domingo, 27 de setembro de 2020

Médico bilionário acredita que tratamento desenvolvido contra o câncer pode derrotar o coronavírus

Alex Knapp


Soon-Shiong é um dos médicos mais ricos do planeta ao desenvolver tratamentos inovadores para câncer e diabetes


Patrick Soon-Shiong se lembra de quando percebeu que a pandemia da Covid-19 representaria uma séria ameaça. Era 24 de fevereiro e o coproprietário do time de basquete L.A. Lakers estava no Staples Center, em Los Angeles, para o memorial de Kobe Bryant.

Com a morte prematura de Bryant em sua mente, ele ficou pensando sobre a pandemia emergente. Mesmo que a Covid-19 ainda não tivesse causado nenhuma morte nos Estados Unidos, Soon-Shiong estava preocupado. Ele se lembra de ter falado com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e lhe dito: “Estamos com problemas”

Seu senso de urgência segue presente. “Se pensava que eu estava com medo em 24 de fevereiro”, conta, “estou muito mais assustado agora”. Ele explica que o motivo é que “o que aprendemos é que esse vírus age como um câncer”. O médico diz que saiu de casa apenas uma vez desde o memorial de Bryant, para filmar um vídeo sobre o coronavírus para o “Los Angeles Times”, que ele comprou, com o “San Diego Union-Tribune”, por US$ 600 milhões há dois anos. “Eu me desliguei do mundo”, diz ele.

Um dos médicos mais ricos do planeta, que fez uma fortuna de US$ 6,7 bilhões desenvolvendo tratamentos inovadores para câncer e diabetes, busca lutar contra a pandemia. Seu método são os mesmos tratamentos de câncer que ele desenvolveu na última década e meia. Ele está os direcionando a todos os aspectos do coronavírus, desde vacina até tratamentos para casos leves a terapias direcionadas a pacientes em ventiladores.

É um plano extremamente ambicioso de um homem que muitas vezes foi acusado de ser um artista exagerado. Soon-Shiong já foi um respeitado cirurgião e professor da Faculdade de Medicina da UCLA, mas durante seu segundo ato como empreendedor de grande sucesso, foi ridicularizado mais como um showman do que como um cientista, considerado culpado por exagerar nos resultados e receber crédito indevido. Há alguns anos, por exemplo, ele se gabava de usar um medicamento contra o câncer de mama para tratar uma paciente com câncer cervical –mas outros grupos já estavam obtendo sucesso semelhante. Como a Forbes divulgou na capa de uma revista em 2014: “Embora ele seja inegavelmente brilhante, Soon-Shiong é igualmente inegavelmente um fanfarrão.”

Mas ele também tem defensores ferrenhos de sua abordagem ao câncer e à Covid-19, incluindo o ex-líder de maioria no Senado Harry Reid, que diz que o médico sul-africano de 68 anos “salvou minha vida” em 2019 ao fornecer um tratamento experimental para seu câncer pancreático em estágio IV. Os pesquisadores dizem que seus métodos são fundamentados na boa ciência, embora a validade seu trabalho dependa, em última instância, dos resultados.

“Temos monitorado e observado um aumento no número dessas terapias baseadas em células, sejam elas reaproveitadas da oncologia ou mesmo de outras condições de doença”, disse Esther Krofah, analista sênior que monitora o pipeline de desenvolvimento clínico de vacinas e terapias da Covid-19 para o Instituto Milken. Várias delas –tanto de grandes empresas farmacêuticas quanto de pequenas empresas de biotecnologia– estão entrando em testes clínicos. A pandemia oferece uma chance de mostrar o que seus tratamentos podem fazer em um período de tempo menor do que os medicamentos contra o câncer normalmente exigem. “Para as pequenas empresas, é um exercício que vale a pena ver se dá certo”, diz Esther.

Pode parecer contra-intuitivo, mas os avanços no conhecimento sobre o sistema imunológico e como ele pode ajudar a matar o câncer têm aplicações reais para doenças infecciosas. “Para mim, uma célula cancerígena e uma célula infectada por vírus são a mesma coisa”, diz o Wayne Marasco, imunologista da Harvard Medical School que atualmente está pesquisando tratamentos para o coronavírus. “O sistema imunológico”, acrescenta, “parece pensar da mesma maneira.” Boa razão para levar Soon-Shiong a sério.

Medicina bilionária

Nascido em Port Elizabeth, na África do Sul, em 1952, Soon-Shiong conhece bem a ligação entre sistema imunológico, câncer e doenças infecciosas. Tendo se formado na faculdade de medicina aos 22 anos, ele concentrou o início de sua carreira como cirurgião em transplantes e câncer, que envolve um complexo alinhamento com o sistema imunológico. O convergência dos assuntos, ele conta, o levou a olhar para o “corpo como um sistema, não uma única célula. Somos um sistema biológico.”

