terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Perguntas e respostas: vacina para Covid-19 e pacientes com câncer

Pacientes com câncer vão poder tomar a vacina contra a Covid-19?

Antes de mais nada, é preciso entender que nem todo paciente oncológico é igual. Existem pacientes em diferentes etapas de seus diagnósticos, passando por diferentes tratamentos e com diferentes estágios da doença. Por isso, é sempre importante conversar com a equipe médica que acompanha o seu caso sobre a sua situação e também levar em consideração a presença de outras doenças relevantes, como problemas renais, pulmonares e cardíacos. Mas, de maneira geral, pacientes com câncer devem, sim, ser imunizados contra a Covid-19. As Sociedades  Americana e Européia de Oncologia já se posicionaram favoráveis à vacinação de pacientes oncológicos.

A eficácia e segurança das vacinas contra a Covid-19 não foram diretamente testadas nas diferentes populações de pacientes imunocomprometidos. No entanto, já se sabe que a contra-indicação de vacinas no grupo de pacientes imunossuprimidos  são as vacinas baseadas em vírus vivo, pelo risco de desenvolvimento da doença com a vacinação. No Brasil, a CoronaVac é baseada em vírus inativado. Sendo assim, a única contra-indicação específica é à hipersensibilidade/anafilaxia à vacina ou a qualquer um dos seus componentes. Com base nesses pressupostos, existe o consenso geral de que os benefícios da vacina COVID-19 irão potencialmente superar os riscos.

Sou paciente oncológico, por que devo me vacinar?

Pacientes com câncer são considerados parte do grupo de risco para complicações da Covid-19. A doença apresenta risco ainda maior para aqueles com câncer de pulmão, cânceres metastáticos e neoplasias hematológicas. Sendo assim, vacinar-se contra a Covid-19 diminui o seu risco de pegar a doença e evoluir para quadros mais graves, além de reduzir as chances de mortalidade.

Faço quimioterapia, posso me imunizar?

Há um pequeno estudo de vacina contra influenza que sugere que a administração do imunizante no dia da quimioterapia reduz a eficácia em comparação com os dias subsequentes ou os dias que precedem a próxima aplicação da quimio. Não se sabe se o mesmo efeito será observado em pacientes que recebem a vacina contra a Covid-19, mas se recomenda que não seja aplicada no mesmo dia.

Faço radioterapia, posso me imunizar?

Sim. O tratamento com radioterapia não impede a realização da vacina contra a Covid-19. Em caso de dúvidas, converse com seu oncologista.

Já terminei meu tratamento oncológico, sigo apenas em acompanhamento. Posso tomar a vacina?

Sim, mas neste caso você não consta do grupo de risco prioritário.

Qual o melhor momento para tomar a vacina contra a Covid-19?

Pouco é sabido sobre essas vacinas em pacientes com câncer, mas, assim como para outras vacinas, como a da influenza, recomenda-se:

  • Pacientes em tratamento ou em planejamento de quimioterapia devem evitar a vacina quando os glóbulos brancos estão no ponto mais baixo; e, portanto, é melhor administrar a vacina duas semanas antes ou duas semanas após a infusão, ou mesmo entre os ciclos da terapia
  • Pacientes em radioterapia não precisam “distanciar” a aplicação da vacina das sessões
  • Pacientes em planejamento de cirurgia devem receber a vacina alguns dias antes ou depois do procedimento
  • Pacientes em planejamento de transplante de medula óssea possuem um momento ideal para a vacinação, que só pode ser agendada após discussão com o médico responsável

Atenção: pelo possível estado de imunossupressão do paciente com câncer, a eficácia da vacina pode ser inferior à da população sem câncer dos estudos clínicos.

Confira o documento completo das recomendações disponibilizadas pelo hospital A.C.Camargo e fale com seu médico sempre antes de tomar qualquer decisão no link.

Sou paciente oncológico e já peguei coronavírus. Devo me vacinar?

