Entidade produziu documento que responde às principais dúvidas relacionadas a imunização das pessoas com câncer
São Paulo, 26 de janeiro de 2021 – Com a emergência da vacinação contra a COVID-19, a discussão sobre vacinação de pacientes oncológicos ganha mais relevância, trazendo à tona muitas incertezas. A crescente disseminação de fake news impactou a confiança da população na vacinação, mas, segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), as vacinas aprovadas no Brasil são eficazes e imprescindíveis para a proteção daqueles que vivem com câncer e no combate à pandemia de forma geral.
Segundo a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, a entidade está comprometida em transmitir informação confiável para a população. “Temos o intuito de esclarecer questões e recomendar condutas baseadas em evidências científicas. Queremos ainda fazer um alerta para a necessidade da cooperação de todos, profissionais de saúde e população em geral, para que a vacinação aconteça por completo. Todos nós temos um papel decisivo no combate dessa crise, seja na vacinação, seja cumprindo os protocolos de segurança.”
Para enfatizar as condutas médicas baseadas em evidências científicas, a SBOC organizou um grupo técnico especializado para desenvolver recomendações sobre a aplicação da vacina contra a COVID-19 em pacientes oncológicos. O documento, disponível no site da entidade, traz algumas das principais dúvidas relacionadas à imunização de pacientes com câncer, tais como:
Por que vacinar pacientes oncológicos contra a COVID-19? Pessoas com câncer foram classificadas como grupo de risco para complicações da COVID-19. Estudos mostraram maior gravidade da infecção em pacientes oncológicos, com mortalidade variando de 6 a 61%, com risco de óbito por volta de 26%, muito acima do que na população geral (2 a 3%)¹. Portanto, o intuito da vacinação é diminuir a morbidade e mortalidade da COVID-19 nos pacientes oncológicos4. Segundo Dr. Sandro Cavallero, diretor da SBOC e coordenador do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central, há vários riscos envolvidos entre a associação do câncer e do novo coronavírus. “Além do impacto mais severo, a infecção pelo Sars-CoV-2 pode ter desdobramentos também no cuidado oncológico, levando a atrasos em exames diagnósticos, de triagem, tratamentos e monitoramento da doença, podendo levar a consequências devastadoras”, alerta. Apesar de o grupo não ter sido incluído em estudos clínicos, as evidências de dados clínicos de outras vacinas apontam que o malefício de não vacinar é significantemente maior, dada a mortalidade associada ao vírus nessa população, do que àqueles associados a potenciais reações vacinais. “É importante lembrar que as vacinas contra COVID-19 aprovadas no Brasil são definitivamente seguras. A única vacina contraindicada para pacientes imunossuprimidos, ou seja, quando a eficácia do sistema imunológico é reduzida, é a vacina de Oxford, por conter vírus vivo. De qualquer forma, é imprescindível a avaliação médica individual de cada paciente quanto a possíveis restrições à vacinação”, afirma. As vacinas contra a COVID-19 são eficazes nesses pacientes? A princípio, sim. Dados de vacinação em pacientes oncológicos em outros contextos, como influenza, doença pneumocócica e herpes, sugerem haver um efeito protetor5. “A vacinação contra influenza, reduziu hospitalizações relacionadas à doença, interrupção de quimioterapia ou risco de morte”, explica Dr. Sandro. Baseados nesses dados e de outras vacinas, associado à interpretação dos mecanismos de ação das vacinas contra a COVID-19 (com agentes não vivos), pressupõe-se que a eficácia e a segurança da vacinação contra o Sars-CoV-2 seja similar à população geral. “A eficácia pode variar em diversos contextos, como tipo de tumor, extensão da doença, tratamento imunossupressor, entre outros. Entretanto, os benefícios da vacinação parecem ultrapassar substancialmente e significativamente os riscos”, complementa. A equipe de saúde envolvida no tratamento oncológico deve ser vacinada? Sim, desde que não haja contraindicação à vacinação ou componente da vacina6. “A vacinação da equipe de saúde contra influenza mostrou reduzir a transmissão da infecção em ambientes hospitalares. Além disso, alguns pacientes imunocomprometidos podem não adquirir resposta imune suficiente à vacinação, dessa forma, podemos evitar que a equipe, que trabalha em um cenário de alto risco, contamine esses pacientes”, esclarece Dr. Sandro. Pacientes com história prévia de COVID-19 ou que já possuam anticorpos devem ser vacinados? Sim. Alguns pacientes já infectados por Sars-CoV-2 foram incluídos em estudos clínicos e mostraram melhorar a resposta imune sem nenhum acréscimo à toxidade da vacina. Segundo Dra. Ignez Braghiroli, diretora da SBOC e coordenadora do Comitê de Tumores Gastrointestinais, não existe garantia de que a presença de anticorpos seja sinal de proteção futura. “Até o momento, não existe experiência suficiente relacionando a já existência deles no organismo com a proteção futura, e a duração da imunidade não está claramente estabelecida. O teste sorológico antes da vacinação não é recomendado, assim como não é utilizado para guiar o momento da vacinação”, completa. Quem se vacinou ainda precisa usar máscara e seguir o distanciamento social? Sim. Mesmo após a aprovação das vacinas e o início da vacinação no Brasil, temos um longo período até toda a população estar vacinada. “Não podemos deixar de lado os protocolos de segurança: mantenha o isolamento social, caso precise sair utilize a máscara correta cobrindo boca e nariz, desinfete objetos e roupas quando voltar para casa, lave as mãos e os punhos com bastante frequência, e utilize o álcool em gel”, conclui Dra. Ignez. |
Além de sair na frente em relação aos esclarecimentos sobre a vacinação de pacientes oncológicos contra a COVID-19, a SBOC é a entidade que tem liderado um dos maiores estudos do país sobre o impacto do novo coronavírus entre as pessoas com câncer, o ONCOVID-19.1. O projeto foi aprovado em tempo recorde pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), em abril do ano passado, e tem coletado informações de todas as regiões do país com o propósito de servir como base para a elaboração de estratégias, protocolos e políticas de combate à COVID-19 entre as pessoas com câncer.
A SBOC também desenvolveu a campanha Contra o Câncer e Sem COVID-19, cujo objetivo tem sido divulgar sugestões de condutas técnicas a serem tomadas pelos oncologistas clínicos para protegerem seus pacientes contra o novo coronavírus, encorajando-os a seguir os cuidados necessários contra o câncer.
Fonte: SIS Saúde
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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