quarta-feira, 30 de maio de 2018

O que fazer em um daqueles dias em que você não quer se levantar…



Você já deve ter passado por isso alguma vez. Há alguns dias em que você não quer se levantar, seja porque enfrenta muitos problemas ao mesmo tempo ou porque está em um processo de luto e não consegue encontrar um modo de seguir em frente. Também é possível que seja porque, francamente, você se sente aborrecido com tudo, mas não consegue encontrar uma saída.
O quer menos quer nesses dias é que alguém tente animá-lo, de tão preso que está neste estado emocional. É preciso ter motivação, mas você rejeita tudo que pode fornecê-la. Basicamente, não quer sair da cama, mas permanecer lá em um estado de inatividade. Dormir ou descansar, mas em todo caso, não parar para enfrentar o dia.
Talvez tudo isso não seja tão ruim. É possível que um desses estados seja uma maneira extrema de dar uma pausa. Talvez você precisasse dessa pausa há muito tempo, mas você não reconheceu esta necessidade. Os dias em que você não quer se levantar também são uma boa oportunidade para começar a enfrentar o que está acontecendo.




O entusiasta sempre vence o apático. Não é a força do braço, nem a virtude das armas, mas a força da alma a que alcança a vitória“.

-Johann Gottlieb Fichte-



Se você não quer se levantar, faça um parênteses

É válido, e inclusive recomendado, que você eventualmente se dê um espaço nos dias em que não quer se levantar. É importante fazer uma pausa. Provavelmente é o que sua mente está pedindo a gritos e você não quer ouvir. A vida não se trata de fazer sempre o que se quer, mas há circunstâncias em que é importante dar uma margem aos nossos desejos.
O que não vale a pena é que, em um contexto de tristeza, você não se levante o dia todo, ou se levante apenas um pouco para voltar para a cama. E não vale porque isso significa ceder e dar um passo à frente em direção à depressão. Se você ceder e ceder, começará a cortar vínculos, a ter problemas de trabalho ou a se envolver em uma espiral de apatia da qual depois é muito difícil sair.
O recomendável é fazer um parênteses. Lembre-se de que um parênteses se abre e se fecha. Você precisa pensar no que está acontecendo. Por que chegou em um daqueles dias em que não quer se levantar? Tente encontrar uma saída, mesmo que somente parcial, para essa situação.

Os primeiros passos

Hoje você não quer nem se levantar, mas tem que fazer isso. Durma um pouco mais se quiser, mas não se permita cair em um excesso. Esse é o primeiro objetivo que deve propor a si mesmo em um dia assim. É também a primeira conquista para sair desse estado.
Considere os passos a seguir. Levante-se, tome um banho, vista-se. Cada um deles é um objetivo a cumprir. Se você quer que sua vida seja melhor, comece por aí. Busque e encontre a maneira que não afete suas obrigações de trabalho ou que não cause danos sérios ao trabalho ou aos estudos. Isso é muito importante. Se a pausa lhe traz problemas, é possível que se levantar pela manhã seja ainda mais difícil. Por outro lado, se você a adiar, marque um dia no calendário, uma saída de referência.
Resolvidos esses problemas práticos, não se tranque em casa. Se gosta de ler, melhor fazê-lo em um parque com crianças que espalham alegria, em um ambiente que não irá lembrá-lo de que entre as tarefas pendentes está limpar a casa.



Assuma o controle

Se conseguir chegar a esse ponto em que está longe de casa, em um espaço tranquilo e verde, e identificou a principal fonte de sua apatia, boas notícias: você começou a assumir o controle da situação. Não pare por aí. Você tem que ir um pouco mais longe.
Examine as alternativas que você tem diante dessa grande preocupação que o inquieta e deprime. Pense se é a primeira vez que acontece com você ou se já havia estado assim antes. Com muita frequência? Com muita intensidade? Você sente que há algo mais aí que não consegue visualizar? Dependendo das respostas a essas perguntas, você saberá se pode resolvê-las de maneira autônoma ou se precisa de ajuda.
Se não encontrar respostas para essas perguntas ou se sentir confuso a respeito delas, não se preocupe. É normal que isso aconteça. Neste ponto, você deve ser consciente de que é hora de fechar os parênteses. A vida tem que continuar. Se sente que isso não é possível, definitivamente é porque você precisa de ajuda. Se vê que é possível, vá em frente. Volte para as perguntas no dia seguinte e quantas vezes for necessário, até que encontre uma resposta.

