segunda-feira, 19 de março de 2012

A Vontade

vontade é a maior de todas as potencialidades da alma.
Sua ação é comparável a de um imã.
A vontade de viver desenvolve em nós a vida.
Atrai-nos novos recursos vitais.
A vontade de evoluir oportuniza-nos chances de crescimento e de progresso.
O uso persistente e tenaz dessa faculdade soberana permite-nos modificar nossa natureza, vencer todos os obstáculos.
É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para alvos determinados.
Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar.
Essa mobilidade constante impossibilita a ação eficaz da vontade.
É necessário saber concentrar-se, sintonizando com as esferas superiores e com as nobres aspirações.
A vontade pode agir tanto durante o sono quanto durante a vigília.
Isso porque a alma valorosa que, determinada, busca alcançar um objetivo na vida procura-o com tenacidade em todos os momentos da vida.
Funciona como uma correnteza poderosa e constante que mina devagar e silenciosamente todos os obstáculos que se apresentem.
Se o homem conhecesse a extensão dos recursos que nele germinam, ficaria deslumbrado.
Não mais temeria o futuro, tampouco se julgaria fraco.
Compreenderia sua força e acreditaria na possibilidade de ele próprio alterar seu presente e seu futuro.
O poder da vontade é ilimitado.
O homem consciente de si mesmo e de seus recursos latentes sente crescer suas forças na razão de seus esforços.
Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se.
É dor'>consolador e belo poder dizer:
“Sou uma inteligência e uma vontade livres. Edifico lentamente minha individualidade e minha liberdade.
Conheço a grandeza e a força que existem em mim.
Hei de amparar-me nelas e elevar-me acima de todas as dificuldades.
Vencerei até mesmo o mal que existe em mim.
Hei de me desapegar de tudo que me acorrenta às coisas grosseiras e levantar vôo para realidades mais felizes.
Para frente, sempre para frente.
Tenho um guia seguro que é a compreensão das leis da vida.
Aprendi a conhecer-me, a crer em mim e a crer em Deus.
Hei de me conservar firme na vontade inabalável de enobrecer-me e elevar-me.
Atrairei, com o auxílio de minha inteligência, riquezas morais e construirei para mim uma personalidade melhor.”
É chegada a hora de despertar do pesado sono que nos envolve.
É necessário rasgar o véu da ignorância que nos prejudica o entendimento.
Cabe-nos aprender a conhecer a nós próprios e as nossas potencialidades.
Compete-nos utilizá-las.
Não nos entreguemos ao desespero.
Não nos julguemos fracos.
Basta-nos querer para sentirmos o despertar de forças até então desconhecidas.
Creiamos em nossos destinos imortais.
Creiamos em Deus.
Lembremo-nos:
Podemos ser o que efetivamente quisermos.

Quanto Custa um Milagre?

Uma garotinha esperta de apenas seis anos de idade, ouviu seus pais conversando sobre seu irmãozinho mais novo. Tudo que ela sabia era que o menino estava muito doente e que estavam completamente sem dinheiro.
Iriam se mudar para um apartamento num subúrbio, no próximo mês, porque seu pai não tinha recursos para pagar as contas do médico e o aluguel do apartamento. Somente uma intervenção cirúrgica muito cara poderia salvar o garoto, e não havia ninguém que pudesse emprestar-lhes dinheiro.

A menina ouviu seu pai dizer a sua mãe chorosa, com um sussurro desesperado: "somente um milagre poderá salvá-lo." Ela foi ao seu quarto e puxou o vidro de gelatina de seu esconderijo, no armário. Despejou todo o dinheiro que tinha no chão e contou-o cuidadosamente, três vezes.
O total tinha que estar exato. Não havia margem de erro. Colocou as moedas de volta no vidro com cuidado e fechou a tampa.

Saiu devagarzinho pela porta dos fundos e andou cinco quarteirões até chegar à farmácia. Esperou pacientemente que o farmacêutico a visse e lhe desse atenção, mas ele estava muito ocupado no momento. Ela, então, esfregou os pés no chão para fazer barulho, e nada! Limpou a garganta com o som mais alto que pôde, mas nem assim foi notada. Por fim, pegou uma moeda e bateu no vidro da porta.

