segunda-feira, 1 de junho de 2015

Novo tratamento pré-operatório reduz risco de recaída ao câncer de mama

Ensaio foi apresentado no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.


Estudo mostrou que as pacientes que não tiveram o tumor detectado na cirurgia tiveram menos recaidas dentro do período de três anosGetty Images

Um estudo clínico internacional constatou que a incorporação de um novo fármaco ao tratamento padrão contra o câncer de mama em fase inicial HER2 positivo antes de as pacientes passassem pela sala de cirurgia consegue reduzir em 30% o risco de recaída.
O ensaio foi apresentado nesta segunda-feira (1) no quarto dia do congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), realizado até amanhã em Chicago e que reúne 30 mil médicos, pesquisadores e representantes de laboratórios de todo o mundo.
Trata-se do anticorpo monoclonal pertuzumab, que já é utilizado para controlar este tipo de câncer (que representa entre 15% e 20% dos casos totais de tumores de mama) em fase avançada. De acordo com os resultados do teste, em fase II, que conta com a participação de mais de 400 pacientes, o uso combinado deste anticorpo ao tratamento padrão consistente em quimioterapia e outra molécula, trastuzumab, antes da cirurgia e reduz grandemente as chances de recaída e de morte das pacientes.
Concretamente, o ensaio avaliou em três anos tanto a sobrevivência livre de progressão quanto a livre de doença e concluiu que aquelas que fizeram uso do tratamento combinado prévio com pertuzumab reduziram em 31% o risco de recair e de morrer, em comparação às que receberam apenas o tratamento convencional.
Segundo destacou a um grupo de jornalistas a médica Ana Lluch, chefe de Oncologia do Hospital Clínico de Valência, na Espanha, o estudo mostrou que as pacientes que não tiveram o tecido tumoral detectado na cirurgia foram, independentemente do tratamento recebido, as que mais possibilidades tinham de não recair em três anos. No entanto, este tratamento conseguiu o desaparecimento completo da doença em 40% das pacientes no momento da cirurgia, enquanto sem pertuzumab essa taxa caiu à metade.
"Isto é muito importante porque os tratamentos que fazemos antes da cirurgia em muito pouco tempo, máximo cinco ou seis meses, podem nos dizer o comportamento que essas pacientes terão ao longo de sua vida e dá aos oncologistas a base para dizer à paciente suas possibilidades ou não de cura", ressaltou.
Quanto à toxicidade deste tratamento de duplo bloqueio do tumor, Ana garantiu que não ter nenhuma acrescentada à já existente, também não cardíaca. Os bons resultados iniciais do estudo divulgados há três anos permitiram que a Administração de Alimentos e Fármacos dos Estados Unidos (FDA) concedesse em 2013 a aprovação do pertuzumab como tratamento para combater o câncer de mama HER2 positivo em fase inicial e com alto risco de sofrer recaída. A aprovação final do fármaco dependerá do estudo que já está em andamento em fase III.


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