Esse pensamento interdisciplinar pode te sido o que levou ao remédio que fez sua fortuna: o Abraxane, que usava um medicamento quimioterápico existente, o Toxol, mas o envolvia em uma proteína que tornava mais fácil retirar aos tumores. Atualmente, é usado para tratar casos avançados de câncer de pulmão, mama e pâncreas. Em 1998, para desenvolver o Abraxane, ele comprou a Fujisawa, uma pequena empresa de capital aberto que vendia medicamentos genéricos injetáveis. Soon-Shiong usou suas receitas para mover a Abraxane rapidamente através do processo regulatório. O FDA aprovou em 2005 e, em 2007, Soon-Shiong dividiu o negócio em dois, criando uma empresa chamada Abraxis que se concentrava no novo medicamento contra o câncer. Ele vendeu o negócio de genéricos para a Fresenius, em 2008, por US$ 4,6 bilhões. Dois anos depois, ele vendeu a Abraxis para a Celgene por US$ 4,5 bilhões. A Celgene, adquirida pela Bristol Myers Squibb em novembro de 2019, informa que as vendas da Abraxane ultrapassam US$ 1 bilhão anualmente.

Os negócios que aconteceram com a Abraxane, no entanto, deixaram Soon-Shiong “com a reputação de ser mais um negociante do que um cientista”, como observamos em 2014. No entanto, em várias conversas recentes, ele demonstra muito pouco exibicionismo. Ele está visivelmente cansado, exibindo maior empolgação quando começa a falar sobre detalhes científicos. “Estou um pouco esgotado”, admite ele com franqueza, acrescentando que dorme apenas cerca de quatro a seis horas por noite desde fevereiro. Ao longo desse tempo, diz ele, suas empresas se concentraram em continuar a desenvolver tratamentos de câncer e trabalhar para empregá-los contra a Covid-19. Ele apimenta suas declarações sobre a abordagem de sua empresa contra o câncer e o coronavírus com qualificadores sobre os resultados de estudos pendentes, evitando parecer uma promessa exagerada.

Soon-Shiong tem vários negócios inter-relacionados organizados em uma estrutura corporativa complexa que teria intrigado os bizantinos. Mas seus esforços com a Covid-19 vêm de duas empresas que ele fundou que trabalham no desenvolvimento de imunoterapias contra o câncer: NantKwest, uma empresa de capital aberto com sede em San Diego, e a ImmunityBio, uma empresa privada.

A imunoterapia contra o câncer é baseada na ideia de que o próprio sistema imunológico do corpo pode ser estimulado para tratar a doença. Essa teoria tem data do século 19, quando os cientistas observaram pela primeira vez tumores diminuindo depois que os pacientes desenvolveram um tipo de infecção de pele. Isso levou a alguns dos primeiros experimentos em que o sistema imunológico de pacientes com câncer foi estimulado. No entanto, os esforços iniciais foram difíceis de reproduzir, e o campo foi desviado pelos avanços na quimioterapia e na radiação. O interesse aumentou novamente em 1959, quando um artigo mostrou que a vacina contra a tuberculose inibia o crescimento do tumor em camundongos. Após décadas de intensa pesquisa, a primeira imunoterapia contra o câncer foi aprovada pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), em 1986.

Outros tipos de imunoterapias continuaram, variando de anticorpos purificados que atacam o câncer até drogas que desligam os interruptores químicos que permitem que as células tumorais se escondam do sistema imunológico. Os avanços mais recentes envolvem a terapia com células CAR-T, que ganhou a aprovação do FDA em 2017 e envolve a engenharia genética de células imunológicas de pacientes para que ataquem certos alvos encontrados em células tumorais.

Fundada em 2002, a empresa NantKwest de Soon-Shiong se concentra no desenvolvimento das chamadas células “assassinas naturais” (NK, na sigla em inglês), que o sistema imunológico usa para destruir células infectadas por vírus, bem como tumores em estágio inicial. A empresa tem trabalhado para desenvolver uma linha de células NK “prontas para uso”, chamada NK-92, que pode ser usada para tratar certos tipos de câncer, bem como infecções virais.

A empresa, que ainda não divulgou nenhuma receita significativa, perdeu quase US$ 400 milhões desde que abriu o capital a US$ 25 por ação (uma capitalização de mercado de US$ 2,6 bilhões) em 2015. As ações foram negociadas recentemente na faixa de US$ 10,50, em um fundo de cerca de US$ 1 por ação em 2019. Uma razão para o aumento das ações, diz Biren Amin, analista da Jefferies, é a pesquisa relatada da empresa sobre a pandemia do coronavírus. A segunda, sugere ele, envolve o tratamento de câncer do ex-senador Reid, que utilizava produtos da empresa.

Tratamentos

Harry Reid foi diagnosticado com câncer pancreático em 2018 e começou a quimioterapia naquele julho. Seu corpo não respondeu bem: “Eu estava tão doente que interromperam a quimioterapia” em outubro, diz ele. Em julho de 2019, uma varredura de seu fígado mostrou que o câncer havia se espalhado. Isso significava que sua única opção era mais quimioterapia. Na mesma época, Joe Kiani, fundador e CEO da Masimo, empresa de TI em saúde com sede em Irvine, na Califórnia, se encontrou com Soon-Shiong para discutir a aquisição de ativos no valor de US$ 50 milhões da NantHealth. Durante a reunião inicial, a conversa se voltou para outros projetos de Soon-Shiong, o que levou Kiani a telefonar para o ex-senador de Nevada. “Liguei para Harry e disse: ‘Acabei de sair dessa reunião. Essa pessoa pode ter a cura. Não sei se ele sabe, mas o que você tem a perder? Fale com ele e veja o que acontece’”, lembra Kiani.

