Quando eu fui diagnosticada com câncer, não teve outro jeito, fui parar na casa da minha avó. O meu porto seguro sempre foi Florianópolis, mais exatamente na casa dela. Quando eu nasci ela veio a Florianópolis para ajudar a cuidar de mim, então eu queria estar lá na casa dela também nessa fase que eu precisava de cuidados novamente. Assim que precisei raspar meus cabelos, não foi fácil, eu estava muito triste, minha prima veio com um gatinho tão feinho e judiado pra ver se a gente podia cuidar. Ela tinha o encontrado abandonado num terreno baldio. Ele estava sujo, tinha pouco pelo entre as orelhas, o rabo parecia um rabo de ratazana; aquele pequeno Siames precisava ir ao veterinário! Fomos ao veterinário, ele tirou sangue, tomou vacinas, banho, eliminaram as pulgas, e assim pode voltar pra casa, liberado para ficar tomando conta de mim. Eu ficava muito em casa naquela fase e a gente se apegou muito! Parecia que ele sabia que naquela casa eu que precisava de carinho, então aonde eu ia, ele ia atrás. Se eu ia dormir ele já estava lá me esperando no lugarzinho dele na minha cama, ele adorava o gosto da pasta de dente que saia da minha boca, ensinei ele a tomar água da pia enquanto eu escovava os dentes. Se eu estava escrevendo no blog, ele queria participar também, sentir o calorzinho do teclado. Se ele achava que eu pudesse sentir frio na careca ele vinha me esquentar e se fazia as vezes de chapeuzinho. Sempre teve muito cuidado com meus peitos, as vezes ele ia se deitar ali, parecia que ele sentia onde era mais doloroso pra mim: na cabeça e nos peitos. E era um grude comigo! A medida que meus cabelos iam crescendo o Nino também crescia. Os pets só fazem bem pra gente durante o tratamento, nos dão carinho, fazem a gente sorrir o tempo todo, afastam a depressão assim ajudam no aumento da imunidade. E a companhia deles são as melhores! Hoje eu moro em São Paulo e o Nino ficou na casa da minha avó em Florianópolis, melhor pra ele porque eu viajo muito e seria muito ruim deixá-lo sozinho no apartamento. Floripa é a praia dele, onde tem uma casa com quintal, liberdade de passear na rua quando quer, comida de primeira, carinho da vó Kerta e do Gregorio. Mas sempre que eu chego lá é uma festa! Já saio chamando Niiiiiinoooooo! E ele sai do esconderijo preferido dele, no forro da minha cama, para me receber! Fonte: Quimio Terapia e Beleza.
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