Finalmente foi atendida! "O que você quer?" perguntou o farmacêutico com voz aborrecida. "estou conversando com meu irmão que chegou de Chicago e que não vejo há séculos", disse ele sem esperar resposta.
"Bem, eu quero lhe falar sobre meu irmão", respondeu a menina no mesmo tom aborrecido. "Ele está realmente doente... E eu quero comprar um milagre."
"Como?", balbuciou o farmacêutico admirado.
"Ele se chama Andrew e está com alguma coisa muito ruim crescendo dentro de sua cabeça e papai disse que só um milagre poderá salvá-lo." E é por isso que eu estou aqui. Então, quanto custa um milagre?"
"Não vendemos milagres aqui, garotinha. Desculpe, mas não posso ajudá-la", respondeu o farmacêutico, com um tom mais suave.
"Escute, eu tenho o dinheiro para pagar. Se não for suficiente, conseguirei o resto. Por favor, diga-me quanto custa, insistiu a pequena."

O irmão do farmacêutico era um homem gentil. Deu um passo à frente e perguntou à garota: "que tipo de milagre seu irmão precisa?"
"Não sei", respondeu ela, levantando os olhos para ele. "Só sei que ele está muito mal e mamãe diz que precisa ser operado. Como papai não pode pagar, quero usar meu dinheiro."
"Quanto você tem", perguntou o homem de Chicago. "Um dólar e onze centavos", respondeu a menina num sussurro. "É tudo que tenho, mas posso conseguir mais se for preciso."
"Puxa, que coincidência", sorriu o homem. "Um dólar e onze centavos! Exatamente o preço de um milagre para irmãozinhos."

O homem pegou o dinheiro com uma mão e, dando a outra mão à menina, disse: "leve-me até sua casa. Quero ver seu irmão e conhecer seus pais. Quero ver se tenho o tipo de milagre que você precisa."

Aquele senhor gentil era um cirurgião, especializado em Neurocirurgia.
A operação foi feita com sucesso e sem custos. Alguns meses depois Andrew estava em casa novamente, recuperado. A mãe e pai comentavam alegremente sobre a seqüência de acontecimentos ocorridos. "A cirurgia", murmurou a mãe, "foi um milagre real. Gostaria de saber quanto custou!"
A menina sorriu. Ela sabia exatamente quanto custa um milagre...
Um dólar e onze centavos... Mais a fé de uma garotinha...
Não há situação, por pior que seja, que resista ao milagre do amor.
Quando o amor entra em ação, tudo vence e tudo acalma.
Onde o amor se apresenta, foge a dor, se afasta o sofrimento e o egoísmo bate em retirada.

sábado, 3 de março de 2012

Mulheres que venceram o câncer de mama

Sonia G. P. Cecatti, 57, São Paulo, São Paulo
Presidente do portalMAMAinfo

"Fui diagnosticada com câncer de mama aos 50 anos de idade. Em apenas 15 dias, fiz a cirurgia de retirada de um segmento da mama e logo iniciei os tratamentos de quimio, radio e hormonioterapia. Durante todo o processo, busquei diversas informações sobre o assunto na internet para me ajudar a enfrentar a doença. Percebi que a maioria das mulheres fazia o mesmo quando era diagnosticada com câncer de mama. Em conversa com algumas amigas, que também passaram pela doença, a ideia de criar um site informativo começou a amadurecer. Foi assim que o portal MAMAinfo foi ao ar em 2006. Hoje, somos um grupo de 18 voluntários, com formação profissional em diferentes áreas, que empenham esforços para promover a melhoria da qualidade de vida dos pacientes com câncer e seus familiares. Para as mulheres que hoje se encontram diante do mesmo diagnóstico cito a nossa missão na MAMAinfo: “Existe vida durante e depois do câncer de mama.”

