Na carta de despedida, Fabiana escreveu: Contigo (câncer), tive a oportunidade de sentir a mão da minha mãe
acariciando minha cabeça careca. Foto:
Roni Rigon / Agencia RBS
O câncer de mama entrou na vida da gerente de projetos Fabiana Benedetti há pouco mais de um ano para provocar uma transformação e derrubar muitas muralhas. Aos 41 anos, Fabiana fala da doença como sua parceira e agradece por ela ter provocado a grande mudança de sua vida.
— Quando senti o nódulo na minha mama esquerda, já sabia que era câncer e que ele iria mudar minha vida — lembra.
Desde então, tudo o que aconteceu – consultas, exames, confirmação do diagnóstico, tratamento e cirurgia – fortaleceu os laços entre ela e o câncer. No final do tratamento escreveu uma carta de despedida. E registrou:
“Sou grata por cada momento que vivemos juntos. Tu foste um professor exigente e disciplinador. Me deste um curso intensivo de paciência, tolerância e resiliência. Por tua causa, conheci histórias e pessoas incríveis. Contigo, aprendi a me amar e a encontrar a paz e a felicidade em momentos de dor. Me ensinastes que tudo passa. Mas agora, aproveito para te dizer que preciso seguir sem você.
Foi bom enquanto durou, mas temos objetivos diferentes. Se vamos nos encontrar novamente, eu não sei. Isto está num tempo que não tenho acesso. Por enquanto, terminamos nossa relação por aqui.”
A descoberta
Fabiana é uma mulher bonita, inteligente e inquieta. Mesmo sem histórico familiar, o autoexame fazia parte de sua rotina. Foi assim que descobriu o nódulo a tempo de removê-lo no estágio inicial. Antes da cirurgia, fez o tratamento neoadjuvante e reduziu o tumor em 75%. Com mamas pequenas, se fosse operar antes precisaria retirar uma delas para garantir um procedimento de sucesso.
— Tudo foi muito tranquilo. Já sabia sobre todas as etapas do tratamento. Sabia que iria sentir o câncer com muita intensidade. E foi o que aconteceu — relata.
Com uma vida agitada, Fabiana não imaginou passar por tudo isso aos 40 anos. Ela admite, no entanto, que precisava desta “pausa” em sua vida.
— Precisava rever muitas coisas. Eu não tinha limites e o tratamento me impôs isso. Senti que era o meu momento, de voltar para dentro de mim mesma.
O fim do relacionamento
Ter câncer é um aprendizado e possibilita o conhecimento. A maioria das pessoas diagnosticadas com a doença vai em busca de informações. Fabiana é uma delas.
— Não o odeio. Passei a entendê-lo e consegui tomar as rédeas da situação — conta.
O tratamento, em alguns momentos, torna-se insuportável.
— Senti medo das quimioterapias. Quando perdi o cabelo, também me dei conta que estava perdendo o controle. Estava frágil e sabia que a transformação estava começando. A partir daí, eu seria outra pessoa. Comecei a registrar cada momento, do jeito que eu me sentia.
Fabiana garante que não teve medo de morrer:
— Nunca me vi num caixão.
Ela também estabeleceu uma relação com a medicação e, mentalmente, repetia:
— Você cuida da minha doença, que eu vou cuidar da minha saúde.
Hoje, um ano e quatro meses depois, Fabiana esbanja saúde e beleza, e mantém firme o desejo de nunca mais voltar a encontrar o câncer.
Desfile das Estrelas
Fabiana Benedetti é uma das 16 mulheres que estarão na passarela da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), amanhã à noite (quarta-feira), a partir das 19h30min, no Desfile das Estrelas.
As roupas foram produzidas pelas alunas do curso Design em Moda e as perucas por cabeleireiros de Caxias.
O desfile é um evento beneficente. Os recursos serão destinados aos projetos de avaliação oncogenética das pacientes jovens com câncer de mama do HG. Os ingressos estão esgotados
— Sou grata a ele!
Fonte: Pioneiro
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.
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