segunda-feira, 22 de março de 2021

A ligação entre paciência e serotonina, de acordo com a ciência

Foi descoberto que a serotonina é o neurotransmissor que nos ajuda a sermos mais pacientes. Em vez de conceber essa dimensão como uma virtude, devemos vê-la como uma competência que deve ser praticada diariamente. Graças a ela, ganharíamos bem-estar psicológico. 

Costuma-se dizer que a paciência é uma virtude, mas a ciência nos diz que, mais do que uma virtude, é uma competência neurológica que todos nós podemos (e devemos) desenvolver. Você sabe qual é a relação entre a paciência e a serotonina?

Se tivermos consciência por um momento do que significaria para todos nós sermos mais pacientes, mais capazes de suportar os contratempos e saber esperar que as coisas aconteçam sem nervosismo nem frustração, seremos capazes de viver melhor.

A primeira coisa que alcançaríamos é o obter bem-estar psicológico. Porque viver no modo “Eu quero agora e quero já”  é o combustível para a mente ansiosa. Somos aquela sociedade apressada que pratica a antítese da paciência. A grande maioria de nós é vítima da pressa, cativa da falta de tempo e obcecada pela necessidade absoluta de controle.

Na década de 1970, o ketchup Heinz ainda era vendido em garrafas de vidro. Algo que os executivos dessa famosa marca descobriram é que os consumidores ficavam frustrados com o uso desse recipiente. O vidro os obrigava a virar o produto e esperar que o molho caísse. A impaciência os incomodava e as vendas caíram.

Diante disso, eles foram forçados a criar uma campanha publicitária inovadora. Eles criaram o slogan “It’s slow good para convencê-los de que vale a pena esperar pelas coisas boas e de qualidade e que elas exigem paciência. Isso foi um sucesso.

Os viciados em impaciência estão fadados a uma frustração constante. No entanto, nada pode ser mais enriquecedor do que treinar a paciência e a compreensão de que, às vezes, vale a pena esperar.

Paciência e serotonina: como se relacionam?

Embora queiramos ter paciência todos os dias e em todas as circunstâncias, o cérebro não está preparado para esta arte existencial. Ele é governado por dois mecanismos básicos: o primeiro é obter reforços imediatos. Buscar prazer, recompensa, bem-estar. Por exemplo, não gostamos de esperar demais quando estamos com fome ou esperar uma hora para aquela pessoa nos responder no WhatsApp.

Há também outro fato. Quando não conseguimos o que queremos, quando nossa realidade é dominada pela incerteza, o cérebro reage com alarme e sofrimento. Porque quando as coisas não acontecem como esperamos, sofremos, surge a ansiedade e o abismo das preocupações. Não gostamos de passar tempo na sala de espera da vida, mas grande parte da nossa existência segue esse padrão.

A paciência é uma rede de proteção que nos permite atravessar a complexidade do dia a dia sem cair na frustração e no desconforto. Agora, a ciência descobriu qual é o mecanismo que nos permite fortalecê-la. Vamos analisar mais profundamente.

A serotonina e o seu papel na paciência

Katsuhiko Miyazaki e o dr. Kayoko Miyazaki, da Universidade de Okinawa (Japão), fizeram uma descoberta interessante, cujo estudo foi publicado na revista Science Advances. 


  • Sabemos que aprender a suprimir o desejo de gratificação é essencial para regular as emoções, melhorar nosso comportamento e alcançar melhores benefícios de longo prazo. A impaciência é a fonte da ansiedade e a raiz de grande parte do desconforto psicológico.
  • Até agora não sabíamos quais eram os mecanismos que diferenciavam os mais pacientes dos mais impulsivos.
  • O estudo realizado na Universidade de Ciência e Tecnologia de Okinawa descobriu que a serotonina é o neurotransmissor que modula a paciência. Isso foi comprovado em modelos animais, especificamente em camundongos.
  • A serotonina é o neurotransmissor responsável por regular vários processos polivalentes, desde o humor, os ciclos de sono e vigília, apetite, etc. Agora sabemos que também é fundamental para favorecer o controle dos impulsos e nos permitir ser mais pacientes.
  • Atualmente, o mecanismo da serotonina está sendo muito mais estudado. A ideia é saber como isso afeta diferentes áreas do cérebro.
  • A paciência não vem de fábrica, ela é treinada

    Como dizia Santo Agostinho, a paciência é a mãe da sabedoria. Porém, um aspecto que este estudo também detalha é que essa competência é fruto do aprendizado. Treiná-la se reverte positivamente para a nossa qualidade de vida, pois nos dá liberdade emocional, entre outras coisas.

    Muitas pessoas vão em busca de ajuda porque o mundo não é o que elas querem que seja. A frustração não é a chave de nenhuma porta. A impaciência nos faz bater nas mesmas paredes repetidamente, desesperados e com raiva.

    Diante dessa situação, é comum nos perguntarmos como fazer… como ser mais paciente? Como fazer o cérebro liberar mais serotonina? As seguintes frases ajudam a refletir sobre isso.

    • A paciência é a capacidade de manter a calma diante da adversidade.
    • Para desenvolvê-la de maneira ideal e eficaz, devemos começar a tolerar as emoções negativas. É necessário aceitar, compreender e regular nosso universo emocional interno.
    • O autocontrole é o antídoto para a impulsividade.
    • Reformule a sua maneira de pensar sobre tudo que te faz perder a paciência.
    • Lembre-se dos seus propósitos. Paciência é saber esperar porque sabemos que esperar nos permitirá alcançar algo melhor.

    Para concluir, num mundo marcado pela incerteza e mudanças imprevistas, ser paciente não é uma necessidade, é quase uma obrigação. Vamos treinar a mente com esta ferramenta da vida para atravessarmos melhor os dias difíceis.

    Fonte: Mente Maravilhosa

    As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

    É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

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