Milena Buson Gomes, 43 anos, Fortaleza, Ceará

“Aos 38 anos, durante o autoexame, percebi um nódulo doloroso na mama direita. Passei por diversos exames e, finalmente, fui diagnosticada com câncer. Superei a doença por meio do autoconhecimento, apoio do meu marido e envolvimento em trabalhos voluntários que acolhem mulheres com a doença no Ceará. Colaboro com a luta contra o câncer de mama. Tenho 43 anos e, atualmente, dedico meu tempo apenas ao que me proporciona qualidade de vida. As mulheres que enfrentam a doença não podem se isolar; devem buscar ajuda profissional e grupos de apoio para facilitar o processo. Apesar de tudo, é preciso saber brincar de viver e experimentar a vida.”

Vera Emilia Chiavelle Teruel, 60 anos, Santo André, São Paulo
Fundadora do grupo de apoio VIVA MELHOR

“Descobri que tinha câncer de mama aos 40 anos, quando fiz minha primeira mamografia. Há vinte anos, ‘câncer’ era um assunto proibido; ninguém falava sobre o assunto, não havia informações e eu não sabia a quem recorrer. Me senti muito sozinha, com medo de morrer. Chegueià conclusão que precisava buscar coragem para enfrentar a doença. Adquiri uma força muito grande dentro de mim, muita fé. Percebi o quanto minha família precisava de mim e por isso busquei ajuda e extrai a mama direita. Decidi não fazer a reconstrução e até hoje uso uma proteste externa. O tratamento não foi fácil mas me envolvi em diversas atividades para ocupar minha mente e não pensar muito na doença. As pessoas precisam enxergar que não estão sozinhas. Há quem possa ajudar.

Senti a necessidade de dividir com outras mulheres toda a minha história, estender a minha mão. Dessa forma, nasceu o sonho de levar conhecimento, esclarecimento e dar esperança para essas mulheres. Fundei, com uma grande amiga, a associação ‘Viva Melhor’, que hoje conta com 160 voluntários. O câncer de mama me mudou para melhor: aprendi a dar valor às coisas simples e a mim mesma. Hoje me respeito, sou otimista e feliz. Me tornei uma mulher diferente. Vivo em paz.”


Maria Angélica Linden, 49 anos, Taquara, Rio Grande do Sul

“Com apenas 43 anos, descobri que tinha câncer na mama esquerda. Quando recebi o diagnóstico, fiquei em choque. Era como se estivesse recebendo minha sentença de morte. Como detectei o câncer no inicio, o tumor ainda era pequeno e não precisei retirar toda a mama. Passei pela quimioterapia e radioterapia. Depois da minha primeira aplicação de quimio, decidi raspar todo o cabelo. Durante o tratamento, tive o apoio total da família e dos amigos, que me incentivaram e me deram coragem com palavras de amor de carinho. Conversar bastante sobre a doença me ajudou muito a vencê-la. Falei sobre meus medos, minhas dúvidas e minhas fraquezas. Mas também considero fundamental ter feito me consultado com uma psicóloga, que me ajudou a compreender e aceitar melhor.

Hoje, aos 49 anos, estou curada. Aprendi que a saúde é o bem mais valioso que possuímos. Sou voluntária do Instituto da Mama (Imama) e luto pelo Diagnóstico Precoce do Câncer de Mama. A mensagem que deixo para quem estiver enfrentando o câncer de mama é que tenha paciência, viva um momento de cada vez, fale bastante com seu médico e profissionais da área da saúde, eles são as pessoas certas para esclarecer tudo a respeito da doença. Saúde e Felicidades..."

Tania Mary Gomez, 60 anos, Curitiba, Paraná

"No começo de 2001, detectei um pequeno nódulo na minha mama direita e retornei ao médico antes da data prevista, já que a última mamografia tinha sido feita dez meses antes. Quatro dias depois da confirmação da doença eu já estava na mesa de cirurgia para retirada do tumor com a idade de 52 anos.
Por ironia do destino ou graça de Deus, um dos membros da equipe de oncologistas do hospital em que fiz a cirurgia era meu próprio marido. Ele foi um dos ombros fortes que me apoiaram durante o tratamento. Mesmo careca pelo efeito da quimioterapia, minha família foi minha motivação para seguir em frente.
A experiência da doença fez com que minha vida ganhasse um significado especial. Depois dela, passei a me dedicar ao voluntariado e, com isso, desenvolvi o “Chaveiro da Vida - Prevenção ao Alcance das Mãos” para alertar outras mulheres sobre a importância da detecção precoce da doença.
Para quem vive uma situação parecida com a minha, entenda que esse é o momento para provarmos nosso valor como mulheres corajosas, batalhadoras e vitoriosas. O caminho da cura começa na nossa mente e se materializa se a gente viver cada minuto com muita garra."