Duas semanas depois, Soon-Shiong e um médico da NantKwest Leonard Sender estavam trabalhando com Reid, usando tratamentos da NantKwest e também do ImmunityBio de Soon-Shiong. Esses tratamentos ainda não foram aprovados oficialmente, mas foram permitidos pelas regras de uso compassivo do FDA. Reid foi tratado com uma combinação de Abraxane, células naturais da NantKwest e um medicamento da ImmunityBio chamado N-803, que estimula o sistema imunológico a produzir suas próprias células assassinas. Soon-Shiong compara isso ao “triângulo de ataque” frequentemente empregado pelos time de basquete Lakers. Em novembro de 2019, Reid relatou que seus exames estavam completamente claros, sem mostrar sinais de câncer. “Eu admiro muito o Dr. Soon-Shiong”, diz ele à Forbes. “Tanto pelo que ele fez por mim pessoalmente, quanto pelo que fez pelo sistema de saúde dos Estados Unidos.”

A história de Reid é extraordinária, já que o câncer pancreático continua sendo uma das formas mais letais da doença. Em cinco anos após o diagnóstico, o câncer mata cerca de 90% dos pacientes, sendo responsável por 7% das mortes por câncer em todo o mundo. O apresentador Alex Trebek, que também sofre de câncer pancreático, recebeu o mesmo tratamento, assim como outros dois pacientes não identificados. Mas Sender adverte contra a declaração de cura. “É muito cedo para dizer, porque essa é uma forma muito complicada de câncer”, diz ele. É por isso que a NantKwest agora está focada em um novo ensaio clínico randomizado, acrescenta, que busca recrutar cerca de 300 pacientes com câncer de pâncreas com formas avançadas da doença. Aqueles que se inscreverem receberão um curso de tratamento semelhante ao que Reid recebeu.

Como parte do desenvolvimento desses tratamentos, Soon-Shiong passou os últimos cinco anos trabalhando com o Instituto Nacional do Câncer (NCI, na sigla em inglês). Suas empresas têm um acordo de colaboração envolvendo diversos tipos de tratamentos, incluindo NK-92 e N-803, além de algumas vacinas contra dois tipos de tumores. Jeffrey Schlom, chefe do laboratório de imunologia e biologia tumoral do NCI, lembra de estar em sincronia com Soon-Shiong desde o início. “Em nossa primeira reunião oficial de criação, apresentamos nossos slides de nossa abordagem”, diz ele. “E então ele se levantou e apresentou sua abordagem, e eles eram quase idênticos.” Desde então, o grupo de Schlom publicou em periódicos revisados ​​por pares 15 artigos sobre os tratamentos de Soon-Shiong, tanto em ambientes pré-clínicos quanto clínicos.

Novos negócios

Desde fevereiro, a NantKwest e a ImmunityBio redirecionaram parte de sua atenção para a pandemia de coronavírus, usando uma série de armas em seu arsenal coletivo. A primeira é uma vacina, baseada no sistema que as empresas Soon-Shiong estão desenvolvendo para o câncer, que já mostrou resultados positivos contra a Covid-19 em um estudo envolvendo camundongos. Também está sendo estudado em macacos como parte de uma operação do governo federal. Quanto aos testes em humanos, Soon-Shiong diz que está pronto para ir. “Meu cronograma agora depende do FDA me deixar”, diz ele.

A vacina é administrada ao corpo por meio de um vírus do resfriado comum denominado adenovírus, que foi despojado de todas as partes que podem causar danos às pessoas ou fazer com que o corpo o ataque. Esse vírus modificado contém dois segmentos individuais do coronavírus: a proteína spike, a proteína de superfície do vírus que desencadeia uma resposta de anticorpos; e uma proteína do nucleocapsídeo, que se encontra no centro do vírus. A maioria das mais de 100 vacinas que estão atualmente em desenvolvimento clínico para Covid-19 concentra-se na proteína de pico para gerar uma resposta imunológica. Soon-Shiong acha que isso não será suficiente, porém, é por isso que ele está incluindo a proteína do nucleocapsídeo. “Minha preocupação é que a proteína do pico sofra uma mutação”, diz ele. “Ela sofreu uma mutação mesmo durante a atual pandemia.”

Além de potenciais mutações, outra preocupação sobre induzir uma resposta de anticorpos é que, a partir dos dados vistos até então, os anticorpos para o vírus Covid-19 simplesmente não duram muito. Os níveis de anticorpos no sangue são “muito baixos depois de alguns meses”, diz Marasco, que não está associado às empresas Soon-Shiong ou à sua pesquisa de vacinas. “Acho que é incerto por quanto tempo a imunidade permanecerá após a vacinação bem-sucedida.” Usar a proteína do nucleocapsídeo “não faria mal”, acrescenta ele, e poderia desencadear não apenas anticorpos, mas também células T que matam vírus.

A segunda maneira é a aplicação do NK-92 da NantKwest e do N-803 da ImmunityBio contra a Covid-19. O NK-92 está sendo adaptado para atacar diretamente as células infectadas por vírus, enquanto o N-803 estimula o sistema imunológico do paciente a produzir suas próprias células assassinas naturais contra o vírus. Os tratamentos podem ser usados ​​juntos ou separadamente, dependendo do paciente, diz Soon-Shiong. Os testes em humanos desses tratamentos já começaram. “É uma coisa fantástica que eles os estejam aplicando a doenças infecciosas para ver como os pacientes se saem”, disse Gigi Gronvall, imunologista do Centro Johns Hopkins para Segurança de Saúde, que não está envolvida na pesquisa. “O conceito é ótimo”, acrescenta ela, com cautela, “mas precisamos ver o que dizem os dados”.

