segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jovens transformam frustração e revolta em força para vencer o câncer

Quando recebeu o diagnóstico de câncer de mama, Louse Ferraz tinha apenas 30 anos. “Além do medo e da angústia, durante vários dias me senti estranha, como se eu fosse outra pessoa”, diz ela, que acabou de passar pelo tratamento quimioterápico. “Não conhecia ninguém que tinha tido câncer tão jovem, me senti sozinha, estranha e diferente das outras pessoas”, conta.

Louse diz se sentir bem sem usar peruca

Para Lizete Morikawa, o choque da notícia foi a pior parte de todo o processo que envolveu o diagnóstico e o tratamento da doença. Ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama bilateral, ou seja, nas duas mamas, alguns dias depois de completar 34 anos. Durante os três dias que se seguiram à bombástica notícia, não conseguiu conversar com ninguém além de familiares muito próximos. “As pessoas me ligavam para saber o que tinha dado no exame, mas eu não conseguia falar com elas. Primeiro é preciso entender o que está acontecendo com a gente”, afirma.

“Muito embora, a aceitação da doença para alguém jovem seja tão dura quanto para uma pessoa madura, a idéia de que o câncer é uma doença típica de pessoas mais velhas, embora correta, pode fazer com que um jovem, ao ouvir o diagnóstico, sinta-se revoltado”, explica a psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

Mas, muitas vezes, a revolta também pode dar espaço a uma enorme força de vontade para vencer a doença. Foi o que aconteceu com Fernanda Lopes, 26 anos. Ela recebeu o diagnóstico de linfoma de Hodgkin há pouco mais de um ano. “Não aceitei muito de início, mas depois de conversar com meu oncologista fiquei mais tranqüila e comecei a ficar mais confiante”, conta. “Apesar de trabalhar em hospital, não conhecia ninguém que, tão jovem, tivesse tido câncer”, completa.

“Quando o médico disse a palavra ‘quimioterapia’, senti como se não estivesse ali sentada na cadeira, as coisas à minha volta ficaram distantes. Minha mãe passou mal. Esqueci do diagnóstico por alguns instantes para acudi-la”, conta Louse.

O que lhe veio à cabeça foi uma imagem carregada de preconceitos. “Tinha a idéia de que uma pessoa não poderia ficar bem durante o tratamento quimioterápico, pensava em pessoas sem cabelo, sem sobrancelha e com ar abatido. Senti falta de ver imagens e depoimentos de pessoas que passaram por isso numa boa, como eu passei”, completa.

No caso de Fernanda, o tratamento prescrito foram 12 sessões de quimioterapia a cada 15 dias. “Tentei me preservar ao máximo durante esse processo, aprendi a viver um dia de cada vez e a não sofrer por antecedência”, diz.

Lizete, que está se submetendo à quimioterapia atualmente, considera que sua vida está tranqüila. “A primeira sessão foi a mais difícil, demorei 12 dias para me recuperar, mas agora tem sido mais rápido”, conta ela, que não deixou de cozinhar e trabalhou durante parte do tratamento.

Louse conta que o momento mais difícil de todo esse processo foi ver e sentir seu cabelo cair. “A sensação foi de estar presenciando uma distorção na minha imagem”. Hoje, no entanto, muita coisa mudou. “Saio sozinha com a cabeça pelada e não me importo. O preconceito está em nós mesmos, é preciso saber lidar e aceitar as coisas do jeito que elas são”, diz ela.

O que mudou? “Aprendi a respeitar mais o jeito de cada um, a respeitar meu corpo quando necessito de repouso, a ser mais tolerante e paciente com as pessoas e a deixar de lado aquilo que não traz benefício”, conta Louse.

Quando questionada sobre o medo da recidiva, Fernanda ressalta que as chances são pequenas. “Mas, se acontecer, espero encarar bem, como encarei agora. Precisamos acreditar que o câncer é uma doença como as demais, que tem tratamento”, diz ela.



Fonte -> Equipe Oncoguia

http://www.oncoguia.org.br

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