Olivia Francisca de Lima, 58 anos, Santo André, São Paulo

“A primeira vez que fiz o autoexame foi depois de assistir a um capítulo da novela "Mulheres Apaixonadas", exibida pela Rede Globo em 2003. Uma das personagens tinha câncer de mama e a novela incentivava a prevenção. Eu não tinha interesse no assunto e jamais imaginei que pudesse acontecer comigo. Por curiosidade, resolvi fazer o exame e percebi um nódulo pequeno,menor que 1 cm. Fiquei duas noites sem dormir, minha cabeça deu um nó. Passei a me perguntar ‘por que eu?’. Rezei muito e decidi que iria enfrentar o câncer com muita força e fé. Por ter descoberto o nódulo no inicio, fiz apenas radioterapia e não precisei tirar a mama. Ainda assim, o desafio foi árduo, mas consegui superar com o apoio da minha família. Nós sempre imaginamos que doenças como esta estão bem longe da gente - mas não é bem assim. Se não fosse o autoexame, a minha história poderia ter sido pior.

Com a minha recuperação, nasceu o desejo de ajudar outras mulheres e mostrar a elas que estou bem, que venci. Hoje, cinco anos depois, minha vida mudou completamente. Sou mais espontânea, paciente e dou valor à vida, às pessoas e à família. Sou mais ousada: consigo sair de casa e deixar louça na pia. Consigo expressar melhor meus sentimentos e aprendi a dizer ‘não’ quando é preciso. Mulheres, não percam a fé. A doença é uma oportunidade para mudanças. Não abandonem o tratamento e acreditem: existe luz no fim do túnel.”

Fonte: Oncoguia

De Peito Aberto – Mulheres que venceram o câncer compartilham suas histórias

No projeto DE PEITO ABERTO, o casal Vera Golik, jornalista, e Hugo Lenzi, fotógrafo e sociólogo, transformaram a vivência que tiveram com o câncer na família em uma obra que demonstra a importância do humanismo nas relações para levar à superação. Confira algumas das imagens presentes na exposição e no livro, e conheça essas mulheres que venceram o câncer e tiveram a coragem e desprendimento de compartilhar suas histórias.

Juliana Fincatti Moreira, advogada, 27 anos
“Esta frase – no retrato, a essência – resume o que senti com Juliana, a primeira fotografada do projeto. Tinha lido o resumo da entrevista inicial: “Juliana, 27 anos, ainda fazendo a “quimio”. Estava noiva e congelou os óvulos para garantir a maternidade…”Muito pouco para saber como retratá-la.

Encontrei uma moça morena, com os cabelos curtos, negros e encaracolados. Um olhar triste, uma atitude defendida. Pedi que me contasse mais, e enquanto conversávamos ela me mostrou uma foto dela recente. Difícil acreditar que aquela moça magra, loira, de cabelos lisos e longos e de olhos verdes era quem estava na minha frente. Sorrindo ao ver meu espanto, ela disse: ‘Sim, sou eu. Ou melhor, era eu, 15 dias antes de começar a quimioterapia. Fiquei inchada de cortisona e os cabelos nasceram escuros e encaracolados. Mudou até a cor dos meus olhos, ficaram castanhos. Eu me olho no espelho e não me reconheço…..Naquela hora, vi o quanto nosso trabalho poderia ajudar a resgatar a identidade e a autoestima da mulher que perdia suas referências com a doença. A conversa se estendeu, o gelo foi quebrado. Durante as fotos, passamos a buscar, juntos, a essência da Juliana. E ela se revelou: forte, linda, uma verdadeira vencedora.”

