As apresentações "mais concorridas" do 2020 San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS) e as novas informações sobre questões terapêuticas foram o tema clínico mais buscado da semana.
Os achados do ensaio clínico RxPONDER (Abstract GS3-00) apresentado no SABCS chamaram muita atenção. Este grande ensaio clínico randomizado avaliou o uso de uma pontuação de recorrência entre mulheres com câncer de mama com linfonodo positivo em estágio inicial no intuito de determinar quais pacientes podem fazer quimioterapia com segurança (ver infográfico abaixo). O RxPONDER é semelhante ao TAILORx, cujos resultados foram apresentados pela primeira vez em 2018 e modificaram a conduta terapêutica para as mulheres com doença precoce e sem comprometimento de linfonodo. A diferença é que o ensaio clínico RxPONDER se concentrou no câncer de mama com comprometimento de linfonodo. Embora ainda preliminares, as observações sugerem que algumas mulheres podem conseguir evitar os efeitos colaterais da quimioterapia sem arriscar aumento de recorrência da doença.
Outra apresentação feita no SABCS discutiu dados de uma nova metanálise sobre o uso de um exame de sangue que dosa as células tumorais circulantes (CTC) como forma de avaliar a eficácia do tratamento em pacientes com câncer de mama metastático. Dados de mais de 4.000 pacientes indicaram a presença ou a ausência de células tumorais circulantes como "fortemente" indicadora de sobrevida global. No entanto, alguns especialistas acreditam que, por enquanto, esta estratégia deva permanecer apenas experimental.
Antes do SABCS, vários outros estudos recentes despertaram o interesse. Um estudo publicado no periódico BMJ avaliou o impacto do tratamento hormonal em quase 100.000 mulheres com câncer de mama e mais de 450.000 controles. Os pesquisadores constataram que o uso do tratamento com estrogênio e progestina (TEP) foi associado a uma razão de chances (OR, sigla do inglês Odds Ratio) de câncer de mama de 1,26, visto que o uso do tratamento com estrogênio teve OR = 1,06. Foram diagnosticados 15 novos casos de câncer de mama a cada 10.000 pessoa-anos entre as mulheres com 50 a 59 anos de idade que utilizaram tratamento com estrogênio e progestina durante cinco anos ou mais. Dentre as que fizeram tratamento com estrogênio, o risco atribuível foi de três novos casos de câncer de mama a cada 10.000 pessoa-anos. O Dr. Andrew M. Kaunitz, médico, sugeriu que as pacientes sejam informadas que, embora o tratamento com estrogênio e progestina aumente o risco de câncer de mama, a magnitude deste aumento do risco é pequena e deve ser ponderada em relação aos seus benefícios, como a prevenção da osteoporose.
Em outro lugar, uma revisão constatou que a gestação após o tratamento do câncer de mama entre pacientes com mutações BRCA é segura. O estudo foi feito entre 1.252 mulheres com menos de 40 anos de idade no momento do diagnóstico de câncer de mama invasivo de estágio I a III, com mutação BRCA. A incidência de abortamento foi de 10,3%, que é inferior à esperada na população geral. Houve complicações no parto em 13 das 112 gestações com dados disponíveis (11,6%) e ocorreram anomalias congênitas em apenas duas gestações (1,8%) — uma prevalência mais baixa do que a prevista na população geral. Vale ressaltar que não houve diferença de sobrevida livre de doença ou de sobrevida global entre as mulheres que engravidaram e as que não engravidaram.
Das novas informações sobre se a quimioterapia pode ser evitada em certos casos até o incentivo a achados sobre outras questões relacionadas com o tratamento, notícias potencialmente decisivas sobre o câncer de mama ajudaram a tornar este o tema clínico mais buscado da semana.
Fonte: Medscape
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