A terceira arma que a NantKwest e a ImmunityBio estão desenvolvendo para o coronavírus envolve o uso de células-tronco mesenquimais, que são derivadas da medula óssea. Esse tipo de célula-tronco foi investigado na última década em busca de doenças –como a Covid-19– que podem fazer com que o sistema imunológico do corpo entre em aceleração e ataque contra si mesmo. Tal tratamento seria para os pacientes Covid-19 em situações graves, que estão passando por uma “tempestade de citocinas”, na qual o sistema imunológico tem uma reação exagerada. Estudos em pequena escala sugeriram que esse pode ser um tratamento eficaz, e várias empresas, incluindo Melbourne, Mesoblast com base na Austrália, já estão em testes clínicos de estágio final para pacientes graves de Covid-19. As empresas de Soon-Shiong estão trabalhando com hospitais para recrutar pacientes para testes em humanos.

Se as abordagens de Soon-Shiong para Covid-19 tiverem resultados positivos em testes clínicos, a próxima etapa pode ser ainda mais difícil: levar esses tratamentos para pacientes necessitados. Isso é especialmente verdade para a vacina, porque no momento nem a NantKwest nem a ImmunityBio têm recursos para expandir a fabricação. “Estou em uma situação difícil”, admite Soon-Shiong, “porque não tenho como fabricar 100 milhões de doses a menos que alguém me apoie. Talvez eu tenha um milhão ou dois milhões de doses.” Ele expressa frustração com o governo: “Bilhões de dólares estão indo para empresas que têm bilhões em receita.” Em julho, a gigante farmacêutica Pfizer (receita de 2019: US$ 51,8 bilhões) recebeu um contrato federal de US$ 2 bilhões para fabricar uma vacina que está desenvolvendo.

As coisas estão melhores para os produtos N-803 e NK-92 das empresas, já que a NantKwest tem a capacidade de fabricar em escala, mas esses tratamentos enfrentarão certa competição de outros que estão sendo desenvolvidos por uma série de empresas farmacêuticas. “Acho que há muitas alternativas mais práticas do que uma terapia celular para uma doença infecciosa aguda”, diz Marasco, embora reconheça que os planos das empresas de usar células-tronco contra os casos mais graves da doença têm potencial.

Apesar de suas frustrações, Soon-Shiong parece determinado a fazer sua parte na guerra da indústria de saúde contra o coronavírus. “Essa é a crise do nosso tempo”, diz ele. “É quase existencial. Os Estados Unidos podem ter de 20 a 30 milhões de infectados. Pode haver um milhão de mortes –isso não é uma piada.”

Fonte: Forbes


Coronavírus e COVID-19: o que as pessoas com câncer precisam saber

Merry Jennifer Markham, MD, FACP, FASCO 


O que é a COVID-19?

COVID-19, ou doença por coronavírus 2019, é uma doença causada por um novo coronavírus que foi identificado pela primeira vez em um surto em Wuhan, China, em dezembro de 2019. 

Coronavírus são uma grande família de vírus que podem causar doenças leves, como resfriado comum, a doenças mais graves, tais como síndrome respiratória aguda grave (SARS) e síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). Como o novo coronavírus está relacionado ao coronavírus associado à SARS (SARS-CoV), o vírus foi identificado como SARS-CoV-2. A origem exata de SARS-CoV-2, que causa a COVID-19, não está clara, mas provavelmente se originou em morcegos.

O vírus pode se espalhar de pessoa para pessoa, por meio de pequenas gotículas do nariz ou boca que são produzidas quando uma pessoa tosse ou espirra. Outra pessoa pode pegar a COVID-19 ao respirar essas gotículas ou ao tocar uma superfície que tenha essas gotículas e, em seguida, tocar em seus olhos, nariz ou boca.

Os sintomas da COVID-19 podem ser moderados a graves e podem aparecer entre 2 e 14 dias após a exposição ao vírus. Os sintomas podem incluir febre, tosse, falta de ar, calafrios, dor de cabeça, dor de garganta e perda do paladar ou odor. Outros sintomas podem incluir dores, fadiga, congestão nasal ou coriza, ou diarreia. Em algumas pessoas, a doença pode causar pneumonia grave e problemas cardíacos, e isso pode levar à morte. Outras pessoas que estejam infectadas podem não desenvolver nenhum sintoma.

A COVID-19 pode ocorrer em crianças e adultos. No entanto, a maioria dos casos conhecidos da doença ocorreu em adultos. Os sintomas em crianças parecem ser mais leves que os sintomas em adultos. Houve relatos recentes de uma síndrome inflamatória de múltiplos órgãos em crianças associada à COVID-19, com sintomas como erupção cutânea, febre, dor abdominal, vômito e diarreia.

Uma análise de 928 pessoas com câncer e COVID-19 (em inglês), apresentada durante o Programa Científico Virtual da Reunião Anual de 2020 da American Society of Clinical Oncology, revelou que ter câncer ativo e em progressão estava associado a um risco 5 vezes maior de morrer em 30 dias, em comparação com pacientes que estavam em remissão do câncer.