Enquanto isso, não se esqueça de que, mesmo que você volte a ter um daqueles dias em que não quer se levantar, é necessário que o faça. Que você defina metas diariamente e as alcance. Não ceda à tentação de mergulhar na insatisfação. Isso não irá levá-lo a lugar algum

Fonte: Mente Maravilhosa

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem 
substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

A jornada do câncer de mama no Brasil


O tratamento contra esse tumor melhorou muito. Mas é imprescindível garantirmos acesso a um atendimento adequado para mais brasileiras

Durante o Fórum Oncoguia, foram discutidas maneiras de melhorar o acesso a tratamentos adequados contra o câncer (Foto: Marcos Bacon/SAÚDE é Vital)

Entre os 600 mil novos casos de câncer esperados para 2018 no Brasil, estão reunidas centenas – ou até milhares – de doenças distintas. E não estamos falando apenas do local de origem do tumor. “Cada vez mais nós identificamos particularidades na biologia e no comportamento de cânceres que surgem em uma mesma região do corpo”, ressalta o oncologista Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). “Ou seja, o câncer de mama de uma mulher é diferente do câncer de mama de outra”, arremata.
O desafio atual é garantir acesso à população a tratamentos efetivos para cada situação, sem perder de vista a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro. Está aí um dos pontos centrais do 8º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia, realizado pelo Instituto Oncoguia entre os dias 26 e 27 de abril, na cidade de São Paulo.
E, se há uma boa notícia para contar, é a de que o câncer de mama passou por melhorias consideráveis no atendimento. “Em comparação com 20 ou 30 anos atrás, ele se tornou uma doença controlável na maioria dos casos. Mesmo os tumores avançados agora possuem tratamentos que amenizam as complicações, aumentam a expectativa de vida e oferecem mais qualidade de vida”, diz Simon.
O médico inclusive revelou que recentemente comemorou “bodas de prata” com uma paciente que tem um câncer metastático (ou seja, espalhado pelo corpo). São 25 anos de convívio controlado com o problema. Pouco tempo atrás, isso seria raríssimo.
As pesquisas internacionais também apontam para essa mudança de panorama. Veja o estudo Concord-3, que juntou dados de 37 513 025 pessoas com câncer de 71 países, e foi publicada no respeitado periódico The Lancet. Segundo o levantamento, entre 2000 e 2004, 68,7% das brasileiras diagnosticadas com um tumor de mama viviam cinco anos ou mais. Já entre 2010 e 2014, o número subiu para 75,2%.
O que está por trás disso? Não é fácil responder a pergunta, mas a pressão da sociedade por um melhor atendimento certamente tem sua influência. Basta pensar que uma das campanhas de conscientização mais conhecidas na área da saúde é o Outubro Rosa, que foca na prevenção, no diagnóstico e no combate ao câncer de mama.
Fora isso, é primordial lembrar dos mutirões de mamografia e da incorporação de tratamentos modernos no Sistema Único de Saúde (SUS). Sim, ao contrário de alguns outros tipos de câncer – em que os remédios mais novos estão limitados a partes do setor privado –, a paciente com tumor de mama tem hoje à disposição fármacos modernos na rede pública.
Mas lembra que falamos que um câncer de mama pode ser muito diferente do outro? Pois há medicamentos disponíveis no SUS que atuam em alterações genéticas responsáveis por essas mudanças. A chamada terapia-alvo mira essas particularidades, alcançando resultados animadores – e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia, por exemplo.
Por isso é tão importante conhecer as características de cada câncer. E o caso da brasileira Maria Paula Bandeira ilustra bem isso.