Mônica Galvão, 47 anos, psicóloga clínica
“Durante o furacão, muita gente me falou para eu me tratar em São Paulo, mas resolvi ficar em Brasília, perto dos amigos e da minha filha. Acertei. O apoio deles me ajudou a vencer…

…As minhas filhas foram fantásticas. …Sinto muita gratidão por todos os meus amigos. Sabia que podia contar com eles, mas não imaginava o quanto. Foi uma linda descoberta! Uma amiga ficou ao meu lado em todas as quimioterapias e me fazia rir. Um dia, apareceu fantasiada de palhaça, em outro, de bruxa. Fazia farra com todo mundo. Mudava a energia do espaço não só para mim. Até hoje passo pela clínica e o pessoal me pergunta sobre ela…

A grande lição da doença foi aprender a confiar….Nas pessoas e na vida.”


Sueli Cabral Duarte, banqueteira, 45 anos
“Precisa de muita coragem e vontade para encarar cada etapa. Não é nada fácil. Mas, se você quiser muito, transforma a situação. Eu queria muito. E ainda quero.”

Uma das histórias que Sueli nos contou é até hoje um marco em nossas palestras e em nossos diálogos do projeto por todo o Brasil. Quando ela soube da doença, Lys tinha 3 anos e meio e ainda mamava. Sim, ela nos mostrou uma foto tirada antes de tudo acontecer, com a pequena Lys mamando em pé, pendurada em seu peito. Ao saber da doença, chegou a difícil hora de reunir os filhos para contar o que estava acontecendo e o que viria pela frente. Com todo o cuidado e toda sabedoria, Sueli disse: “A mamãe está doente, mas não é para vocês ficarem preocupados. É verdade, vou ter que tirar o peitinho…”. Nessa hora, eles ficaram quietos e olharam assustados, mas ela continuou. “Não se assustem, depois vou ficar boa e colocar outro, tá?”. Com a rapidez e a pureza que só as crianças têm, Lys franziu a testa e respondeu, sem pensar: Então, mamãe, será que o novo pode vir com chocolate?”.


Alessandra de Freitas Barbosa Sandoval, 34 anos, pedagoga
Alessandra fez a masectomia em outubro de 2004. Ela sentiu a dor de não ter recebido o apoio do marido, mas encontrou respaldo no amor incondicional das filhas e no suporte total da família e dos amigos.

“No início do tratamento, ainda estávamos juntos, e ele tinha crises de choro e vergonha de ser visto comigo em público. Ficou ausente o mais que pôde. Deu apoio financeiro e só. Fiquei perdida, tendo que encontrar forças para enfrentar o câncer sozinha. Mas tinha a responsabilidade de passar valores para minhas filhas e fui em frente. Venci os preconceitos, cuidei da aparência, não parei nem um minuto para reclamar”.

Ficamos tremendamente chocados com o fato de um companheiro abandonar a mulher em um momento em que o apoio é tão importante. E nos chocou mais ainda saber que ele é médico e, portanto, que teoricamente deveria saber lidar com isso melhor do que a maioria das pessoas. Infelizmente, depois, percebemos que o abandono é muito mais comum do que se imagina. Sua história serviu de alerta e conscientizou muitas pessoas em todo o Brasil. Ao mesmo tempo, é muito bom ver como Alessandra está bem agora.


Gisela Amaral, 66 anos, casada com o empresário Ricardo Amaral, o “Rei da Noite”
“Ao receber a notícia, senti uma grande alegria. Podia parecer estranho, mas sempre pensei: ‘se algo assim for acontecer na minha família, que seja comigo, não com os meus filhos ou com o meu marido’.”

Sou vaidosa e me lembro de que, quando me vi careca pela primeira vez, ameacei chorar. Mas engoli as lágrimas e tratei de me produzir. Em vez de me esconder, caprichava na maquiagem, colocava meus enfeites, colares e echarpes e saía para meus compromissos.

É importante a gente saber e se lembrar de que, se você não passa por cima do câncer, demonstrando muita alegria e fé verdadeira, o câncer passa sobre você.”