O que posso fazer para me prevenir da COVID-19?

Atualmente não há uma vacina para prevenir a COVID-19, embora vários estudos clínicos estejam sendo realizados para desenvolver uma vacina eficaz e segura.

A maneira mais importante de se proteger é se prevenir da exposição à COVID-19. Fique em casa o máximo possível e evite áreas em que há pessoas reunidas. Evite viagens desnecessárias, e siga as orientações sobre restrições de viagens emitidas pelo Centers for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, CDC) dos Estados Unidos, pela Organização Mundial da Saúde (OMS, em inglês) ou pelas autoridades locais.

Outra forma fundamental de se proteger é lavar suas mãos frequentemente com água e sabão por, pelo menos, 20 segundos o tempo que levaria para cantar a música de feliz aniversário do início ao fim duas vezes. Se água e sabão não estiverem disponíveis, utilize um antisséptico para mãos que contenha, no mínimo, 60% de álcool. A melhor maneira de limpar suas mãos, porém, é por meio de água e sabão.

Além de lavar as mãos frequentemente, é importante:

  • não tocar seus olhos, nariz e boca;

  • utilizar um lenço se você precisar tossir ou espirrar. Em seguida, jogar o lenço fora. Ou tussa ou espirre em seu cotovelo em vez de fazê-lo na sua mão;

  • procurar não ter contato próximo com pessoas doentes; e

  • limpar frequentemente os objetos tocados e superfícies com spray ou lenços de limpeza doméstica. Essas superfícies e objetos incluem maçanetas, balcões, banheiros, teclados, tablets, telefones, interruptores, entre outros.

Algumas pessoas com COVID-19 não apresentam sintomas e não sabem que têm o vírus, ou pode ser que elas não tenham ainda desenvolvido os sintomas. Por isso, a legislação brasileira exige que você use máscaras de pano quando você estiver em um lugar público. Máscaras de tecido não lhe protegem necessariamente de desenvolver a COVID-19, mas podem ajudar a prevenir a propagação do vírus na comunidade. A máscara deve cobrir o nariz e a boca.

Máscaras cirúrgicas e máscaras N95 devem ser reservadas para profissionais da saúde, porque estas máscaras estão com abastecimento limitado.

Lembre-se que usar uma máscara de pano não deve substituir o distanciamento social ou físico.

Não há evidência de que tomar vitamina C, mesmo em doses altas, pode ajudar a prevenir a COVID-19.

Há precauções especiais que as pessoas com câncer devem tomar?

As pessoas com câncer, pessoas que estão em tratamento ativo do câncer, pacientes mais idosos e pessoas com outros quadros clínicos crônicos e graves, como doença pulmonar, diabetes ou doença cardíaca, estão em risco mais elevado para a forma mais grave da COVID-19, que pode levar à morte. As mesmas regras que se aplicam a pessoas sem câncer se aplicam àqueles com câncer: lave bem as mãos e com frequência. Evite tocar o seu rosto, e evite o contato próximo com pessoas que estão doentes.

As pessoas que estão em risco mais elevado de ficar muito doente com a COVID-19 não devem realizar qualquer viagem/deslocamento não essencial durante este tempo de surto da COVID-19. No Brasil, pedidos para ficar em casa são determinados pelos governos locais e podem variar de acordo com o risco na sua região. Para pessoas com câncer que vivem em áreas com um pedido para ficar em casa, não saia de casa a menos que seja absolutamente necessário. Para pessoas que vivem em áreas nas quais não há um pedido para ficar em casa ou o pedido emitido pelo governo, foi suspenso ou está em processo de ser suspenso, é melhor viver como se ainda houvesse tal pedido. Fique em casa para reduzir a exposição a outras pessoas. Evite quaisquer reuniões sociais. Se você precisar deixar sua casa, mantenha uma distância de pelo menos 2 metros entre você e as outras pessoas. Apenas deixe sua casa por motivos essenciais, como para comprar mantimentos ou pegar um medicamento na farmácia. Ao sair use uma máscara de pano, e faça sua viagem o mais breve possível.

Caminhar ou fazer exercícios ao ar livre é bom contanto que a área não esteja cheia de gente e você seja capaz de manter uma distância de pelo menos 2 metros das outras pessoas.

Certifique-se de manter uma quantidade suficiente de medicamentos essenciais, tanto aqueles com receita quanto os de venda livre, para pelo menos 1 mês. Crie ou atualize uma lista de contatos de emergência que inclui sua família, amigos, vizinhos e recursos do bairro ou da comunidade que possam estar aptos a lhe fornecer informações ou auxílio se você precisar.

Para manter-se conectado ao seu sistema de apoio, se conecte com sua família e amigos, virtualmente, por meio de videochamadas ou ligações telefônicas. Alguns exemplos de tecnologia que podem ser usados para chamadas por vídeo ou outras chamadas ao vivo são FaceTime, Zoom, Google Hangouts e plataformas de mídias sociais, como o Instagram e Facebook.

Se você tiver tratamentos para o câncer agendados, converse com o oncologista sobre os riscos e benefícios de continuar ou suspender o tratamento. Se você não tiver um tratamento do câncer agendado, mas tiver uma consulta agendada com o oncologista, pode ser possível para o médico realizar a visita usando videoconferência ou telemedicina. Certifique-se de verificar com sua equipe de cuidados de câncer para saber se isso é recomendado para você.