“Quanto mais a gente fala do câncer, menor ele fica”

Maria Paula Bandeira, 31 anos, tem um perfil no Instagram que aborda o câncer de mama e seu diagnóstico (Foto: Marcos Bacon/SAÚDE é Vital)

Aos 31 anos, a pernambucana Maria Paula Bandeira defende que conhecimento e informação são grandes armas contra essa doença. Faz sentido.
Em 2011, ela foi diagnosticada com um câncer de mama em fase inicial. Após uma cirurgia, o problema sumiu dos radares. Ainda assim, Maria Paula passou por sessões de radioterapia e quimioterapia, além de tomar por anos remédios que bloqueiam a ação de certos hormônios que instigam o câncer (é a tal hormonioterapia, indicado para o seu tipo de câncer, na época).
“Do ponto de vista de individualização, por exemplo, devemos saber se o subtipo do câncer de mama é sensível a esses hormônios. Do contrário, de pouco adianta oferecer a hormonioterapia”, explica Simon.
Com essas medidas, para o tipo do tumor de Maria Paula, cabe ressaltar, os médicos falavam em 95% de chance de cura. Eis que, em janeiro de 2016, um exame acusou um nódulo no ovário dela. Ao investigar a fundo a situação, os especialistas encontraram outros focos no fígado e nos ossos.
O câncer havia retornado silenciosamente, com outro tipo, e se alastrado pelo organismo sem manifestar sintomas claros. A partir daí, Maria Paula era uma mulher com tumor de mama metastático.
“Ninguém me falou o que acontecia se eu caísse na turma das 5% de pacientes com câncer de mama inicial que não se curam”, aponta. De acordo com ela, várias pessoas “a velavam viva” – o que, como descobriu, estava longe de ser condizente com seu estado de saúde.
Agora, Maria Paula possui um câncer do tipo HER2+ – a doença mudou. Estranhou? Basta entender que seu tumor é cheio de proteínas que aceleram a progressão da enfermidade. São as tais HER2.
Se por um lado a presença dessas características sugere que a doença pode avançar mais rapidamente caso nada seja feito, por outro abre as portas para a utilização de alguns medicamentos pertencentes à classe da terapia-alvo.
Junto com outras sessões de químio, Maria Paula recorreu a essa estratégia. E pouco menos de um mês atrás ouviu dos médicos que o câncer tinha sumido novamente – o que não deve ser confundido com cura, porque resquícios impossíveis de serem rastreados podem eventualmente ganhar força de novo.
“O tratamento agora é para sempre. Mas eu consigo viver, trabalhar, viajar com meu marido, sair com os amigos”, destaca Maria Paula. Aos poucos, ela aprendeu o que realmente significa ter câncer de mama metastático.
“Eu fiquei desesperada quando meu câncer voltou, porque não sabia como agir dali em diante. Só que fui entendendo que ele era apenas um aspecto da minha vida, e não um protagonista”, afirma.
Dona do perfil “Lenço do Dia” no Instagram, que soma mais de 19 mil seguidores, Maria Paula dissemina informações para evitar que outras mulheres passem pelo choque que ela teve no início de 2016. E, acima de tudo, para que conheçam seu quadro de saúde direito e cobrem por um atendimento personalizado, dentro do possível. “Quanto mais a gente fala do câncer, menor ele fica”, conclui.
Fonte: Saúde

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem 
substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

