A ideia de uma técnica de meditação totalmente focada no momento presente nasceu nos EUA na década de 1970, quando o biomédico Jon Kabat-Zinn começou a estudar a relação entre a meditação zen budista e o alívio do estresse e da dor.
Ciente de todas as etapas da prática, ele achou interessante fazer uma pequena alteração: em vez de manter a mente fixa no que seriam as informações corretas (como prega o zen budismo), o caminho seria aceitar as informações presentes simplesmente como elas são - boas ou ruins, certas ou erradas.
Assim começou a mindfulness - ou "atenção plena" -, uma meditação regulada pela atenção à experiência do momento presente. Hoje, passados 40 anos, a mindfulness é replicada e empregada em todo o mundo como uma ferramenta para, além de aliviar estresse e dor, tratar depressão e ansiedade e ajudar as pessoas a encontrarem seus pontos de concentração e equilíbrio em todos os momentos do dia a dia.
"A exigência para que sejamos multitarefa faz com que muita gente esteja com a cabeça sempre no passado ou no futuro. Por se adaptar muito bem à realidade que vivemos, a mindfulness passou a ser usada para trazer as pessoas de volta para o presente não só na hora da meditação, mas em tudo que fazem", afirma a filósofa Karitas Ribas, pesquisadora em biologia cultural e especialista em mindfulness.
Dicas para começar a meditação mindfulness
Sempre que surge a vontade de se aprofundar em alguma técnica de relaxamento e autoconhecimento, o ideal é aderir a um curso ministrado por um profissional especializado. A regra vale para a mindfulness, mas qualquer pessoa pode incorporar suas premissas básicas ao dia a dia.
A professora de mindfulness Katya Stubyng, que possui mestrado em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP, e a filósofa Karitas Ribas sugerem, a seguir, cinco dicas para iniciar a prática por conta própria.
1. Tome consciência de cada parte do seu corpo mentalmente
Sentado e de olhos fechados, pense em cada parte de sua cabeça - testa, olhos, nariz, boca, bochechas, orelhas - e, lentamente, faça um passeio mental pelo resto de seu corpo, até chegar aos dedos dos pés.
2. Perceba as sensações proporcionadas pelas roupas que está usando
É um tecido macio ou áspero? A roupa é justa ou folgada? O corpo está confortável ou algo incomoda? Questione de si para si aspectos tanto das características das roupas quanto das sensações que elas proporcionam.
3. Sinta o vento ou a ausência dele enquanto caminha ou dirige
O ar que nos rodeia e que respiramos é tão natural que nem damos atenção a ele. Vire essa chave e passe a sentir o vento enquanto anda pela rua ou enquanto dirige. Com isso, você começa a introduzir a mindfulness ao seu dia a dia.
4. Preste atenção a tudo que bebe ou come
Qual é o gosto dos cafezinhos que você toma durante o expediente? Bebê-los é uma atitude tão automática que muita gente não sabe mais responder essa pergunta com precisão. Mesmo que você saiba, passe a sentir cada gole desde o momento em que encosta os lábios no copo até a passagem dele pela garganta.
O mesmo vale para o almoço, o jantar e os lanches: dê atenção a cada composição de garfada, à textura dos alimentos, aos atos de mastigar e de engolir a comida. Esteja totalmente concentrado na refeição - para isso, fique longe da TV e do celular.
5. Tome consciência de cada parte do seu corpo fisicamente
No banho, preste atenção a cada parte do corpo por onde você passar as mãos, a esponja ou a bucha. Não pense em nada mais, apenas em seu corpo e as sensações da sua pele.
Benefícios práticos da mindfulness
As especialistas Katya e Karitas contam também quais são os benefícios palpáveis alcançados pela prática da meditação mindfulness. Confira:
Menos ansiedade
Ao tomar consciência de que está acontecendo e focando no aqui e agora, você deixa de remoer fatos ocorridos no passado e de se preocupar por antecipação com o futuro. Se o que importa é o que está ao alcance das suas mãos, você tem domínio sobre isso e não tem motivo para ficar ansioso.
Alívio dos sintomas de depressão e de estresse
A meditação mindfulness diminui a produção de cortisol, o hormônio do estresse que também é relacionado à depressão.
Maior concentração
A concentração é um hábito. A partir do momento em que você se acostuma a se concentrar no corpo e nos gestos, passa a também conseguir se concentrar mais em leituras, conversas e até a acompanhar filmes e esportes de longa duração.
Menor necessidade de retrabalho
Tudo que é feito com concentração tende a ser bem feito desde sua primeira versão. Sem pontas soltas ou detalhes que tenham sido esquecidos, o retrabalho se torna praticamente inexistente - o que é ótimo em dias com minutos tão contados: sobra mais tempo para você se dedicar ao que lhe interessa, de fato.
Maior tolerância
Quem entende a realidade presente com suas qualidades e defeitos passa a compreender melhor as atitudes e comportamentos alheios. Não há espaço para se indignar com o que deveria ter sido feito ou dito pelos outros; o que é, é. Pessoas que aderem à meditação mindfulness são mais tolerantes e tornam a vida ao seu redor mais agradável.
Fonte: Minha Vida
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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