Um remédio que tem sido apontado como eficaz na prevenção do câncer de mama em mulheres na pós-menopausa com alto risco de desenvolvimento da doença, e é bastante usado, parece piorar significativamente as perdas ósseas relacionadas com a idade, de acordo com um artigo publicado no site da revista "Lancet Oncology".
— O exemestano piora a diminuição da densidade óssea mineral relacionada à idade em cerca de três vezes, mesmo quando há ingestão adequada de cálcio e vitamina D — explica Angela Cheung da University Health Network, em Toronto, no Canadá, autora do estudo.
Os inibidores de aromatase funcionam pela supressão da produção de estrogênio e são os tratamentos padrões para mulheres na pós-menopausa na fase inicial do receptor hormonal positivo do câncer de mama. Mas apesar de ser geralmente bem tolerado, preocupações foram levantadas sobre seus efeitos nas perdas ósseas e o maior risco de fratura. Até agora, um dos problemas com a obtenção de provas claras sobre seu impacto sobre a saúde óssea era que a maioria dos estudos usava, para efeitos de comparação, o tamoxifeno, um tratamento com conhecidos efeitos benéficos para os ossos das mulheres nesta fase da vida.
Estudos preliminares sugerem que o exemestano, um inibidor de aromatase de terceira geração de esteróides, pode causar perda óssea menor que outros inibidores de aromatase e poderia até mesmo estimular a formação óssea.
Nesta análise, Cheung e seus colegas relatam os resultados de um estudo sobre a estrutura óssea e a estrutura óssea mineral de pacientes incluídos no ensaio de Prevenção Mamária 3 (MAP.3), para quantificar o efeito do exemestano sobre a densidade mineral óssea e a estrutura óssea em mulheres na pós-menopausa.
O ensaio MAP.3 randomizado examinou o efeito do exemestano na prevenção do câncer de mama em mais de 4500 mulheres saudáveis na pós-menopausa com alto risco de desenvolver a doença (por exemplo, com histórico familiar). O exemestano reduziu o risco de desenvolver câncer de mama em 65%, comparado com os efeitos de um placebo. 351 mulheres sem osteoporose foram incluídas no estudo sobre os ossos, 176 receberam a substância e 175, placebo. A densidade mineral óssea foi medida por dois métodos.
Após 2 anos de tratamento, as mulheres que receberam exemestano tiveram uma perda significativa de densidade mineral óssea na extremidade distal do rádio (um local comum para as fraturas relacionada à osteoporose) e na tíbia distal, em comparação com os resultados no início do estudo.
Além disso, no grupo que recebeu exemestano, a espessura e área cortical diminuíram quase 8%, em comparação com uma queda de 1% no grupo placebo. O exemestano afetou substancialmente a perda de osso cortical, em comparação com o osso trabecular. Esta descoberta é importante porque a maioria das fraturas (80%) na velhice resulta de maior perda de osso cortical, em vez do osso trabecular e influencia a maior parte dos casos de incapacidade.
Os autores alertam, no estudo:
— As mulheres que consideram usar exemestano para a prevenção primária do câncer de mama devem pesar os riscos e benefícios individuais para as mulheres que tomam o medicamento, fazer monitoramento ósseo regular e a suplementação adequada de cálcio e vitamina D. São necessários estudos a longo prazo para avaliar os efeitos de nossas conclusões sobre o risco de fratura.
Fonte: Zero Hora.
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