Aos 19 anos, Andrea sentiu um nódulo. Por sorte, era benigno. Desde então ela seguiu uma rotina anual de ultrassom nos seios e mamografia. Aos 35 anos, apareceu outro nódulo, também benigno. Até que, de um exame para o outro, surgiram mais seis nódulos. E um deles era maligno.
A bancária Andrea Neves Serro, hoje com 44 anos, teve câncer de mama aos 42 anos. Mãe de duas filhas, Ingrid e Tainá, ela conta que passou por uma espécie de calvário. Era recém-separada quando tudo aconteceu. Contou com apoio das filhas e dos amigos. A família, diz ela, desapareceu quando sua situação foi se agravando. “A doença assusta, dá muito trabalho.”
O calvário que Andrea descreve em detalhes inclui endividamento para pagar despesas hospitalares, perda de imunidade quase total, dentes amolecidos, unhas escurecidas e uma sequela chamada neuropatia periférica, que a deixou três meses sem andar. Hoje, ela faz fisioterapia e caminha, mas não como antes.
Internada no Hospital Santa Joana, em São Paulo, ela passou por momentos dramáticos. Estava sem forças, na cama. Mal conseguia falar quando ouviu de seu ex-marido a notícia dada por um médico: “Se a imunidade dela não melhorar ela vai morrer”.
Está viva e dá graças a Deus – é evangélica – por poder ver Ingrid, hoje com 22 anos, e Tainá, com 18, crescendo. “Elas ficaram o tempo todo comigo. A Tainá tinha 16 anos e me acompanhava no hospital, falava com o oncologista sobre meu estado de saúde”, lembra, emocionada.
O caso de Andrea é surpreendente. Ela nunca fumou, não era obesa, amamentou as filhas até 1, 2 anos de idade. Para completar, não tem casos de câncer de mama na família. Ela fez o que é chamado de “quadrante” do seio direito. Retirou o tumor, mas manteve a mama. Brincando, ela compara com um abacate e diz que tiraram “aquelas coisinhas pretas” de dentro.
Amigas para sempre
Animada, ela diz que gosta de sair, passear e aproveitar a vida que ganhou de volta. Um dos maiores apoios que recebeu durante a internação veio de pessoas em sua condição. Mulheres que tiveram câncer de mama. Principalmente do grupo Amigas do Peito (há vários grupos homônimos no Facebook – sempre de pacientes em recuperação).
As “amigas do peito” se encontram periodicamente, pelo menos uma vez por mês, para conversar, rezar, trocar ideias. No mês passado, quando conversou com o Se Toque, Andrea tinha um bom motivo para comemorar. Tinha marcado uma restauração para reconstruir um dos seios. “Isso já me dá uma alegria.”
O futuro ainda é incerto, porém. Não consegue imaginar sua vida em 10 anos. “Não sei se estarei viva.” Aposta nos próximos cinco anos, o tempo que os médicos dizem que significará a cura para ela. Diz ter aprendido muito com o câncer.
“Tem gente que tem vergonha de andar careca, põe peruca. Mas a gente não é um cabelo e um peito. A gente é mais que isso. Eu sou uma pessoa divertida”, diz. “Eu vejo a vida de outra maneira. A gente tem que se preocupar com as coisas grandes.”
Fonte: setoque
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