segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Imuno-Oncologia

O que é?

É a capacidade natural do sistema imunológico para detectar e destruir células anormais que podem  provocar muitos tipos de cânceres. No entanto, alguns tipos de câncer são capazes de evitar sua detecção e destruição pelo sistema imunológico produzindo sinais que reduzem essa capacidade ou alterando sua estrutura dificultando o sistema imunológico de  reconhecê-las e atingi-las.

A imuno-oncologia é um tratamento biológico que tem o objetivo de potencializar o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pelo próprio paciente ou em laboratório. O sistema imunológico ajuda o organismo a combater infecções e outras doenças.

O tratamento imunoterápico restaura ou potencializa a capacidade do sistema imunológico para combater o câncer.

Como a Imuno-oncologia atua contra o Câncer 

Uma das razões pelas quais as células cancerígenas se desenvolvem é porque são capazes de "driblar” o sistema imunológico do corpo. Alguns tipos de imuno-oncologia podem marcar as células cancerosas tornando mais fácil para o sistema imunológico identificá-las e destruí-las. Outras imunoterapias estimulam o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas com mais eficácia.


Tipos de Imuno-Oncologia.



  • Anticorpos Monoclonais

São medicamentos produzidos em laboratório para se ligar a um alvo específico no organismo. Os anticorpos monoclonais podem provocar uma resposta imune que destrói as células cancerosas. Outros tipos de anticorpos monoclonais podem "marcar" as células cancerosas facilitando ao sistema imunológico encontrá-las e destruí-las. Esses anticorpos monoclonais também podem ser denominados terapia alvo.


  • Transferência de Células Adotivas

É um tratamento que aumenta a capacidade natural das células T para combater o câncer. As células T são um tipo de células brancas do sangue e parte do sistema imunológico. Uma forma de transferência de células adotivas é quando células T citotóxicas que invadiram o tumor de um paciente, denominados linfócitos de infiltração tumoral, são coletados. As células com maior atividade antitumoral são selecionadas, e uma grande quantidade destas células são cultivadas em laboratório e ativadas com citocinas. Essas células são posteriormente reinjetadas no paciente. A ideia é que os linfócitos de infiltração tumoral tenham capacidade de alvejar as células tumorais, mas não estarem presentes em quantidade suficiente para exercer um efeito antitumoral. Se a atividade de linfócitos de infiltração tumoral estiver suprimida pelas células tumorais, é possível ultrapassar a supressão pela exposição do tumor a uma grande quantidade de linfócitos de infiltração tumoral ativados. 

Outra forma de linfócitos de infiltração tumoral, denominada como terapia CAR, é quando células T do paciente são coletadas e modificadas geneticamente para expressar proteínas híbridas denominadas receptores quiméricos de antígenos (CARs). Os CARs permitem que as células se fixem às proteínas específicas da superfície das células cancerosas, o que faz com que as células T ataquem essas células.

O processo de crescimento das células T em laboratório pode levar de 2 a 8 semanas, dependendo da velocidade com que se desenvolvem. A transferência de células adotivas é uma forma de imunização passiva. 


  • Citocinas

São proteínas de sinalização que são produzidas pelas células brancas do sangue e desempenham um papel importante na resposta imunológica normal do organismo e também em sua capacidade de combater o câncer. Os dois principais tipos de citoquinas utilizados no tratamento do câncer são os interferons e as interleucinas. Os agentes imuno-modificadores podem funcionar por meio de diferentes mecanismos. Um tipo de interferon, por exemplo, aumenta a resposta imune de um paciente com as células cancerosas através da ativação de determinados glóbulos brancos, como as células Natural Killer e as células dendríticas. Os avanços recentes na compreensão de como as citocinas estimulam as células imunes podem permitir o desenvolvimento de imunoterapias e combinações mais eficazes desses agentes.



  • Vacinas

O uso de vacinas no tratamento do câncer é outra abordagem da imuno-oncologia. Estas vacinas são normalmente produzidas a partir das próprias células tumorais de um paciente ou de substâncias coletadas a partir de células tumorais. Elas são projetadas para tratar cânceres "estabelecidos” fortalecendo as defesas naturais do organismo contra a doença. As vacinas podem agir de diferentes maneiras:

  1. Retardar ou impedir o crescimento de células cancerosas.
  2. Reduzir o tamanho de tumores.
  3. Prevenir recidivas da doença.
  4. Eliminar células cancerígenas remanescentes de outras formas de tratamento.

O desenvolvimento de vacinas eficazes para o tratamento do câncer requer uma compreensão detalhada de como as células do sistema imunológico e as células cancerosas interagem. Para que essas vacinas sejam eficazes no tratamento do câncer devem estimular respostas imunes específicas contra o alvo correto. As respostas imunes, também, devem ser "potentes” o suficiente para superar as barreiras que as células cancerosas utilizam para se protegerem do ataque pelas células B e das Natural Killer. Os recentes avanços na compreensão de como as células cancerosas escapam do reconhecimento e do ataque do sistema imunológico estão possibilitando aos pesquisadores adquirir o conhecimento necessário para projetar vacinas contra o câncer. As vacinas utilizadas no tratamento do câncer são diferentes daquelas usadas para a prevenção de doenças.