Alessandra Ziukevicius, 35 anos, professora e coordenadora de esportes, sua filha Lara e seu marido, Cléber.
Estar ao lado para o que der e vier. Essa foi a lição que aprendemos com o casal Alessandra Ziukevicius, 35 anos, professora e coordenadora de esportes, e seu marido, Cléber.

“Percebi que ele me amava não pelos meus lindos seios, mas pelo que eu era. Ainda me emociono quando lembro que Cleber fez treinamento de enfermagem só para saber como cuidar de mim. Ele levantava todos os dias às 5 da manhã, trocava os curativos, dava banho e até escovava meus cabelos. À noite, ao voltar do trabalho, repetia a dose. Foram meses em que contei muito com o meu marido.

Quando comentamos sobre a dificuldade que alguns companheiros tinham em segurar a barra e que havia até quem abandonasse suas mulheres, ele se espantou: “Não posso nem imaginar fazer diferente. Não acredito que existam pessoas assim, tão fracas. Perto de tudo que ela estava passando, o que fiz foi muito pouco. Cuidar o melhor possível de Alessandra e de nossa filha era o mínimo que eu podia fazer.”


Moema Gramacho, 51 anos, prefeita de Lauro de Freitas, Bahia.
Durante a campanha para seu segundo mandato, ela recebeu o diagnóstico. Teve de enfrentar os ataques sórdidos dos adversários políticos, que em golpes baixos usaram a doença para tentar derrotá-la. Mas com sua força e seu carisma, ela superou tudo e venceu – as eleições e o câncer.

“…Mas na primeira sessão o cabelo já começou a ir embora. Caiu a metade. Tinha um cabelão enorme, na cintura. Além de gostar dele, era minha marca registrada. Foi o momento mais complicado…. Quando passei a mão na cabeça e senti um punhado de cabelo, aí eu me toquei. Foi chocante. Senti uma impotência tão grande. Queria saber o que fazer para o vabelo não cair, mas não tinha jeito. Não tem nada que segure. Não podia optar. De fato, a coisa era séria.

Chorei muito! Minha filha e minha família me ajudaram a superar! Naquele momento, veio a lembrança de meu pai, ele teve de amputar as duas pernas e tinha vontade de viver. Então, mesmo com a minha vaidade, por que eu iria enfraquecer? Fui me convencendo: ´Vou viver um período sem o cabelo e pronto’.”


Dalva Sandes, atriz
“Senti tudo: dor, medo, solidão, depressão. Um dos grandes temores era perder a mama. É muito difícil a gente pensar que vai perder o seio. Para mim, era terrível. Por ser atriz, vivo da minha imagem, da integridade do meu corpo, e a notícia da mutilação era desesperadora. O pior foi um médico que queria que eu desistisse de colocar a próteses e me assustou dizendo friamente que o caso era grave. Repetia que a cicatriz ia ficar imensa e profunda em todo o meu colo e que o procedimento era assim mesmo. Senti que faltava o lado humano, a sensibilidade de perceber que, para mim, além da luta para salvar a minha vida, também era vital procurar maneiras de preservar a estética. Meu lado psicológico ficou muito abalado.”

“…quando acordei da cirurgia, a primeira coisa que fiz foi olhar para os meus seios e ver como tinha ficado a reconstituição. Fiquei aliviada, pois estava tudo certo. Fui vitoriosa e estou feliz. “

Um exemplo de superação

Quando nos encontramos com Dalva, ela ainda se recuperava – das feridas emocionais e também das físicas. Um episódio desse nosso encontro ficou gravado para nós. Em função das várias cirurgias e por ainda não ter feito a fisioterapia, ela não conseguia levantar completamente os braços. Foram removidos os linfonodos sentinela, localizados nas axilas, mas ela não nos falou sobre essas dificuldades de movimentos. Entusiasmada e feliz, ela se prontificou a fazer o que fosse preciso para retratar as emoções vividas. Assim, durante as sessões de fotos, várias vezes, ela pulou, voou e elevou os braços como não tinha feito até então. Era o mais verdadeiro retrato da superação. Tão intenso e verdadeiro que se traduziu na imagem de abertura que simboliza todo o projeto DE PEITO ABERTO.

