Mesmo com os esforços das instituições em saúde oncológica para desmistificar o câncer, infelizmente, seu diagnóstico é uma realidade delicada para grande parte das pessoas. Por acaso você é dessas pessoas que nunca sabe o que falar neste momento? Este post é para você.
Quando me aproximei das famílias dos projetos apoiados pelo Instituto Ronald McDonald, fui me familiarizando, mas muitas vezes as palavras me fugiam ao tentar dar algum apoio. Nestas horas, nem mesmo a maternidade me parecia uma boa ferramenta de diálogo.
Na ânsia por apoiar quem gostamos, dizemos coisas que reforçam pensamentos prejudiciais. Isso não significa que somos ruins e devemos nos afastar.
As rotinas de casas de apoio que fazem parte da rede beneficiada pelo Instituto, assim como as Casas Ronald McDonald não deixam dúvida sobre o poder curativo da presença de pessoas queridas na rotina de quem enfrenta a doença.
Porém, refletindo sobre essa fragilidade, resolvi deixar aqui 5 dicas que aprendi nestes últimos meses ouvindo frases ditas na melhor das intenções:
“Nossa, você está muito bem, está mais gordinho(a)!”
Falar sobre a aparência física de um paciente pode ser uma “armadilha”. Existem alguns métodos para tratar o câncer, e cada corpo reage de forma distinta a eles, mas é fato que a agressividade das intervenções fica aparente nos aspectos físicos.
Então, estar mais gordo não é necessariamente sinal de saúde e a queda dos cabelos não é algo bobo. Todas as mudanças externas são sinais de rotinas bem difíceis de tratamento.
“Meu vizinho teve câncer e ele sofreu tanto, espero que você não passe pela mesma coisa.”
O câncer é o nome dado para um conjunto de mais de 100 doenças, e embora muito estudado por milhares de pesquisadores da saúde, ainda é um distúrbio que pode surpreender na sua manifestação. Cada organismo responde de um jeito à evolução da doença, ao tratamento, e as características históricas, genéticas e psicológicas de cada paciente.
Evite contar e comparar as experiências de pessoas diferentes. Caso você tenha uma história muito incrível de superação para contar, tente destacar as vitórias ao invés dos momentos mais dramáticos, valorizar a cura é o mais importante.
“Você tem que enxergar as coisas com mais positividade.”
Enfrentar um grande desafio como câncer requer coragem e muito otimismo, mas, infelizmente, nem sempre nossa mente tem esta disposição toda. Por isso, pessoas com câncer lidam de maneiras muito diferentes ao processo, além de passar por fases distintas e dias que são melhores e outros piores.
Tente não se apegar as falhas e fraquezas dessa trajetória. As pessoas têm posturas particulares diante dos problemas, apenas respeite cada uma delas.
“Mas você acha que fazer isso ou aquilo não seria melhor?”
A medicina tradicional dedica grande parte dos seus esforços para encontrar os melhores métodos contra o câncer. Ainda não temos um procedimento ideal que evite sofrimentos, mas já avançamos muito em direção a cura.
Como já falamos aqui, cada corpo reage de uma forma, e alguns procedimentos serão mais eficientes que outros para determinadas pessoas. Busque ajudar levando informações, mas nunca critique ou duvide da eficácia das tentativas já adotadas.
“Isso vai passar e rapidinho você vai estar melhor”
Especificamente com as crianças, lidar com definições temporais pode ser bastante desafiador. Elas têm percepções diferentes sobre o tempo e ainda estão aprendendo a dominar a paciência.
Comentários assim podem gerar uma expectativa que nem sempre será atingida, prazos vagos ou afirmações incorretas geram dúvidas e medos na criança. Procure abraçá-las e mostre como estará por perto todo o tempo necessário, passando cuidado e proteção.
É óbvio que na maioria das vezes todos esses comportamentos são reflexos de uma imensa vontade de ajudar. Buscamos mostrar que estamos ali, torcendo e mandando as melhores energias.
Continue com esse propósito, mas tente lembrar de 3 coisas:
- Ouça mais e fale menos, na maioria das vezes as pessoas só querem ser ouvidas;
- Busque agir para aliviar a rotina do paciente e de sua família, mas cuidado para não desrespeitar os hábitos e costumes de cada pessoa;
- Elogie e valorize as vitórias, sempre reforce o quanto ela já está lutando com garra e perseverança;
É compreensível que às vezes nos sintamos sem saber o que fazer, mas um pouquinho de sensibilidade pode mostrar exatamente como agir. Com carinho e atenção você pode ser uma ótima companhia para alguém que só precisa de um ombro amigo. Quer saber como? Leia nosso conteúdo sobre bem-estar de crianças e adolescentes com câncer.
Fonte: Instituto Ronald
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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