de chamar atenção para
prevenção ao câncer, as fotos têm como objetivo mostrar a força destas
mulheres e provar que a feminilidade não reside no mamilo.
Resistência que fortalece
A alimentação saudável e a mente positiva foram os grandes escudos na
batalha contra o câncer, segundo Gaby. “A quimio te deixa muito mal,
porque é muito forte. Qualquer coisinha você grita, qualquer inflamação
de garganta é motivo pra te internar.”
“Mas não dá para se entregar. Tem que ter fé acima de tudo e se alimentar mesmo não querendo.”
O apoio da família e a presença dos amigos no dia a dia também foram
essenciais para que ela não se sentisse sozinha. “Durante o período,
aconteceu tanta coisa na minha vida, que eu me ocupava com isso em vez
de sofrer.”
“Não dá para desistir. Tem que ter força de vontade, pensamento
positivo. Não se deixar abater. Se ficar deitada na cama, enfiada dentro
de casa, realmente você adoece mais”, disse.
Na tentativa de não se render aos efeitos da quimioterapia, Gaby diz
que se esforçou para manter o mínimo das atividades que costumava fazer
antes de descobrir a doença. “Não era porque estava doente que eu não
podia fazer nada. Saía de touca, de boné e as pessoas nem sabiam o que
estava acontecendo comigo.”
“Até para festas eu ia. No início não dava, porque a imunidade era
muito baixa, mas depois meus exames de sangue davam sempre resultados
bons. Tudo o que fiz foi com a permissão dos médicos.”
Depois de passar por todas as etapas, Gaby disse ao G1 que o câncer serviu de aprendizado e ainda brincou com os quilos que emagreceu durante o tratamento. “Ainda não consegui recuperar os 7 kg que perdi. Minhas roupas estão todas folgadas. Tô até querendo fazer um bazar.”
“Hoje vejo tudo isso como um aprendizado. Nós, mulheres que passamos pelo câncer, nos transformamos em outra pessoa
Para impedir o aparecimento de novas células cancerígenas, Gaby deve
tomar pelos próximos cinco anos um remédio chamado Tamoxifeno, cuja
substância inibe o desenvolvimento da mama, porque é incompatível com o
receptor do hormônio feminino estrógeno.
“É como se fosse uma continuação mais leve da quimio. Você para de
produzir os hormônios, para de menstruar e entra na menopausa. Mas os
médicos dizem que depois tudo volta ao normal.”
Durante as primeiras semanas de medicação é normal sentir alguns
efeitos colaterais, como enjoos, dores de cabeça e mal estar. Para Gaby,
no entanto, os incômodos servem apenas para lembrar quem venceu a
guerra.
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.
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