Como alguns hospitais e clínicas estão limitando visitantes, e alguns não estão permitindo visitantes, ter seus desejos de assistência médica por escrito é mais importante do que nunca. Seguem alguns exemplos de perguntas importantes para fazer a si mesmo, para conversar com seus entes queridos e para anotar:

  • Que nível de qualidade de vida seria inaceitável para mim?

  • Quais são meus objetivos mais importantes se a minha situação de saúde piorar?

  • Se eu for incapaz de falar por mim, quem é a pessoa na minha vida que eu gostaria que falasse por mim?

  • Quem não deve estar envolvido na tomada de decisões por mim?

  • Se eu sofrer uma parada cardíaca, eu quero que seja feita uma RCP (reanimação cardiopulmonar)?

Alguma coisa mudará em relação às minhas visitas médicas relacionadas ao câncer?

Devido a pandemia de COVID-19 e ao aumento do risco de exposição ao vírus por sair em público, a maioria dos hospitais e clínicas alteraram suas políticas de visitação. Alguns podem permitir 1 visitante por paciente, e outros podem não permitir visitantes. Antes de ir para a sua consulta médica, verifique com a clínica ou hospital a política de visitantes atual.

A equipe de cuidados de câncer pode mudar algumas de suas visitas para telemedicina. Durante uma consulta de telemedicina, você pode permanecer em casa e consultar o médico ou outro membro da equipe de cuidados de saúde por meio de videoconferência usando seu telefone ou computador. O consultório do médico dirá qual sistema eles estão usando para as consultas de telemedicina, e eles fornecerão instruções sobre como realizar sua consulta desta forma. Se você estiver interessado em ter uma consulta por telemedicina em vez de presencial, pergunte à equipe do consultório do médico se isso é possível.

O médico pode recomendar suspender alguns tratamentos para cuidados de suporte, como tratamentos de fortalecimento ósseo, por exemplo, denosumabe (Xgeva) ou ácido zoledrônico (Zometa) ou suplementação de ferro intravenoso. Eles apenas recomendarão suspender os tratamentos, se eles acreditarem que é para o seu melhor benefício fazê-lo. Testes de rastreamento de câncer, tais como mamografias ou colonoscopias, e outros exames, como exames de densidade óssea, também podem ser suspensos para reduzir o risco de exposição ao vírus.

Oncologistas podem recomendar alongar o período de tempo entre tratamentos do câncer usando medicamentos, como quimioterapia ou imunoterapia. Ou eles podem recomendar suspender o início desses tratamentos, com base em seu diagnóstico de câncer e os objetivos do tratamento. É importante lembrar que seu oncologista apenas fará isso depois de ponderar os riscos e benefícios para sua situação.

Para pessoas que não tiveram um diagnóstico de câncer, mas estão em risco elevado de ter câncer, tais como aquelas com uma síndrome de câncer hereditário como síndrome de Lynch ou uma mutação de BRCA, o médico pode recomendar suspender alguns exames de rastreamento ou procedimentos de redução do risco de câncer. Em geral, é seguro suspendê-los por algum período de tempo. Se você tiver dúvidas sobre o seu risco em particular, converse com o médico sobre os riscos e benefícios de suspender os procedimentos.

O que devo fazer se achar que eu possa estar com COVID-19?

Ligue antes de visitar seu profissional de saúde ou o pronto-socorro se você tiver febre e outros sintomas de uma doença respiratória, tais como tosse e falta de ar. Informe-os também se você acha que possa ter COVID-19. Eles farão perguntas sobre seus sintomas, histórico de viagens, exposição e fatores de risco médico para descobrir se você deve ou não ser testado para COVID-19. Eles lhe darão instruções sobre como ser testado em sua comunidade.

Uma questão comum que eu ouço dos pacientes é sobre com qual médico entrar em contato. Recomendo ligar para o médico com quem você tem mais contato. Se você encerrou seu tratamento do câncer há mais de um ano e estiver se consultando com um médico de assistência básica regularmente, você pode ligar para ele. No entanto, se você estiver se consultando com o seu oncologista mais regularmente ou estiver em tratamento ativo do câncer, ligue para o seu oncologista.

Se você estiver recebendo um tratamento do câncer que suprime o sistema imune e desenvolver febre e sintomas respiratórios, ligue para seu oncologista como você faria normalmente se você desenvolvesse febre durante o tratamento. Não se esqueça de seguir a orientação sobre quando comparecer ao consultório ou hospital, e quando é mais seguro ficar em casa.

Sintomas graves podem ser uma emergência médica, e você pode precisar chamar o SAMU. Se você ou o seu ente querido tiver sintomas, como dificuldade para respirar, dor persistente ou pressão no tórax, ou lábios azulados, você deverá procurar assistência médica imediatamente.

O teste para COVID-19 envolve a inserção de um swab de aproximadamente 15 centímetros de comprimento, semelhante a um cotonete, profundamente na cavidade nasal por pelo menos 15 segundos. O swab é depois inserido em um recipiente especial e enviado a um laboratório para testagem.

