Segundo um artigo publicado a 6 de Novembro na revista Nature Medicine, investigadores do Nacional Cancer Institute, desenvolveram uma terapia baseada em raios próximos aos infravermelhos que permite destruir selectivamente células tumorais sem causar dano aos tecidos envolventes. Este método de terapia do cancro, testado por enquanto em ratos, pode futuramente ser aplicado a seres humanos para o tratamento do cancro de mama, pulmões, próstata e leucemias.
A actual terapia fotodinâmica não é apropriada para o tratamento de células cancerígenas, pois provoca danos nos tecidos normais circundantes. Daí que os investigadores deste estudo tenham desenvolvido uma terapia fotodinâmica mais precisa para atingir exclusivamente as células tumorais poupando ao máximo as células saudáveis envolventes.
Este novo tipo de tratamento, chamado de fotoimunoterapia, ou FIT, usa a luz para rápida e selectivamente matar as células cancerígenas. Para criar este FIT, os cientistas juntaram um anticorpo monoclonal ou MAb que reconhece proteínas específicas na superfície das células cancerígenas, com um fotossensibilizador — uma molécula que quando exposta à luz num comprimento de onda apropriado (próximo ao infravermelho), danifica rapidamente células. A esperança era de que combinando o fotossensibilizador/MAb conseguissem, introduzindo o fotossensibilizador nas células tumorais alvo através do MAb, matar selectivamente essas células após estas terem sido expostas à luz próxima ao infravermelho.
Após terem testado um largo número de fotossensibilizadores, os cientistas descobriram que um corante fluorescente próximo ao infravermelho chamado IR700 tinha as propriedades químicas mais favoráveis.
Os cientistas ligaram quimicamente o IR700 a três MAbs diferentes, incluindo anticorpos que visam a HER2, proteína que é abundante em alguns cancros de mama, a EGFR, que é abundante em alguns cancros de pulmão, pâncreas e cólon, e a PSMA, que é abundante no cancro de próstata.
Os pesquisadores descobriram que quando as células do cancro ligadas ao MAb/IR700 foram expostas à luz próxima ao infravermelho morreram rapidamente enquanto que as células sem o composto saiam ilesas.
Quando o tratamento foi testado em modelos de rato com cancro, mesmo numa dose única de luz próxima ao infravermelho resultou numa diminuição dramática do tumor em ratos a quem tinham sido administrado o MAb/IR700.
Tal como a luz visível, a luz infravermelha tem uma gama de comprimentos de onda que vai desde a luz vermelha ao violeta, a luz próxima ao infravermelho é o mais próximo no comprimento de onda da luz visível.
A fotoimunoterapia usando o MAb/IR700, ao contrário dos fotossensibilizadores convencionais que podem causar danos ao tecido saudável, não parece prejudicar as células normais. Considerando que a luz que é necessária para activar os fotossensibilizadores convencionais pode penetrar através de tecidos apenas cerca de 0,8 centímetros, a luz infravermelha usada para activar o IR700 pode penetrar os tecidos a uma profundidade de vários centímetros.
O estudo também descobriu que as doses de anticorpos necessárias para o diagnóstico foram significativamente menores que os exigidos para a terapia. No entanto, após a exposição ao MAb/IR700, os tumores alvo reduziram de tamanho e eventualmente, desapareceram, sugerindo que este pode ser um potencial meio de controlo do cancro em doses muito mais baixas do MAb do que as que geralmente são administradas aos pacientes com cancro, dizem os cientistas, isto porque o composto do MAb/IR700 também emite uma pequena quantidade de luz que pode também ser usado para monitorar a terapia.
"A capacidade de juntar diferentes MAbs ao IR700 significa que esta técnica pode ser usada como um guia não-invasivo para monitorar os resultados dos tratamentos", disse o Dr. Hisataka Kobayashi, cientista-chefe do Programa de Imagem Molecular no NCI centro de Investigação do Cancro.
Fonte: Depeitofeito National Cancer Institute News
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