Com modelos doados por uma ex-paciente do Mário Penna, mulheres em tratamento de câncer de mama desfilam em estação do metrô, em campanha para estimular a prevenção da doença
Esbanjando elegância e bom humor, as pacientes desfilaram e
conversaram com passageiras sobre a importância do
autoexame e da mamografia (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press.)
Eram 15h, com muito movimento na plataforma da estação, quando
as seis modelos, sendo cinco em tratamento e uma acompanhante
solidária, mostraram charme, elegância e muito bom humor,
mesmo enfrentando, ou já tendo passado, pelas sessões de
radioterapia, quimioterapia e demais etapas do tratamento.
“Fiquei carequíssima e acabei gostando desse corte. Acho que
virei a Pinah 2016”, brincou a encarregada de recursos
humanos Sheila Marques, de 40 anos, casada e mãe da adolescente
Milena, de 16, numa referência à ex-passista da escola de
samba Beija-Flor, do Rio de Janeiro.
Moradora do Bairro Paulo VI, na Região Nordeste da capital, Sheila, vestida de branco, descobriu, há oito meses, que estava com tumores na mama, pescoço, axila e fígado. “Tudo começou com uma escamação no bico do seio esquerdo, vindo um mês depois um caroço”. Nesse momento tão difícil da vida, recebeu todo o carinho e atenção da família e, na mesma intensidade, o acolhimento no instituto. “Hoje tenho câncer no fígado e continuo lutando. Esse desfile é uma demonstração de que não podemos desistir, devemos seguir adiante”, afirmou a mulher simpática, que, kardecista, teve na espiritualidade boas respostas para a enfermidade.
Acompanhada da irmã Margareth da Cunha Neto, “que dá força
para todas”, segundo Vânia Darque de Souza, de 35, a artesã
aposentada Glória Jesus da Cunha Moreira, de 52, casada, mãe
de três filhos e avó três vezes, contou que fazia o exame de
mamografia desde 2011, embora só tenha recebido a
“cacetada” do resultado em 2015. De azul e sempre sorridente,
ela confessou que chorou muito no início e decidiu driblar a
situação com todas as forças. “Por sorte, o câncer estava no
início, era um tumor do tamanho de um baguinho de feijão”,
afirmou Glória, que também passou pela queda do cabelo e agora
usa até um arco, realçando os belos olhos.
PREVENÇÃO Na Estação Central, há uma exposição que vai até o fim do mês, com fotos de mulheres que viveram a barra pesada do câncer de mama e se submeteram ao tratamento no Mário Penna. No verso de cartões com os retratos, a psicóloga especializada em oncologia do instituto, Adriane Pedrosa, escreveu pequenos poemas, entre eles o seguinte: “Me formei mama/me doei seio/me calei câncer/me superei peito”. Na avaliação da psico-oncologista, eventos dessa natureza são importantes para resgatar a autoestima, mostrar a superação, incentivar a reinserção social, acabar com tabus e mostrar que, mesmo com a doença, a beleza existe. “A vida continua”, destacou.
Com um modelito amarelo, a pesquisadora Edemilda Luciene, de 42, noiva e moradora em Contagem, fez questão de agradecer a equipe médica do instituto, enquanto a professora Ediana Alves de Figueiredo, de 43, solteira, moradora de Ribeirão das Neves, também na Grande BH, deu graças a Deus pelos resultados positivos do tratamento. “Esse desfile é um desafio para mim, pois sou muito tímida. Aliás, estou no meu quinto desfile”, revelou com um sorriso. Com um vestido rosa, ela disse que outubro não é só rosa, como diz a campanha, “e sim de todas as cores”.
Entre uma entrada e outra no tapete vermelho estendido na
plataforma, as mulheres conversaram com passageiras, a
exemplo da dona de casa Adriana Gonçalves, de 36, moradora de
Contagem, que esperava o trem na companhia da filha Thaís, de
18. Adriana nunca fez autoexame muito menos mamografia, o que
surpreendeu Sheila, amigas e equipe do instituto. “Agora vou me
preocupar mais”, disse a dona de casa, que seguia para a
estação Eldorado. Já a estagiária de direito Sandras das
Graças, de 36, residente em Contagem, disse que faz tudo como
manda o figurino: “Todos os exames são importantes para a
saúde da mulher”.
Laço cor-de-rosa
O movimento conhecido como Outubro Rosa é destaque em todo o mundo, e o nome remete à cor do laço, na mesma cor, que simboliza a luta contra o câncer de mama e uma forma de estimular a participação da população, empresas e entidades. Tudo começou nos Estados Unidos, onde havia ações isoladas referente à doença e a necessidade de mamografia no mês de outubro – posteriormente, com a aprovação do Congresso daquele país, o outubro se tornou o mês nacional (norte-americano) de prevenção do câncer de mama. A história do Outubro Rosa começou na década de 1990, quando o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York e, desde então, promovida anualmente na cidade. A comemoração começou efetivamente em 1997.
Fonte: EM Digital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário