Receber o diagnóstico de câncer de mama representa ruptura na vida de qualquer mulher. Muitas se isolam, ficam deprimidas e têm dificuldades para enfrentar a doença, que mexe com a percepção da sexualidade e da própria imagem pessoal. Do ponto de vista da saúde, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, maior é a chance de cura. No entanto, como fica a questão estética e emocional durante o tratamento e a possível cirurgia para remoção da Foi pensando nisso que Vera Emília Teruel se juntou à amiga Terezinha Pontes Cipriani e fundou, há quase 13 anos, o Viva Melhor - Grupo de Apoio e Autoajuda às Mulheres Mastectomizadas (que fizeram cirurgia para remoção parcial ou total da mama). Ambas enfrentaram a doença e sabiam da necessidade de apoio.
"Aqui elas encontram iguais, pessoas com os mesmos medos e problemas, e podem trocar experiências", explica Vera. Hoje, o grupo localizado em Santo André promove reuniões toda quarta-feira, das 14h às 17h. Além disso, realiza doação de próteses mamárias externas para pacientes que removeram o seio e faz o empréstimo de perucas àquelas que perdem os cabelos na quimioterapia.
Segundo Vera, a maioria chega ali indicada pelos médicos ou por outras que tenham enfrentado a doença.
O grupo mantém parceria com o Hospital da Mulher, onde realiza o atendimento pós-cirurgias e palestras de prevenção. Na Faculdade de Medicina do ABC, há também atendimento no Setor de Oncologia das 8h às 12h.
O Viva Melhor atende, em média, dez novas pacientes a cada semana e conta com 60 voluntárias. No ano passado foram abordadas 2.320 mulheres durante as 38 palestras e outras atividades da instituição. "Apenas no primeiro semestre de 2011 doamos cerca de 300 próteses", comemora Vera. Para manter as atividades, o grupo está em busca de parceiros. "Nossa renda vem basicamente dos eventos que realizamos e das parcerias", afirmou a fundadora.
‘Mudou minha vida, vi que podia vencer'
Todas as voluntárias envolvidas com o Viva Melhor enfrentaram a doença e tem experiência para ajudar as que receberam agora o diagnóstico. É o caso da aposentada Isabel Alves da Silva, 69 anos, que fez mastectomia da mama esquerda há dez anos. "Conheci o grupo no período em que estava fazendo a quimioterapia. Fiquei muito abatida, vivia em casa, não queria sair. Meus filhos ficaram preocupados e tentaram me ajudar. O médico também indicou e vim para cá." Isabel garante que foi a melhor coisa que poderia ter feito. "O grupo mudou a minha vida e a forma de encarar a doença. Percebi que poderia vencer", destaca.
Hoje ela tenta auxiliar outras mulheres a enxergar isso também, por meio de palavras amigas e apoio, que foi o que sempre encontrou ali. Assim como Isabel, a voluntária Soila Bertoia da Silva, 68, enfrentou e venceu o câncer de mama dez anos atrás. Como tantas outras mulheres, na época se perguntou ‘por quê eu?'. Ao longo do tempo, porém, descobriu que a pergunta certa a se fazer era ‘para quê eu?'. "Sempre enfrentamos a doença para aprender alguma coisa. E para a grande maioria das mulheres, é uma forma de achar o seu espaço e cuidar melhor de si."
Fonte: Diário do Grande ABC.
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