Desde o dia 17 de janeiro, brasileiros já são imunizados contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) e, até agora, mais de um milhão de pessoas já receberam a primeira dose de uma das duas vacinas contra a COVID-19, autorizadas de forma emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com foco inicial nos grupos de risco e nos profissionais da saúde, existem inúmeras dúvidas sobre quem poderia se vacinar ou não contra o agente infeccioso.
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Para entender as recomendações da vacinação contra a COVID-19, o Canaltech conversou com o infectologista Renato Grinbaum, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. Vale comentar que Grimbaum atua na linha de frente contra o coronavírus na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e já recebeu a primeira dose da CoronaVac, "sem qualquer reação adversa".
Além disso, foram consultadas as bulas da CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e pela Instituto Butantan, e da vacina de Oxford, elaborada pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ambos os documentos foram disponibilizados pela Anvisa, em seu site oficial.
Quem pode se vacinar contra a COVID-19?
"Ambas as vacinas [aprovadas pela Anvisa] são seguras e, por isso, a maioria das pessoas pode receber o imunizante", explica o infectologista sobre a segurança dos imunizantes que adotam técnicas já conhecidas pela ciência para gerar defesas contra o agente infeccioso da COVID-19. Por exemplo, "a vacina de Oxford é feita com um vírus vivo, não o coronavírus, mas um vírus que não é causador de doença em seres humanos [apenas em macacos], e modificado geneticamente", comenta o professor. Já a CoronaVac adota o coronavírus inativado ("morto"), o que impede uma hipotética infecção da doença.
Sobre essas orientações, a bula da CoronaVac esclarece que "é indicada para imunização ativa para prevenir casos de COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, em indivíduos com 18 anos ou mais que sejam suscetíveis ao vírus". De forma bastante semelhante, a vacina de Oxford "é indicada para a imunização ativa de indivíduos a partir de 18 anos".
Em outras palavras, as duas vacinas podem ser adotadas por indivíduos com mais de 18 anos na prevenção de infecções pelo coronavírus. Inclusive, pacientes que tratam (ou trataram) algum tipo câncer e idosos com mais de 65 anos podem receber o imunizante. Agora, as contraindicações são bastante restritas, como veremos a seguir. No entanto, elas podem variar conforme avança a campanha de vacinação e novos estudos sejam concluídos.
Casos especiais da vacinação
Grávidas e lactantes
Na vacinação contra a COVID-19, um dos casos especiais são as mulheres grávidas e as lactantes que, em algumas circunstâncias podem se vacinas, mas apenas com a recomendação médica. De maneira geral, "vale o conceito de que vacinas feitas de vírus vivos [como o imunizante de Oxford] não podem ser aplicadas em gestantes e imunodeficientes", comenta o Grinbaum.
Nesse caso, a vacina de Oxford orienta que "este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica". Dessa forma, é recomendado que a pessoa "informe o seu profissional de saúde" em caso de gravidez e de amamentação, já que existem dados limitados sobre os efeitos da fórmula nesses indivíduos.
Na bula da CoronaVac, também é ressaltado que o medicamento "não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista", o que acontece por falta de informações sobre reações nesse grupo específico. "Estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há estudos controlados em mulheres grávidas ou lactantes", detalha o documento. Nessas circunstâncias, valerá a ponderação entre as partes sobre os riscos envolvidos.
Vacinação com precaução
Além disso, existem alguns grupos de pacientes que devem ter cuidados especiais na hora da vacinação, como pessoas que utilizam anticoagulantes. Nesses indivíduos, qualquer vacina injetável — como a CoronaVac e a de Oxford — devem ser aplicadas com precaução para evitar incidentes, principalmente hemorragias. No entanto, esse cuidado não impede a imunização contra o coronavírus.
Outro grupo que deve ter cautela deve ser os pacientes com doenças reumatológicas, como artrite e lúpus, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Novamente, a vacinação pode ocorrer, mas é importante se atentar ao estágio da doença.
"Preferencialmente, o paciente deve ser vacinado estando com a doença controlada ou em remissão, como também em baixo grau de imunossupressão ou sem imunossupressão. Esta não é uma condição imprescindível para que o paciente seja vacinado, mas um cenário ideal. Estando em outras situações, é fundamental discutir com o reumatologista assistente qual o melhor momento para a vacinação, considerando a situação epidemiológica", explica documento elaborado por 28 especialistas da entidade de reumatologia.
Quem não deve se vacinar
Crianças
Pessoas alérgicas
Uma das grandes contraindicações das vacinas é para pessoas que tenham reações alérgicas conhecidas — incluindo, principalmente, as graves (anafilaxia) — contra algum dos componentes do imunizante. Nesses casos, a recomendação é sempre buscar orientação com um médico responsável, conforme orienta o infectologista.
"Você não deve ser vacinado se tem ou já teve alergia a algum componente da vacina adsorvida COVID-19 (inativada)", adverte a bula da CoronaVac. Em sua fórmula, estão presentes os seguintes componentes: hidróxido de alumínio; hidrogenofosfato dissódico; di-hidrogenofosfato de sódio; cloreto de sódio; e hidróxido de sódio.
Da mesma forma, as orientações da vacina de Oxford alertam para as alergias. "Você não deve receber a vacina da COVID-19 (recombinante) se você já teve uma reação alérgica grave ao princípio ativo ou a qualquer dos ingredientes da vacina COVID-19 (recombinante)", afirma. Entre seus componentes, estão: cloridrato de L-histidina monoidratado; cloreto de magnésio hexaidratado; polissorbato 80; etanol; sacarose; cloreto de sódio; e edetato dissódico di-hidratado.
Além desses casos, quem já recebeu outra vacina contra a COVID-19 não deve receber uma segunda fórmula contra o mesmo agente infeccioso. Isso porque não existem estudos sobre os efeitos dessa vacinação dupla contra o coronavírus. Neste cenário, há apenas um estudo, em andamento, do uso combinado da vacina de Oxford com o imunizante Sputnik V.
E quem está com COVID?
Pacientes diagnosticados com a COVID-19 devem adiar a imunização contra o coronavírus. Sim, pessoas que já se contaminaram podem ser imunizadas também, afinal há o risco de reinfecção da doença. No entanto, Grinbaum ressalta que essa imunização só poderá ocorrer "após quatro semanas da resolução da infecção".
Outros impeditivos temporários para a vacinação é um caso de febre. "Se você estiver com alguma doença aguda ou com febre ou início agudo de doenças crônicas não controladas no momento da vacinação, esta vacina não é indicada", ressalta a bula da CoronaVac. Agora, "se você atualmente tem uma infecção grave com febre alta (maior que 38 °C). No entanto, uma febre leve ou uma infecção leve, como um resfriado, não são razões para atrasar a vacinação", aponta a vacina de Oxford. Em caso de dúvidas, sempre vale consultar o médico que acompanha o seu histórico clínico.
Vale lembrar que as vacinas são "absolutamente seguras", avisa Grinbaum. "Efeitos colaterais raros ainda são desconhecidos, mas efeitos comuns que poderiam levar a uma contraindicação já foram bem analisados", avisa o médico. "Questões de eficácia no mundo real, duração da proteção ainda precisam ser melhor avaliados, com o tempo", comenta o infectologista sobre as próximas etapas dos estudos de imunizantes contra a COVID-19.
Para acessar a bula da CoronaVac, clique aqui. Caso queria conferir a bula da vacina de Oxford, entre aqui. Ambos os documentos foram disponibilizados pela Anvisa.
Fonte: Canaltech
As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.
É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos
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