Para elas, o esporte é uma forma de recuperar a saúde e a autoestima
Larissa Lima Barbosa, Thaís Helena Madureira, Margareth Vidal e o treinador Felipe Terrano: equipe de canoagem unida para vencer a dor e o preconceito deixados pelo câncer de mama.
Elas lutaram contra uma doença muitas vezes devastadora. Sobreviveram e, agora, fazem parte do projeto Canomama, uma iniciativa para vencer o estigma que acompanha o diagnóstico de câncer de mama. São 22 mulheres que têm como único lema aproveitar bem cada dia (carpe diem), de maneira saudável e prazerosa, por meio da prática da canoagem havaiana. Guerreiras, ao remar com braçadas fortes nas águas do Lago Paranoá, elas driblam os traumas emocionais deixados pela doença; as dores enfrentadas pela mastectomia e encaram, destemidas, o processo de reabilitação após a cirurgia.
À frente do Canomama, está a nutricionista Larissa Lima, 42 anos. Diagnosticada com câncer de mama em 2014, ela não se deu por vencida nem no primeiro momento, quando recebeu a notícia. “Ao saber, pedi ao médico para repetir a informação. E fui direto ao ponto. Questionei o que tinha de ser feito e já saí do hospital com a cirurgia marcada”, lembrou a nutricionista.
Uma das saídas encontradas por Larissa para superar a doença foi oferecer ajuda às mulheres que também passaram pela mastectomia. “Comecei a estudar sobre o câncer de mama e conheci as pesquisas realizadas na Universidade de British Columbia, no Canadá, em que o médico Don McKenzie defende que remar traz um grande benefício para a recuperação de mulheres com carcinoma. Ele utilizou o Dragon Boat (canoa com 22 remadores) como foco do estudo e criou o esporte oficial (que ficou conhecido como Abreast in a Boat) para as sobreviventes desse mal”, explicou.
Uma das saídas encontradas por Larissa para superar a doença foi oferecer ajuda às mulheres que também passaram pela mastectomia. “Comecei a estudar sobre o câncer de mama e conheci as pesquisas realizadas na Universidade de British Columbia, no Canadá, em que o médico Don McKenzie defende que remar traz um grande benefício para a recuperação de mulheres com carcinoma. Ele utilizou o Dragon Boat (canoa com 22 remadores) como foco do estudo e criou o esporte oficial (que ficou conhecido como Abreast in a Boat) para as sobreviventes desse mal”, explicou.
A prática do remo pode ser uma poderosa aliada no resgate da qualidade de vida de pacientes com câncer de mama, que tiveram de lidar com a difícil realidade da remoção completa dos seios. Além disso, as pesquisas de Don Mackenzie, há 21 anos, mostraram que a atividade reduz os inchaços e diminuem as dores na hora de movimentar os braços, consequências da mastectomia. “Em vez de ficarmos condicionadas ao estigma da doença, vamos à luta ao realizar uma atividade física aquática. Além, é claro, dos inúmeros benefícios fisiológicos, somos confidentes umas das outras e, acima de tudo, solidárias”, destacou a nutricionista.
Muitas dessas mulheres renascem após praticarem o remo em grupo, já que isso estimula o convívio e a interação social. A autoestima delas aumenta, assim como a qualidade de vida. É o caso da funcionária pública Margareth Vidal, 54. “Fui diagnostica em 2014. Por incrível que pareça, a doença me abriu as portas para o esporte. Hoje, estou viciada em endorfina”, garante. Para a advogada Thaís Helena Madureira, 37, uma mulher que teve câncer não precisa se sentir excluída. “A doença nunca foi uma sentença de morte para mim. Só reforçou que a vida me deu uma segunda chance”, assegurou.
Esporte levado a sério
Todas as participantes do movimento Canomama são orientadas pelo coach e preparador físico Felipe Terrana. Em virtude do trabalho feito com os membros superiores — a musculatura peitoral e dorsal —, a canoagem promove o equilíbrio corporal, e também reduz os inchaços nos braços, muito comum em mulheres que tiveram a doença. “Respeitada a individualidade e a limitação de cada uma, treinamos para competir e não fazemos feio. As remadoras da Canomama chegaram em primeiro lugar no I Festival Kaora Dragon Boat, no Brasil, em outubro do ano passado. O grupo agora espera conseguir apoio para participar do II Festival Dragon Boat, em 2018, em Florença, na Itália”, anima-se o professor.
A equipe treina no espaço cedido pela No’Ah, no Clube Adepol, no Setor de Clubes Esportivo Sul. “É uma responsabilidade social atender ao movimento Canomama. Muita gente chega aqui sedentária, obesa e deprimida, com dificuldades nas relações interpessoais. Com a prática da canoagem havaiana, elas ficam totalmente motivadas”, garantiu Marcelo Ottoni Nepomuceno, um dos sócios do espaço.
Além disso, são oferecidas aulas e passeios para que todas as atletas iniciantes possam conhecer melhor a modalidade. A líder do Canomama acrescenta que, quem tiver interesse em participar da equipe, basta receber alta médica e levar atestado. Para a prática da canoa havaiana, também é feita uma avaliação fisioterápica, nutricional e física.
Trabalho em grupo
Dragon Boat é uma atividade náutica milenar realizada em barcos de até 46 pés. É preciso ter de 22 tripulantes, sendo 20 remadores, um leme e um no tambor, dando o ritmo à remada.
História
Esporte milenar, a canoa havaiana está há mais de três mil anos em atividade e surgiu na região do triângulo polinésio. As canoas foram inicialmente usadas pelos povos polinésios pela necessidade de colonizar novas terras nas ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e os Estados Unidos, incluindo Havaí e Taiti (essa última, faz parte da Polinésia Francesa). A prática conquista cada vez mais adeptos no Distrito Federal e tem atualmente dez pontos no Lago Paranoá, nos quais diversas equipes treinam diariamente.
Canomama
Whattsapp: 99216-1806
Facebook: https://www.facebook.com/canomama/?fref=ts
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