segunda-feira, 28 de maio de 2018

O começo de uma nova era


Esta é uma história com ares de futuro, mas que já está mudando vidas hoje. Uma história que, a bem da verdade, começou há muito, muito tempo… lá no século 19. O pontapé inicial foi dado pelo cirurgião americano William Coley (1862-1936). Intrigado com uma vítima de câncer que havia se curado após uma infecção severa, ele postulou que nossas células de defesa, quando superativadas, erradicariam o tumor.
Coley logo passou a infundir germes em pacientes. Alguns poucos até melhoraram, porém vários morreram do ataque bacteriano. Sua tática não funcionou, mas deixou um legado: incitar o sistema imune pode ser uma saída para ganhar a luta contra o câncer. Ao longo de mais de 100 anos, os cientistas entenderam como essa doença firma um tratado de paz com as tropas do organismo e conseguiram criar remédios para rasgar esse armistício.
A imunoterapia de hoje gera tanto furor que flexibilizou um tabu entre os médicos: o receio em falar de “cura” nos casos avançados. “Isso talvez mude com a imunoterapia. Em certos cânceres, até 30% dos pacientes tratados parecem estar livres da doença após cinco anos”, nota Fábio Schutz, oncologista do Hospital BP Mirante (SP). “Temos de aguardar, mas é possível que estejamos curando esse pessoal, algo impensável antes.” São muitas as inovações e perspectivas nessa área, já encarada como um novo pilar terapêutico. Para você conhecê-las melhor, temos de lhe apresentar uma menina, Emily Whitehead.
Quem é Emily Whitehead? Em abril de 2012, uma garotinha americana com leucemia linfoblástica aguda – o tipo mais comum de câncer infantil – havia passado sem sucesso pelos tratamentos usuais. Numa última cartada, seus pais a levaram ao Hospital de Crianças da Filadélfia, onde foi testada uma abordagem chamada CAR-T Cells, ou Linfócitos T com Receptores Quiméricos de Antígenos. Parece coisa de ficção científica, mas é imunoterapia de última geração.
Resumindo: os médicos extraíram células de defesa (os linfócitos T) de Emily e mexeram no DNA delas para que desenvolvessem um receptor capaz de identificar células malignas. Esses supersoldados foram reinseridos na garota na esperança de que bombardeassem o inimigo. “Em maio, não havia sinal da enfermidade”, lembra-se Stephan Grupp, médico responsável pelo atendimento.
Emily, então com 7 anos, foi a primeira criança submetida às CAR-T Cells. Passados cinco anos (curiosamente, o período que se costuma esperar antes de declarar a cura de um câncer), a já adolescente esteve numa reunião de conselheiros do Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula medicamentos nos Estados Unidos.Lá, ouviu o pedido unânime de aprovação da técnica para crianças e adultos jovens com aquele tipo de leucemia e que passaram por outros tratamentos. No último dia 30 de agosto, as CAR-T Cells que salvaram Emily, da Novartis, foram liberadas em território americano.
Os avanços na história
1891
Na tentativa de fazer o corpo reagir ao câncer, William Coley injeta bactérias em pacientes. Benefício baixo e muitas mortes.
1976
Iniciam os estudos com a bactéria atenuada da tuberculose contra tumor de bexiga. Ainda se usa a técnica.
Anos 1980
Agentes inflamatórios como a interleucina-2, que atiçam o sistema imune, viram tratamento. A toxicidade é bem alta.
Anos 2000
Surgem vacinas terapêuticas, feitas com células expostas a subprodutos tumorais. Poucas, como a para próstata, viram realidade.
2011
O primeiro remédio imunoterápico moderno – o ipilimumabe – é aprovado nos EUA contra melanoma.
2017
A liberação de uma droga contra o câncer que não foca no órgão afetado e a vinda das CAR-T Cells sacodem a oncologia clínica.
Recurso cientificamente comprovado
A chegada dessa tecnologia não se baseia em uma única história. Pesquisas mostram que, com ela, de 60 a 90% das leucemias linfoblásticas agudas que não responderam a outras táticas somem dos radares. E cerca de metade dos casos permanece assim até o momento.
“Acima dos resultados, o que vemos é a abertura de uma nova porta”, analisa o oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Ora, as CAR-T Cells mais próximas da prática clínica foram desenhadas para mirar a molécula CD19, comum na leucemia. “Mas podemos mexer nos linfócitos para que se liguem a outros alvos, de outros cânceres”, exemplifica o biomédico Martin Bonamino, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer.
Não à toa, dezenas de empresas estão testando a plataforma. Algumas até almejam desligar genes que normalmente fazem as CAR-T Cells identificarem quem não é seu hospedeiro original. Por quê? “Isso criaria células sem problemas de compatibilidade, o que viabilizaria um remédio de prateleira feito a partir de doadores”, diz Bonamino.
O método dispensaria o complexo processo logístico de tirar linfócitos da pessoa, levá-los a um centro, trazê-los de volta e reinfundi-los. Aliás, outro lado negativo a ser superado são os efeitos adversos. Confusão mental e convulsão foram reportados. Emily ficou na UTI por semanas em decorrência de uma inflamação exacerbada. Porém, os profissionais estão aprendendo a manejar tais sintomas.
As CAR-T Cells não tiram o brilho da imunoterapia tradicional. “Em menos de uma década, ela foi de teoria promissora a tratamento-padrão para vários tumores”, contextualiza o médico Daniel Hayes, presidente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, entidade que elegeu esse arsenal como o avanço do ano.
Para entender a sacada por trás dessas medicações, tenha em mente que o câncer nasce de uma célula normal. Esse traidor, portanto, compartilha mecanismos que permitem às unidades sadias não serem alvejadas pela polícia do organismo. Ele mostra aos guardas um RG falso  na forma de moléculas batizadas de ligantes – e passa incólume pela vistoria. “O que a imunoterapia faz é cortar essa senha de acesso para que o sistema imune veja o tumor como bandido”, compara Hoff.
Um exemplo real: o ipilimumabe (da farmacêutica Bristol-Myers Squibb), o primeiro imunoterápico moderno, conecta-se a um receptor das células de defesa conhecido como CTLA-4. Com isso, não deixa alguns daqueles ligantes entrarem em contato com elas para desativá-las. Em vez de atacar o oponente, a imunoterapia solta os cães de guarda. “Falam que nenhuma quimioterapia é tão boa quanto um bom linfócito”, brinca Schutz.