O cuidar
O Humanismo na prática

O trabalho dos profissionais de saúde com consciência e postura humanista poderia ser resumido nestas duas palavras: razão e sensibilidade. A extrema acuidade científica convivendo em perfeita harmonia com o cuidado com o outro, no mais amplo sentido da palavra “cuidar”…

… No caso específico de nossa experiência com o câncer de mama, essa maneira diferenciada de cuidar tem um papel tão importante, tão vital, que pudemos por diversas vezes comprovar o seu poder transformador. A saúde a que nos referimos aqui não é a que representa apenas ausência de doença, mas, sim, a que significa uma “forma criativa de lidar com a vida”, como diz o filósofo japonês Daisaku Ikeda.

Fonte: Revisa Onco 04/08/2011.

Grupo ajuda a enfrentar o câncer de mama

Receber o diagnóstico de câncer de mama representa ruptura na vida de qualquer mulher. Muitas se isolam, ficam deprimidas e têm dificuldades para enfrentar a doença, que mexe com a percepção da sexualidade e da própria imagem pessoal. Do ponto de vista da saúde, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, maior é a chance de cura. No entanto, como fica a questão estética e emocional durante o tratamento e a possível cirurgia para remoção da Foi pensando nisso que Vera Emília Teruel se juntou à amiga Terezinha Pontes Cipriani e fundou, há quase 13 anos, o Viva Melhor - Grupo de Apoio e Autoajuda às Mulheres Mastectomizadas (que fizeram cirurgia para remoção parcial ou total da mama). Ambas enfrentaram a doença e sabiam da necessidade de apoio.

"Aqui elas encontram iguais, pessoas com os mesmos medos e problemas, e podem trocar experiências", explica Vera. Hoje, o grupo localizado em Santo André promove reuniões toda quarta-feira, das 14h às 17h. Além disso, realiza doação de próteses mamárias externas para pacientes que removeram o seio e faz o empréstimo de perucas àquelas que perdem os cabelos na quimioterapia.

Segundo Vera, a maioria chega ali indicada pelos médicos ou por outras que tenham enfrentado a doença.

O grupo mantém parceria com o Hospital da Mulher, onde realiza o atendimento pós-cirurgias e palestras de prevenção. Na Faculdade de Medicina do ABC, há também atendimento no Setor de Oncologia das 8h às 12h.

O Viva Melhor atende, em média, dez novas pacientes a cada semana e conta com 60 voluntárias. No ano passado foram abordadas 2.320 mulheres durante as 38 palestras e outras atividades da instituição. "Apenas no primeiro semestre de 2011 doamos cerca de 300 próteses", comemora Vera. Para manter as atividades, o grupo está em busca de parceiros. "Nossa renda vem basicamente dos eventos que realizamos e das parcerias", afirmou a fundadora.

‘Mudou minha vida, vi que podia vencer'

Todas as voluntárias envolvidas com o Viva Melhor enfrentaram a doença e tem experiência para ajudar as que receberam agora o diagnóstico. É o caso da aposentada Isabel Alves da Silva, 69 anos, que fez mastectomia da mama esquerda há dez anos. "Conheci o grupo no período em que estava fazendo a quimioterapia. Fiquei muito abatida, vivia em casa, não queria sair. Meus filhos ficaram preocupados e tentaram me ajudar. O médico também indicou e vim para cá." Isabel garante que foi a melhor coisa que poderia ter feito. "O grupo mudou a minha vida e a forma de encarar a doença. Percebi que poderia vencer", destaca.

Hoje ela tenta auxiliar outras mulheres a enxergar isso também, por meio de palavras amigas e apoio, que foi o que sempre encontrou ali. Assim como Isabel, a voluntária Soila Bertoia da Silva, 68, enfrentou e venceu o câncer de mama dez anos atrás. Como tantas outras mulheres, na época se perguntou ‘por quê eu?'. Ao longo do tempo, porém, descobriu que a pergunta certa a se fazer era ‘para quê eu?'. "Sempre enfrentamos a doença para aprender alguma coisa. E para a grande maioria das mulheres, é uma forma de achar o seu espaço e cuidar melhor de si."

Fonte: Diário do Grande ABC.