  • BCG

Bacillus Calmette-Guérin é uma imunoterapia utilizada para tratar o câncer de bexiga. É uma forma enfraquecida do bacilo que causa a tuberculose. Quando aplicada diretamente na bexiga através de um cateter, provoca uma resposta imune contra as células cancerosas. A BCG está em estudo para uso em outros tipos de câncer.



Administração da Imuno-Oncologia.

A imuno-oncologia ainda não é amplamente utilizada como outros tratamentos, por exemplo, cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No entanto, a imuno-oncologia já está em uso no tratamento de vários tipos de câncer.

Muitos tipos de imunoterapia estão em estudo em diferentes ensaios clínicos. 

Para mais informações sobre estudos clínicos consulte nossa seção sobre Pesquisa Clínica.

Para saber se existem estudos clínicos abertos que possam ser uma opção de tratamento para o seu caso, nos grandes centros de pesquisa brasileiros, consulte nossa seção Protocolos Clínicos Abertos.

Como é feita


A imunoterapia pode ser administrada de diferentes maneiras: 

  • Intravenosa - Diretamente na veia.
  • Oral - Em comprimidos ou cápsulas.
  • Tópica - Em forma de creme. Este tipo de imunoterapia pode ser utilizada para o câncer de pele em estágio inicial.
  • Intravesical - Diretamente na bexiga.

Onde é Realizada

A imunoterapia pode ser administrada no consultório médico, clínica ou ambulatório de um hospital.

Frequência da Realização

A frequência e duração do tratamento depende:

  • Do tipo de câncer e seu estágio.
  • Do tipo de imuno-oncologia.
  • De como o organismo reage ao tratamento.

O tratamento pode ser diário, semanal ou mensal. Algumas imunoterapias são administradas em ciclos. Um ciclo é um período de administração da terapia seguido por um período de descanso. O período de descanso permite ao corpo uma chance de se recuperar, responder à imunoterapia e produzir novas células saudáveis.


Reações ao tratamento de Imuno-Oncologia.


A imunoterapia pode afetar o paciente de diferentes maneiras dependo de alguns fatores como:
  • Estado de saúde geral do paciente antes de iniciar o tratamento.
  • Tipo de câncer.
  • Estágio da doença.
  • Tipo de terapêutica que está recebendo.
  • Dose dos medicamentos.

No entanto, o médico e os enfermeiros não podem saber exatamente como cada paciente reagirá durante o tratamento. Cada caso é um caso.



 Efeitos Colaterais da Imuno-Oncologia.

Este tipo de tratamento pode causar efeitos colaterais, que dependem do tipo de imunoterapia realizado e como o organismo reage ao tratamento. Estes efeitos podem incluir:
 

  • Dor.
  • Inchaço.
  • Feridas e ulcerações.
  • Vermelhidão.
  • Coceira.
  • Erupções cutâneas.

Também podem incluir sintomas como:

  • Febre.
  • Calafrios.
  • Fraqueza.
  • Tontura.
  • Náuseas ou vômitos.
  • Dores musculares ou articulares. 
  • Fadiga.
  • Dor de cabeça.
  • Dificuldade respiratória.
  • Alterações na pressão arterial.

Outros efeitos colaterais podem incluir:

  • Edema e retenção de líquido.
  • Palpitações. 
  • Congestão nasal.
  • Diarreia.
  • Risco de infecções. 

A imunoterapia também pode provocar reações alérgicas graves ou até mesmo fatais. No entanto, estas reações são raras.



Como saber se a Imuno-Oncologia está funcionando.


O médico acompanhará o paciente durante o tratamento em consultas regulares. Nessas consultas serão realizadas perguntas sobre sinais e sintomas, efeitos colaterais das diferentes terapias que o paciente recebe, incluindo imunoterapia. Será, também, realizado o exame clínico do paciente e solicitados exames de laboratório e de imagem sempre que necessário. 

Estes exames permitirão ao médico saber como o paciente está respondendo ao tratamento.



Qual o futuro da Imuno-Oncologia no tratamento do câncer?

Nos últimos anos, o rápido avanço na área da imuno-oncologia contra o câncer levou ao desenvolvimento de novos métodos de tratamento que potencializaram a resposta imune contra os tumores. Estas terapias estimulam a atividade de componentes específicos do sistema imunológico ou inibem os sinais produzidos pelas células cancerosas que suprimem a resposta imune.

Atualmente, existem várias pesquisas em andamento para:

  • Compreender por que a imuno-oncologia não responde igualmente em todos os pacientes com o mesmo tipo de câncer.
  • Expandir o uso da imuno-oncologia para mais tipos de doenças oncológicas.
  • Compreender melhor como a imuno-oncologia pode ser utilizada em combinação com terapias tradicionais e outros tratamentos convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia.
 
Fonte: Oncoguia.

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