Como é feito o tratamento à base de CAR-T Cells
1. Inimigo sorrateiro
O tumor evolui porque o linfócito T, uma unidade do sistema imune, não consegue se ligar a antígenos (espécie de ancoradouros) presentes na sua superfície.
2. Em treinamento
Os experts começam tirando linfócitos do sangue do paciente. Já no laboratório, inserem genes artificiais que estimulam a expressão de um receptor nas células. Ele é capaz de grudar no antígeno do tumor e ordenar o ataque.
3. Tropa em formação
Ainda na bancada, essa tropa de elite personalizada é multiplicada até chegar a um número suficientemente grande para vencer o adversário.
4. Licença para matar
As CAR-T Cells voltam ao hospital, são reinfundidas no indivíduo e passam a agarrar – e a matar – células tumorais pelo corpo inteiro.
Vitórias contra o câncer
Disponível desde 2011 nos Estados Unidos  e, no Brasil, a partir de 2012 , o ipilimumabe foi o primeiro tratamento a estender a média de tempo de vida entre sujeitos com melanoma avançado, um tumor de pele. Só que, para essa doença, a droga já está sendo superada por outra: é o pembrolizumabe (da MSD).
Em um estudo com 834 voluntários publicado no The Lancet, 43% do grupo tratado com o fármaco “antigo” não morreu após dois anos, ante 55% da turma que recebeu a fórmula mais jovem. “O progresso é rápido e está chegando a tumores onde havia pouco a fazer”, atesta o oncologista Jacques Tabacof, coordenador de Hematologia e Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
No caso do tumor de bexiga que se espalhou pelo corpo, o atezolizumabe (da Roche) é a única arma nova em três décadas. A imunoterapia representou, nessa situação, um ganho médio de seis a oito meses de vida em comparação com a químio  e talvez uma maior chance de cura. Situações parecidas ocorreram em rim e pulmão.
Tanto progresso culminou numa decisão inédita. Em maio, a FDA aprovou um remédio contra o câncer, independentemente do seu local de origem. Calma: não descobrimos um elixir contra todas as versões do mal. Na verdade, o tal pembrolizumabe parece trazer benefícios frente a diferentes nódulos malignos, desde que possuam uma alteração molecular específica.
“É a primeira droga a ser aplicada exclusivamente em função de características moleculares da doença. Ou seja, em cima de biomarcadores”, observa o biólogo Rui Reis, coordenador do Centro de Diagnóstico Molecular do Hospital de Câncer de Barretos, no interior paulista.
Biomarcadores são partículas produzidas pelo tumor e detectáveis com exames. A ciência notou que a presença ou ausência delas ajuda a determinar o sucesso do tratamento. Uma concentração elevada do ligante PDL-1, por exemplo, sugere que o atezolizumabe e o pembrolizumabe vão funcionar bem.
Ora, o primeiro medicamento bloqueia diretamente o PDL-1 e o segundo trava o receptor do linfócito que seria corrompido por ele. “Alguém com um câncer de pulmão que expressa PDL-1 tende a se dar melhor do que outro com a doença no mesmo órgão, mas sem esse traço. Não adianta sair dando imunoterapia para todo mundo”, raciocina o oncologista Marcelo Sousa Cruz, da Universidade Northwestern (EUA). Cerca de 30% dos tumores pulmonares avançados geram PDL-1 aos montes. O médico Fábio Schutz recentemente pediu o teste para dois pacientes: “Ambos vieram negativos, o que nos fez optar pela químio. Foi frustrante”.
Sorrateiro, o câncer não depende de uma única via de escape dos fiscais do corpo. São muitos os recursos que ele emprega para driblar nossas linhas de defesa. Daí porque uma das abordagens terapêuticas mais promissoras atualmente consiste em combinar imunoterápicos. A Bristol Myers-Squibb inaugurou essa estratégia com a aliança entre ipilimumabe e nivolumabe.
Enquanto o primeiro foca naquele receptor CTLA-4 do linfócito, o segundo atua no que interage com o PDL-1 – a proposta é deixar o criminoso sem saída. Em melanomas que invadiram outros órgãos, eles reduzem o risco de morte em 45%. A título de comparação, esse índice cai para 37% com o ipilimumabe isolado. A dupla já tem aval para ser utilizada nos Estados Unidos e na Europa. A expectativa é que esteja disponível por aqui em 2018.
A onda das combinações flexibilizou ainda mais os pilares clássicos de tratamentos contra tumores. Há testes de drogas imunoterápicas com químio, ou com terapia-alvo, ou após a cirurgia… “Temos inclusive pesquisas observando a ação delas em conjunto com as CAR-T Cells”, acrescenta Bonamino.
Essa tendência chegou a aproximar algumas farmacêuticas, que via de regra competem entre si. A Pfizer, para citar um episódio de peso, financiou experimentos de um princípio ativo seu com outro da MSD. O maior desafio, do ponto de vista clínico, é superar as reações adversas, que costumam se acumular conforme o coquetel antitumoral ganha componentes adicionais.
“A imunoterapia oferece vantagens sob diversos aspectos”, comenta o oncologista Stephen Stefani, do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Em algumas situações, agrega tempo de vida ou mesmo uma maior chance de cura. Em outras, oferece bem menos reações adversas, que variam de inflamações na pele a hipotireoidismo. “Porém, ela ainda está atrelada a um preço altíssimo, que dificulta tremendamente o acesso”, pondera o médico.
A tática para fazer o corpo desbancar o câncer
1.Identidade fraudada
O tumor libera proteínas, ou ligantes, que se encaixam em receptores dos linfócitos T e impedem que eles iniciem um ataque.
2.Engodo revelado
Os imunoterápicos bloqueiam os ligantes da doença ou o receptor das células de defesa. Sem essa conversa, o sistema imune parte para a ofensiva.
3. Falsidade ideológica
Acontece que, na vida real, o câncer pode jorrar muitos ligantes diferentes, como o PDL-1 e o CD80. O intuito é desativar os vigias do corpo por várias vias.
4. Fiscalização insuficiente
Logo, um único remédio, atuando em só um ligante ou receptor, às vezes não é suficiente, pois o câncer tapeia nossas tropas por outros caminhos.
5.Atuação integrada
A tendência é testar combinações de imunoterápicos, que obstruem dois ou mais ligantes ou receptores ao mesmo tempo. Aí o bicho pega.

