terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estresse pode desempenhar papel no desenvolvimento do câncer de mama.

Pesquisadores da Universidade de Illinois, em Chicago, descobriram componentes que os especialistas qualificam como resultantes de "estresse psicossocial" - especialmente longos períodos de ansiedade, medo e isolamento - que podem sobrecarregar o sistema nervoso autônomo, aquele que ajuda a regular o ritmo cardíaco, respiração e outras funções importantes do corpo.

Num estudo que envolveu 989 mulheres diagnosticadas com câncer de mama nos três meses anteriores, um questionário para avaliar o nível de estresse do grupo revelou que existe uma associação entre alto nível de estresse e as doenças crônicas como o câncer. As pacientes com níveis mais altos de estresse foram também aquelas mais propensas a ter formas as mais agressivas de câncer de mama.

Os cientistas verificaram que mulheres muito estressadas têm 38% mais chances de ter câncer porque não reagiam a receptores de estrogênio. Estes tumores não respondem às terapias que visam o corte de estrogênio, o que significa que drogas como o tamoxifeno, o raloxifeno (Evista), arimidex e outros não ajudam no tratamento de tumores. Depois de levar em conta dados como a idade da mulher e o estágio do câncer quando diagnosticado, os médicos observaram que as mulheres mais estressadas tinham 22% mais chances de ter um tipo de câncer que não responde a receptores de estrogênio.

Os pesquisadores também descobriram que as mulheres com mais de estresse tinham 18% mais probabilidade de serem diagnosticadas com tumores de alto grau, que são mais agressivos do que tumores de baixo grau. No entanto, quando a equipe de estudo relacionou a idade da paciente e o estágio do câncer, o link desapareceu.

Além disso, pacientes com câncer de mama, que eram negras ou de origem latino-americana apresentaram níveis mais elevados de estresse (em média) do que pacientes brancas.

Tais resultados levantam a questão de saber se as mulheres com câncer mais agressivo já estavam mais estressados antes de serem informadas de que eram portadoras da doença. Tudo porque a notícia de um diagnóstico de câncer de mama - especialmente se o tumor é agressivo - já traz um alto nível de estresse por si. A Associação Norte-Americana para Pesquisa de Câncer, que coleta estudos sobre níveis de estresse e tipos de câncer, reconheceu que o número de mulheres entrevistadas era grande o bastante para estabelecer alguma associação entre a baixa imunidade e os altos níveis de estresse que podem acelerar o diagnóstico de tumores.

- Ainda não está claro qual o tipo de associação entre estresse e câncer - explica o pesquisador Garth Rauscher. - Pode ser que o alto nível de estresse na vida dessas pacientes tenha influenciado o grau de agressividade do tumor. Pode ser também que, ao receber o diagnóstico de um tumor mais agressivo, com prognóstico mais preocupante, as pacientes tenham agravado seu nível de estresse. E pode ser, ainda, que essas duas variáveis estejam desempenhando seus papéis na associação que tanto preocupa os médicos. Nós não sabemos a resposta para essa pergunta. Mas é certo que alto nível de estresse e tumores malignos agressivos apareceram juntos num número bastante elevado de mulheres pesquisadas para este estudo - comenta Rauscher.

Fonte: O Globo Saúde

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