Sim. O fato de um paciente ter ou não se infectado pelo coronavírus não deve afetar a decisão de vacinar. Embora alguma imunidade seja esperada ao se experimentar uma infecção clínica por Covid-19, essa imunidade pode ser insuficiente ou diminuir com o tempo, especialmente em pacientes imunocomprometidos.

Fiz transplante de medula, posso tomar a vacina?

Pacientes transplantados, com doenças hematológicas e em tratamento com algumas imunoterapias podem necessitar mais atenção. Por isso, antes de se imunizar, converse com o médico que acompanha seu caso.

Vou passar por transplante de medula, quando devo me vacinar?

Pacientes em planejamento de transplante de medula óssea possuem um momento ideal para a vacinação, que só pode ser agendada após discussão com o médico responsável.

Tenho câncer hematológico, posso vacinar?

Sim, mas é sempre importante confirmar a recomendação com seu médico.

Há alguma particularidade que poderia me impedir de me vacinar?

Sim, em vigência de qualquer infecção aguda, seja por coronavírus ou outra, é recomendado esperar antes de proceder com a vacina.

Estou com câncer, mas ainda não iniciei meu tratamento. Devo me vacinar antes ou posso começar o tratamento oncológico e depois me vacinar?

O ideal é que a vacina seja administrada antes do início do tratamento. No entanto, nem todos terão a vacina disponível no tempo ideal. Portanto, não adie o início do seu tratamento oncológico. Você poderá se vacinar a qualquer momento mesmo com o tratamento em andamento quando a vacina estiver à sua disposição, excetuando o dia da aplicação de eventual quimioterapia.

Pacientes oncológicos fazem parte de grupos prioritários para a vacinação?

São considerados prioritários para imunização, segundo plano do Ministério da Saúde, pacientes imunossuprimidos. Isto é: pessoas transplantadas de órgão sólido ou de medula óssea; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos 6 meses e pessoas com neoplasias hematológicas; pessoas vivendo com HIV e CD4 <350 células/mm3; pessoas com doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente >10mg/dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias.

Há várias vacinas em uso no mundo inteiro. Qual é a melhor?

Até o momento, estão aprovadas as vacinas da Pfizer, da Moderna, de Oxford (da AstraZeneca), Sputinik V e a CoronaVac. Elas apresentam eficácia em torno de 50% a 95%, dependendo da vacina. A CoronaVac tem reportada eficácia em reduzir infecções de 50%, reduzir infecções requerendo internação de 78%, e reduzir mortalidade pela infecção em 100%. Em geral, para serem aprovadas, vacinas devem ter eficácia acima de 50%. A vacina contra a gripe, por exemplo, tem eficácia inferior a 70%.

Atenção: até que se saiba mais, vacinas diferentes contra a Covid-19 não devem ser administradas ao mesmo paciente.

O paciente oncológico pode tomar qualquer uma das vacinas disponíveis no Brasil? Mesmo existindo diferenças entre elas?

Pacientes imunossuprimidos devem priorizar a vacina CoronaVac, que é baseada em vírus inativado. A vacina de Oxford/Astrazeneca foi elaborada com vírus vivo atenuado e, apesar de não ser replicante em humanos, não existem embasamentos sobre seu uso em pacientes oncológicos imunodeprimidos.

Quais os riscos e efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19?

Apesar de ainda precisarmos de mais informações com estudos clínicos sobre eficácia e segurança, os resultados já publicados são muito positivos e indicam efeitos colaterais mínimos. Por enquanto, as reações relatadas são leves e passageiras e não se comparam às possíveis complicações da Covid-19.

Tomei a vacina. Posso sair sem máscara?

Não! Por enquanto, a vacinação ainda não muda os comportamentos de segurança como uso de máscara, distanciamento social e higienização frequente das mãos.

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Outras vacinas para diferentes doenças continuam à disposição e podem ser avaliadas pelo médico a necessidade de tomá-la. Para saber mais sobre outras vacinas, consulte nosso conteúdo Vacinação para pacientes com câncer. 

Fonte: Oncoguia

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

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