A revolução dos biomarcadores

O laboratório dos patologistas – os responsáveis por definir o perfil de cada câncer a partir de biópsias – hoje é cheio de aparelhos de última geração, que até sequenciam o genoma do tumor. A ideia é captar biomarcadores (substâncias fabricadas pela doença) que definem agressividade, resposta a medicações… “Sem essa avaliação, a imunoterapia perde boa parte de sua eficácia”, destaca Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia.
Toxicidade financeira
Se a imunoterapia provoca menos efeitos colaterais, por outro lado agride mais o bolso. “Não é incomum que o valor alcance 200 mil reais por paciente. E, se a tática dá certo, ele pode aumentar em função de doses adicionais”, diz Stefani. Cifras assim justificaram a criação do termo “toxicidade financeira”.
Acompanhe: conforme esses remédios forem mais aplicados em diferentes contextos, o custo total das fontes pagadoras deve subir. Se nada acontecer, as operadoras alavancarão seus preços para arcar com as despesas. Diante disso, menos gente vai conseguir bancar o seguro e cairá no Sistema Único de Saúde (SUS), onde não existem imunoterápicos à disposição.
Pois é: por ora, a protagonista da reportagem é uma realidade só aos 20% de brasileiros com plano de saúde. “Temos de respeitar o direito ao lucro. Contudo, também devemos compreender que medicamentos para males graves não são um produto qualquer”, dispara Hoff. “Espero que a concorrência gerada pelo surgimento de novos fármacos contribua para a queda dos preços.”
Stefani aponta três caminhos bastante debatidos no mundo para ampliar o acesso. Um é incluir mais gente em protocolos de pesquisa, onde terapias caras são oferecidas de graça. Outro envolve fomentar os remédios biossimilares. Não se trata de genéricos, porque eles não são idênticos aos originais dada a complexidade dos imunoterápicos, feitos a partir de organismos vivos.
A última saída é exigir valores menos salgados a países em desenvolvimento que se comprometam a realizar uma compra em lotes. Seria bom se as soluções para resolver esse impasse despertassem tanto interesse quanto as inovações que alicerçam a imunoterapia. Do contrário, décadas de avanço vão mudar pouco a resistência em cima da palavra “cura”.
As principais armas para enfrentar o câncer

