terça-feira, 7 de junho de 2011

Superação de traumas provocados por câncer de mama é estudado em SP.

A família, os amigos, a fé em Deus e o trabalho são alguns dos mecanismos utilizados por quem enfrentou um câncer de mama para alcançar a resiliência, capacidade de retornar ao estado original após um grande trauma. É o que aponta a dissertação de Mariana Forgerini, mestranda em Psicologia pela Faculdade de Ciências (FC), da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ela entrevistou dez mulheres, entre 53 e 78 anos, que tiveram câncer de mama e estão curadas há pelo menos cinco anos.

Os tratamentos atuais de combate ao câncer apresentam uma abordagem menos mutiladora, com a possibilidade de reconstrução total da mama. Entretanto, a doença gera marcas existenciais de difícil superação, por causa da sua vinculação com a morte. No caso específico desse câncer, há a agravante de afetar os seios, símbolos de beleza e feminilidade na mulher.

A psicóloga relata não ter encontrado pesquisas que abordassem a resiliência em pacientes com essa patologia. " A intenção do trabalho é contribuir para o incremento de programas psicoeducativos e preventivos em saúde" , diz. O estudo contou com a orientação da professora Carmen Maria Bueno Neme, da FC.

A pesquisa empregou a investigação fenomenológica - método que descreve o fenômeno como ele se manifesta, levando em conta as experiências vividas. Para Mariana, faltam pesquisas sobre resiliência de pacientes com câncer de mama e a abordagem parte do princípio de que cada ação humana envolve uma intencionalidade e, por isso, um significado.

Sinais de resiliência foram demonstrados pelas mulheres entrevistadas por meio do bom humor, envolvimento afetivo, amadurecimento, coragem, solidariedade e flexibilidade. A pesquisadora também aponta a postura ativa diante da vida, com a busca por informações sobre a doença e uma visão equilibrada em relação à experiência vivenciada como sinais dessa recuperação.


Ausência de culpa

Durante a transcrição das entrevistas, a estudiosa identificou outros fatores que colaboram para a resiliência. Entre eles está o apoio dos profissionais de saúde, o atendimento psicológico ou psiquiátrico e a convivência com pacientes com outros tipos de câncer dentro do hospital. O otimismo em relação ao tratamento ou em consequência do diagnóstico precoce também foi fundamental na recuperação de algumas das participantes do estudo.

Outro fator que ajudou no restabelecimento físico e emocional das pacientes foi a ausência de sentimento de culpa. " Como as causas do câncer ainda não são claras para a medicina, é comum uma série de crendices populares que atribuem a doença à postura do próprio doente" , afirma Mariana. Entre os exemplos mais comuns estão o " castigo divino" , a má alimentação, traumas e a recusa em amamentar (no caso do câncer de mama). " O grupo estudado mostrou que não ter esses pensamentos só ajuda na recuperação" .

Fonte: UNESP (mar/2010).

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