terça-feira, 13 de maio de 2014
Final feliz na luta contra câncer
Rita e pequena Valentina.
Por Gabriel Bonilha.
Mãe de três filhos, a trabalhadora de um frigorífico da cidade de Bagé teve a vida modificada há alguns meses em função de um câncer de mama. Rita Righi Martins, 39 anos, sequer imaginava o diagnóstico quando sentia as dores embaixo do braço esquerdo após o trabalho, isso porque fazia o autoexame regularmente. Preocupada, fez um exame e assim obteve o resultado: iniciou a luta e é protagonista de uma história baseada em superação, vitórias e surpresas.
Descoberta
O diagnóstico da existência de um pequeno nódulo foi dado pelo médico da empresa onde ela trabalhava, que a seguir lhe indicou um mastologista. O especialista, através de uma mamografia, conseguiu observar mais detalhes e, novamente, confirmou o câncer. O segundo passo, foi a realização do exame chamado de pulsão, para descobrir se o tumor seria maligno ou benigno.
No final de dezembro de 2010, fez o exame. Por telefone o médico pediu para conversar pessoalmente no dia seguinte, pois as notícias não eram as melhores: ela estava com câncer de mama.
Tratamento
Ela começou a luta contra a doença. No consultório, o médico explicou que o tumor precisaria ser retirado em uma cirurgia que retira parte da mama: um tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Rita relata que a paciência e atenção do médico deu confiança para que ela tomasse a decisão mais correta para aquele momento. "Ele explicou tudo, que eu poderia perder meu cabelo, das reações que sentiria, mas me garantiu que se fizesse tudo certo conseguiria superar", lembra.
No dia 30 de dezembro, após terem sido feitos os exames pré-cirúrgicos, aconteceu a cirurgia. No dia seguinte, retornou para casa e ficou de repouso durante todo o mês de janeiro de 2011.
Queda do cabelo
Após retirar o dreno e os pontos, em fevereiro, procurou o oncologista iniciar as sessões de quimioterapia, que trata-se de um coquetel de remédios injetáveis que objetivam eliminar células cancerígenas que possam ainda estar no corpo do paciente. Rita passou por oito sessões, com intervalos de 21 dias. Ela recorda que teve várias reações, como náuseas, vômitos, sintomas que a fez entender de fato o que era a doença. Depois de 15 dias da primeira sessão, ela levantou, tomou banho e percebeu que algo estava diferente, mas não deu importância. Enrolou a toalha nos cabelos e começou a fazer as tarefas domésticas. Ao retirar a toalha boa parte dos cabelos haviam caído. "Eu não acreditava no que estava acontecendo, foi neste instante que me dei conta que estava com câncer", explica. "Naquele dia eu comecei a me olhar no espelho e dizer para mim mesma que eu estava com câncer, mas o importante é que eu me aproximava da melhora", conta.
Contato com a Aapecan
Com o tratamento, Rita passou a contar com a ajuda da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), até então com uma unidade instalada em Pelotas. Somente alguns meses depois surgiu a unidade de Bagé. Durante todo o tempo em que fez tratamento, viajava em uma van oferecida pela Secretária Municipal de Saúde e, neste transporte, conheceu muitas pessoas que integraram a história dela.
Foram 36 dias com atendimento de segunda à sexta-feira, num processo que, segundo ela, foi um pouco mais leve, já que trata apenas o local onde a doença estava instalada. "Neste procedimento, a Aapecan contribuiu muitas vezes com as pomadas para cicatrização das queimaduras que ficaram no local, porque na pele, assim como o corpo, se tornam mais sensíveis", frisa.
Quando terminou o tratamento precisou voltar para avaliação médica, onde foi informada que precisaria fazer um acompanhamento durante cinco anos. "De seis em seis meses preciso retornar ao meu médico, fazer exames e observarmos juntos como está minha melhora", recorda.
Na Aapecan, Rita aprendeu a fazer artesanatos, conseguiu aproveitar melhor o tempo livre, encontrou apoio não só jurídico, mas principalmente psicológico. De acordo com ela, o apoio da família foi fundamental na recuperação. "O carinho do meu marido, dos meus filhos, e dos demais familiares que mesmo de longe ligavam para saber de mim foi essencial", menciona.
Um desejo e a família
Rita confidenciou ao médico o desejo de engravidar novamente. Ela já era mãe de Maiara, 19 anos, e Gustavo, de 17. Entretanto, ele explicou os riscos advertindo que era difícil devido aos medicamentos que ela precisaria tomar durante todo acompanhamento. "Isso que ele me falou entrou em um ouvido e saiu em outro, pois meu desejo era maior e alguma coisa dentro de mim dizia que eu ainda teria uma grande surpresa", relembra.
Ela seguiu com as avaliações, tomando os remédios indicados, mas em janeiro de 2013 começou a passar mal novamente, os enjoos, cólicas e dores na barriga voltaram. Ela achava que poderia ser da doença e recorreu ao médico para saber o que estava acontecendo.
O médico, mesmo sabendo que seria quase impossível, pediu um exame de gravidez, o que espantou a paciente que se perguntava ainda se era possível.
Foi até uma clínica e fez o exame. Algumas horas depois descobriu que estava grávida e começaria ali a luta pela sobrevivência do feto, tendo em vista as circunstâncias em que ela se encontrava.
Voltou ao consultório do médico, contou a novidade e a partir dali ele explicou como seria a gravidez, os riscos de nascer uma criança com alguma deficiência ou outro problema de saúde, em virtude da medicação que mesmo suspensa durante a gestação, estaria presente no corpo. As chances de desenvolver outro tumor também aumentaria.
Com todos os fatores técnicos contra a esperança de recomeçar a vida, Rita deu continuidade à gravidez e, no dia 19 de agosto de 2013 ,nascia a filha Valentina. "Eu queria colocar um nome impactante que justificasse nossa trajetória, veio em primeira mão o nome Vitória, mas como já tinha uma na família seguimos pensando até que surgiu outro este nome, que é ainda mais bonito'', esclarece.
Depois de tudo o que passou, hoje Rita vive com a filha e o marido, frequenta as atividades da Aapecan, procura estar sempre em contato com as amigas e acredita que a melhora está diretamente ligada ao amor ofertado por tantas pessoas. "Eu tenho certeza que minha vitória hoje é por causa do amor que recebi do meu marido que esteve comigo em todos os momentos, mas para completar a alegria total Deus nos enviou essa preciosidade que é a Valentina", finaliza.
Fonte: Folha do Sul.
Rita e pequena Valentina
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