De repente, seu mundo cai. Aquela novidade cai bombardeando a vida, tirando o chão e a tranquilidade. No meio do caos e do medo, entretanto, surge um fiapo de esperança, que se expande e faz com que a má notícia se transforme em algo poderosamente positivo, com efeitos para o resto da vida.
Degrau por degrauCom uma filha de 11 anos para cuidar, depois de perder o emprego e enfrentar o fim de um casamento de 12 anos, em 2006, Mirela Janotti, descobriu um câncer de mama. “Já estava em estágio avançado, tive que reconstruir os dois seios”, conta.
A situação levou Mirela acreditar que ter um novo emprego e entrar em um novo relacionamento seriam conquistas distantes para quem precisava conviver com cirurgias, quimioterapia e seus efeitos colaterais.
“Foi muito difícil. É a pior coisa do mundo. Só seria pior só se fosse com um filho seu. São todos os clichês. O chão se abre mesmo. A vida passa como um filme porque você não pode morrer”.
Ela recorda que, quando abria os olhos pela manhã, lembrava que tinha câncer, e se dava conta de que não era um pesadelo. “O tempo foi me ajudando a ter forças. Eu era um pano sujo de chão. Conforme as cirurgias iam indo bem, eu me sentia melhor. Foi um degrau de cada vez”.
A força de uma peruca
Ainda em fase de tratamento, Mirela foi a uma entrevista de emprego e voltou contratada. “Nunca foi tão bom trabalhar. Eu costumava reclamar de acordar cedo. Mas, eu tinha um motivo pra sair de casa, me arrumava, colocava lenços coloridos”.
Em uma festa, ela resolveu usar uma peruca loira. Entre conversas e flertes, acabou passando o telefone para um rapaz. “Ele achou um charme! Por quase toda a noite, ele não sabia. Depois, eu contei. Ele me ligou e, hoje, é meu marido. Estamos juntos há nove anos”
Essa virada positiva em sua vida, bem no começo do enfrentamento do câncer, foi de muita importância. Com muitas histórias a contar, Mirela escreveu um livro: “Força na Peruca – tragédias e comédias de um câncer”. “Muitas passam pelo mesmo problema. Eu abracei a causa e lancei também um segundo livro, ‘Mulheres de Peito’”. Até hoje, ela recebe inúmeros contatos de pessoas que precisam lidar com o câncer.
Agora, quase dez anos depois do diagnóstico, ela diz que “se transformou”. “Sempre me policio, toda vez que me pego sofrendo por bobagens. Já pensei por tempestades, não é qualquer chuvisco que me molha. Mas, chata continuo sendo. Quem passa por situações assim tem uma visão diferente do mundo. Tenho menos orgulho, engulo mais sapos hoje do que naquela época”.
Fonte: Daquidali.
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