Se for possível que você tenha COVID-19, você deve ficar em casa e se isolar enquanto você é testado e estiver esperando os resultados do seu teste. Permanecer em casa quando estiver doente é a melhor maneira de prevenir a transmissão do coronavírus e outros vírus respiratórios, como o da gripe, a outras pessoas. Se você vive com alguém, você deve colocar-se em quarentena em uma parte da casa, se possível, para diminuir o risco de o vírus se espalhar para o resto das pessoas que vivem com você.

E de novo, certifique-se de lavar suas mãos frequentemente.

Se estiver preocupado por ter sido exposto a alguém com COVID-19, preste atenção ao desenvolvimento de sintomas. Verifique sua temperatura corporal regularmente para episódios de febre. Se você tiver câncer ativo ou estiver atualmente em tratamento do câncer, informe sua equipe médica sobre sua possível exposição. Em 3 de junho de 2020, foi publicado no New England Journal of Medicine um estudo que incluiu 821 pessoas sem sintomas da COVID-19 que tiveram uma exposição à COVID-19 no ambiente doméstico ou no trabalho. Este estudo (em inglês) mostrou que o tratamento com hidroxicloroquina após a exposição a alguém com COVID-19 não forneceu nenhum benefício.

Existe uma forma de descobrir se já tive COVID-19?

Testes de anticorpos, também conhecidos como testes sorológicos, estão sendo desenvolvidos. Eles podem ser capazes de revelar se você já teve uma infecção por COVID-19. Esses testes procuram anticorpos no sangue. Os anticorpos são proteínas específicas feitas pelo corpo em resposta a uma infecção.

Os testes de anticorpos não informarão necessariamente se você está imune à COVID-19 ou se você pode estar imune a uma segunda infecção COVID-19. Algumas pessoas que contraem COVID-19 podem não produzir anticorpos, ou elas podem ter níveis de anticorpos muito baixos. Algumas pessoas podem ter um teste de anticorpos “falso positivo”, o que significa que o teste encontra os anticorpos, mas os anticorpos estão relacionados a um outro coronavírus e não à COVID-19.

Testes de anticorpos não estão amplamente disponíveis ainda, e você ainda não pode realizar esses exames em casa.

Se eu tiver tido COVID-19, serei capaz de continuar o tratamento do câncer?

Se você tiver um resultado positivo para COVID-19, você deve conversar com o seu oncologista sobre o impacto disto no tratamento do câncer. Em muitos centros, um teste negativo de COVID-19 é recomendado antes de recomeçar a quimioterapia ou outro tratamento do câncer. No entanto, alguns pacientes com COVID-19 continuam a apresentar teste positivo mesmo após se recuperar dos sintomas. Nesta situação, sua equipe de profissionais da saúde deve considerar os riscos e benefícios do reinício do tratamento do câncer apesar do teste positivo.

Quando o tratamento do câncer for retomado, é importante usar uma máscara ao chegar na clínica de infusão ou centro de tratamento do câncer e praticar uma boa higiene das mãos usando um antisséptico ou lavando as mãos antes e após as visitas.

Existem outros tratamentos disponíveis para COVID-19?

Os cientistas estão trabalhando com afinco para desenvolver e testar tratamentos para a COVID-19. Pesquisas clínicas são estudos que envolvem pessoas. Trabalhando muito rapidamente, os pesquisadores e médicos têm desenvolvido pesquisas clínicas para encontrar tratamentos eficazes para esta doença. As pesquisas clínicas para os possíveis tratamentos da COVID-19 estão agora abertas em muitos locais nos Estados Unidos e em outros países. Se você tiver sido diagnosticado com o coronavírus e decidir participar de um estudo clínico para pacientes com COVID-19, você poderá receber essas medicações. Além disso, ao entrar em um estudo clínico, sua participação ajudará os cientistas a encontrar o tratamento mais eficaz e seguro para a doença. O estudo Beat19 (em inglês), estudo de COVID-19 em pacientes com câncer do United States National Cancer Institute (Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, NCI) (NCCAPS), e um estudo na Universidade de Stanford, por exemplo, são desenhados para coletar os sintomas de pessoas que possam ter COVID-19 para ajudar os pesquisadores a entender a evolução da doença e ajudar a encontrar um tratamento.

Plasma convalescente é a porção líquida do sangue que pode ser coletada a partir de pessoas que tenham se recuperado da COVID-19. Este plasma pode ter anticorpos ao SARS-CoV-2. O plasma convalescente ainda não é um tratamento aprovado para a COVID-19, mas ele está sendo estudado nas pesquisas clínicas como um possível tratamento. Se você se recuperou totalmente de uma infecção por COVID-19, você poderá fornecer seu plasma a um banco de sangue em sua área para potencialmente ajudar outras pessoas.