Novas

Terapia-alvo
São remédios que funcionam como mísseis teleguiados, mirando alterações genéticas específicas da doença.
Imunoterapia
A onda do momento dá vigor para o sistema imunológico se voltar contra os tumores. Seus limites não foram alcançados.
Car-T cells
Apesar de serem um tipo de imunoterapia, merecem distinção por alterar o DNA das células de defesa do próprio paciente.

Tradicionais

Ainda é o principal recurso dos médicos, em especial para cânceres iniciais, onde oferece uma boa chance de cura.
Radioterapia
Equipamentos emitem uma dose de radiação cerca de 30 mil vezes mais potente do que a de um exame de raio X diretamente no inimigo.
Quimioterapia
Aqui, encaixam-se drogas que destroem, pelo corpo inteiro, células com alto potencial de replicação, como as do câncer.
Hormonioterapia
A ideia é, por meio de fármacos ou até remoção de órgãos, impedir que certos hormônios acelerem o desenvolvimento do mal.
Fonte: Saúde

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem 
substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

O maior avanço do ano no tratamento contra o câncer


Técnica que usa as próprias células de defesa do paciente curou a doença em casos quase sem esperança – e foi eleito como maior progresso na oncologia

A promessa de 2018 pode, em tese, ser usada contra inúmeros tumores (Ilustração: Letícia Raposo/SAÚDE é Vital)

Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) nomeou faz pouco o maior avanço no tratamento contra o câncer do último ano. E o vencedor é…. as terapias à base de CAR T Cells. Oi?
Também chamadas de Linfócitos T com Receptores Quiméricos de Antígenos, essas novas estratégias basicamente transformam as células de defesa do próprio paciente em supersoldados, capazes de enfrentar tumores malignos.
Resumindo: os médicos extraem células do sistema imune da pessoa com câncer e mexem no DNA dessas unidades para que desenvolvam um receptor capaz de identificar e destruir o câncer. Aí, reinserem essas tropas de elite no indivíduo para que elas arrasem a enfermidade.
Pesquisas mostram que, com as CAR T Cells, de 60 a 90% das leucemiaslinfoblásticas agudas (o tipo mais comum de leucemia em crianças) que não responderam a outras táticas somem dos radares. E cerca de metade dos casos permanece assim até o momento.
“É marcante ver décadas de desenvolvimento tecnológico se fundirem em um novo tipo de tratamento”, comemora o oncologista Bruce Johnson, presidente da Asco, em comunicado à imprensa. “O sucesso das CAR T Cells demonstra o impacto profundo de novos tratamentos no prolongamento da vida das pessoas com câncer”, conclui.
Um tipo de linfoma também tem respondido muito bem a essa técnica revolucionária. Mas, na realidade, o fato mais promissor é o de que, ao menos em tese, é possível mexer nas células de defesa do paciente de diversas maneiras. Com isso, inúmeros tumores seriam alvo dessa estratégia.
Os problemas? Os efeitos colaterais ainda são consideráveis e o preço é praticamente proibitivo hoje em dia: chega a 1 milhão de dólares. A técnica, hoje, está autorizada só nos Estados Unidos (duas farmacêuticas a comercializam).
Fonte:Saúde

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem 
substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos