segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O câncer não é a morte, é o recomeço

Doença, que antes era quase uma sentença de morte, tem cada dia mais tratamento; pacientes contam como se reinventaram durante e após a luta


  por Marcele Tonelli


Foi após a descoberta de um caroço no seio durante o banho que a vida de Renata Franzoloso Rodrigues saiu do "piloto automático". Diagnosticada com câncer de mama há 4 anos, a, até então, estilista vivia em função do emprego e da rotina agitada na Capital, sem horários até mesmo para almoço. Decidida a lutar com todas as suas armas contra a doença, ela se reinventou, mudou de profissão e de cidade e até ganhou mais estilo e autoconfiança. Assim como ela, o advogado Carlos Braga também superou o câncer e, ao invés de negar a doença, pesquisou tanto sobre o assunto que virou especialista e ministra palestras sobre o tema.
Amanhã, é comemorado Dia Mundial de Combate ao Câncer. A doença, que antes era quase como uma sentença de morte e cujo nome era até evitado de ser pronunciado pelas antigas gerações (quem nunca ouviu um parente mais velho se referir ao câncer como a "doença ruim"?), tem cada dia mais tratamento e, assim, coleciona histórias de luta e de superação.
"O que, antes, significava a morte, é o recomeço. O câncer me deu uma vida muito mais interessante. Aprendi a olhar para a minha essência e a me amar sem cabelão ou corpão", conta Renata, que fez um ensaio fotográfico após a batalha.
Aos 44 anos, livre da doença e morando em Bauru, ela deu asas para a paixão de cozinhar e se tornou personal chef. Hoje, Renata comanda seu próprio horário e também montou um bistrô.
"Estou reescrevendo a minha história, com outros valores. Aprendi a parar para olhar as pequenas coisas da natureza e a contemplar a vida", completa.
A transformação, no entanto, foi árdua, conta ela. Quando recebeu o diagnóstico do câncer agressivo na mama direita, a aceitação não ocorreu "de primeira". Com apoio da equipe médica, contudo, ela percebeu que havia muito mais chances de viver do que o contrário em virtude da evolução da medicina.
O tratamento durou cerca de um ano ao todo, incluindo as sessões de quimioterapia, rádio e cirurgia. "Também recebi muito apoio da família e isso foi extremamente importante. Meus filhos, Renato e João, chegaram a raspar o cabelo para me apoiar quando comecei a quimioterapia", conta.
No início, ela chegou a ser orientada pela família sobre o uso da peruca para que não sofresse com olhares na rua. "Mas eu não consegui, aquilo não era eu. Foi aí que passei a lidar melhor. O que eu queria mesmo era andar sem peruca e chocar as pessoas. Mostrar que há vida além do câncer", lembra.
E ela realmente mostrou. Tanto que, hoje, é um dos vários exemplos de que a doença não é uma sentença de morte, como antigamente.
ATÉ LIVRO
Após o diagnóstico, o advogado Carlos Braga parou completamente sua rotina e passou a estudar sobre o câncer; hoje, é especialista na área de ozonioterapia, autor de um livro sobre o tema e ministra palestras

Um câncer no esôfago também foi o estopim para que o advogado Carlos Eduardo Braga, hoje com 52 anos, transformasse completamente sua vida. Quando foi diagnosticado, aos 46 anos, ele parou completamente sua rotina e passou a estudar sobre a doença. Hoje, Carlos tem pós-graduação na área de ozonioterapia, é autor de um livro sobre o tema, virou referência no assunto e ministra, constantemente, palestras em vários locais.


Ele conta que percebeu que havia algo errado com sua garganta. O diagnóstico veio rápido: câncer no esôfago, não operável, com comprometimento do pulmão e traqueia.
"Eu fiquei em choque, porque o câncer sempre foi associado à morte. Na verdade, chegaram a dar um prognóstico de um ano para minha família. Parei imediatamente com todas as minhas atividades e repensei a vida", conta Braga.
O tratamento com quimioterapia e radioterapia durou seis meses. "Tive infecção grave, fiquei dez dias internado e perdi um quilo a cada dia. Tomei 98 doses de morfina, uma a cada 2 horas, mas consegui melhorar".
Incentivado por um amigo nutricionista, ele passou a estudar sobre a alimentação e suplementação e conheceu a ozonioterapia - técnica que usa o ozônio, uma molécula altamente reativa e fugaz, dentro de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, para fins terapêuticos.
"Minha área é direito empresarial, nunca imaginei que fosse partir para a ozonioterapia", cita. "Muita gente amaldiçoa a doença e se entrega, mas quem aceita, luta e muda para continuar vivendo tem até mais chance, porque faz parte da cura o desejo de ser curado. O câncer não é mais sentença de morte em muitos casos. Hoje, inclusive, é classificamos como doença crônica", finaliza Braga, que além de advogado, divide o tempo com trabalhos para o Centro de Apoio a Pessoas com Câncer de Bauru.
SINO DA VITÓRIA
Em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Câncer, o Hospital Unimed Bauru irá inaugurar, em cerimônia na manhã desta segunda-feira, no seu Setor de Radioterapia, o Sino da Vitória.
Trata-se de uma ação de humanização que tem por objetivo dar ao paciente a oportunidade de celebrar o fim de seu tratamento tocando um sino e lendo uma frase motivacional que estará em uma placa, tudo isso acompanhado de seus familiares e equipe da clínica de radioterapia.
O projeto tem como missão também levar esperança para os pacientes que iniciarão o tratamento contra o câncer e desmistificar a associação da doença com o final da vida. A prática já é comum em hospitais americanos e em alguns brasileiros.
Fonte: JCNET
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário