quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Remédio usado para prevenir câncer de mama pode causar perda óssea significativa

Um remédio que tem sido apontado como eficaz na prevenção do câncer de mama em mulheres na pós-menopausa com alto risco de desenvolvimento da doença, e é bastante usado, parece piorar significativamente as perdas ósseas relacionadas com a idade, de acordo com um artigo publicado no site da revista "Lancet Oncology".

— O exemestano piora a diminuição da densidade óssea mineral relacionada à idade em cerca de três vezes, mesmo quando há ingestão adequada de cálcio e vitamina D — explica Angela Cheung da University Health Network, em Toronto, no Canadá, autora do estudo.

Os inibidores de aromatase funcionam pela supressão da produção de estrogênio e são os tratamentos padrões para mulheres na pós-menopausa na fase inicial do receptor hormonal positivo do câncer de mama. Mas apesar de ser geralmente bem tolerado, preocupações foram levantadas sobre seus efeitos nas perdas ósseas e o maior risco de fratura. Até agora, um dos problemas com a obtenção de provas claras sobre seu impacto sobre a saúde óssea era que a maioria dos estudos usava, para efeitos de comparação, o tamoxifeno, um tratamento com conhecidos efeitos benéficos para os ossos das mulheres nesta fase da vida.

Estudos preliminares sugerem que o exemestano, um inibidor de aromatase de terceira geração de esteróides, pode causar perda óssea menor que outros inibidores de aromatase e poderia até mesmo estimular a formação óssea.

Nesta análise, Cheung e seus colegas relatam os resultados de um estudo sobre a estrutura óssea e a estrutura óssea mineral de pacientes incluídos no ensaio de Prevenção Mamária 3 (MAP.3), para quantificar o efeito do exemestano sobre a densidade mineral óssea e a estrutura óssea em mulheres na pós-menopausa.

O ensaio MAP.3 randomizado examinou o efeito do exemestano na prevenção do câncer de mama em mais de 4500 mulheres saudáveis na pós-menopausa com alto risco de desenvolver a doença (por exemplo, com histórico familiar). O exemestano reduziu o risco de desenvolver câncer de mama em 65%, comparado com os efeitos de um placebo. 351 mulheres sem osteoporose foram incluídas no estudo sobre os ossos, 176 receberam a substância e 175, placebo. A densidade mineral óssea foi medida por dois métodos.

Após 2 anos de tratamento, as mulheres que receberam exemestano tiveram uma perda significativa de densidade mineral óssea na extremidade distal do rádio (um local comum para as fraturas relacionada à osteoporose) e na tíbia distal, em comparação com os resultados no início do estudo.

Além disso, no grupo que recebeu exemestano, a espessura e área cortical diminuíram quase 8%, em comparação com uma queda de 1% no grupo placebo. O exemestano afetou substancialmente a perda de osso cortical, em comparação com o osso trabecular. Esta descoberta é importante porque a maioria das fraturas (80%) na velhice resulta de maior perda de osso cortical, em vez do osso trabecular e influencia a maior parte dos casos de incapacidade.

Os autores alertam, no estudo:

— As mulheres que consideram usar exemestano para a prevenção primária do câncer de mama devem pesar os riscos e benefícios individuais para as mulheres que tomam o medicamento, fazer monitoramento ósseo regular e a suplementação adequada de cálcio e vitamina D. São necessários estudos a longo prazo para avaliar os efeitos de nossas conclusões sobre o risco de fratura.

Fonte: Zero Hora.

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