Hidroxicloroquina (Plaquenil) e cloroquina (Aralen) também estão sendo estudadas como um tratamento ou como uma forma de prevenção da COVID-19 após um pequeno estudo francês envolvendo 20 pacientes ter mostrado possível atividade dessas medicações no tratamento de pessoas com COVID-19. Outros estudos, no entanto, demonstraram aumentos em mortes relacionadas a esses medicamentos. Em 24 de abril, a Food and Drug Administration (Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA, FDA) emitiu uma advertência de que esses medicamentos não devem ser usados fora de um estudo clínico ou hospital em decorrência de ritmos cardíacos potencialmente fatais que podem ocorrer como um efeito colateral da combinação destes medicamentos. Em 25 de maio de 2020, a OMS interrompeu temporariamente os estudos clínicos de hidroxicloroquina depois que um estudo publicado na revista Lancet (em inglês) encontrou um aumento da taxa de morte em pacientes com COVID-19 que tomaram hidroxicloroquina, em comparação com aqueles que não tomaram o medicamento. No entanto, os autores do estudo não foram capazes de realizar uma auditoria independente dos dados e o recolheu da revista científica. Como resultado, a OMS retomou o estudo de hidroxicloroquina em 3 de junho. Um estudo apresentado no Programa científico virtual da Reunião Anual de 2020 da American Society of Clinical Oncology (em inglês) revelou que os pacientes com câncer que utilizaram uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina, um antibiótico, como tratamento da COVID-19 tiveram um risco quase 3 vezes maior de morrer em 30 dias, em comparação com pacientes que não receberam nenhum desses medicamentos.

A versão da cloroquina (fosfato de cloroquina) é utilizada como um aditivo para limpar aquários de peixes. O consumo deste aditivo de aquário levou a pelo menos 1 morte e outras superdosagens. Não consuma este produto — ele pode te matar.

Quando as coisas voltarão ao normal?

Especialistas em saúde pública estão trabalhando com o governo para ajudar a responder esta pergunta. Em alguns locais, as restrições de confinamento (em abrigo) de emergência ou de ficar em casa foram ou poderão ser suspensas nos próximos dias ou semanas. No entanto, sabemos que o coronavírus continua a circular na comunidade e em algumas comunidades mais do que em outras. Assim que os serviços não essenciais reabrirem e mais pessoas começarem a deixar suas casas regularmente, é provável que vejamos outra onda de casos e mortes da COVID-19.

Se a sua comunidade local, bairro ou estado permite a reabertura dos serviços não essenciais, a melhor maneira de permanecer seguro é continuar em casa e ficar longe de lugares públicos o máximo possível. Use máscaras faciais de pano quando você precisar sair de casa. Continue a lavar suas mãos cuidadosamente e frequentemente e permaneça pelo menos 2 metros de distância de outras pessoas se você precisar ir ao mercado ou farmácia ou outros lugares que possam ter pessoas.

A abordagem mais segura, especialmente se você for considerado de alto risco, é continuar a viver como se as restrições de ficar em casa ainda estivessem em vigor.

Onde posso obter as informações mais recentes sobre a COVID-19?

É importante permanecer atualizado sobre as informações mais recentes sobre o surto da COVID-19. Os departamentos de saúde local e federal terão informações atualizadas se a doença tiver sido diagnosticada em sua comunidade.

Estas informações foram publicadas, primeiro em inglês, escritas pela Dra. Merry Jennifer Markham para os pacientes dos EUA. Elas foram revisadas e analisadas pela Dra. Clarissa Mathias e pelo Dr. Carlos Sampaio para publicação em português, especificamente para pessoas com câncer no Brasil.

Dra. Merry Jennifer Markham, FACP, FASCO, é a Chefe interina da Divisão de Hematologia e Oncologia da Universidade da Flórida (UF), professora associada da Escola de Medicina da UF e diretora adjunto para assuntos médicos no Health Cancer Center da UF. Ela é especialista no tratamento de cânceres ginecológicos. Dra. Markham é a última presidente do Comitê de comunicações sobre o câncer da American Society of Clinical Oncology (Sociedade Americana de Oncologia Clínica). Ela também é redatora associada do Cancer.Net sobre cânceres ginecológicos. Siga-a no Twitter @DrMarkham.

Dra. Clarissa Mathias é médica oncologista especializada em câncer de pulmão no Núcleo de Oncologia da Bahia. Ela também está na diretoria da International Association for the Study of Lung Cancer (Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão), é presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e presidente do Comitê de assuntos internacionais da American Society of Clinical Oncology. Dr. Carlos Sampaio é médico oncologista especializado em câncer de mama na Clínica AMO e é membro do Comitê de assuntos internacionais da American Society of Clinical Oncology.

A American Society of Clinical Oncology está ciente de que pessoas com câncer e sobreviventes do câncer, especialmente aqueles com o sistema imune comprometido, provavelmente estão preocupados com o potencial impacto da COVID-19 em sua saúde. Os pacientes devem conversar com seus oncologistas e equipes de cuidados de saúde para discutir suas opções para se proteger da infecção.

Through the COVID Impacts Cancer fund, this information was translated into Portuguese with support provided by Conquer Cancer, the ASCO Foundation.

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

É muito importante (sempre) procurar mais informações sobre os assuntos

Perguntas frequentes: Câncer e coronavírus (Covid-19)

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em dezembro de 2019 após casos registrados na China e originou uma doença chamada Covid–19.

Saiba mais sobre os cuidados que pacientes com câncer e seus acompanhantes deverão tomar para se proteger e sobre o tratamento oncológico durante a pandemia do coronavírus (Covid-19). 

Como o coronavírus (covid-19) é tansmitido

A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra, por meio de:

Paciente com câncer faz parte do grupo de risco para a Covid-19 (transmitida pelo coronavírus)?


Mais em .... Instituto Nacional de Câncer


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7 sinais que evidenciam baixos níveis de serotonina

Níveis de serotonina adequados no cérebro contribuem para nos sentirmos positivos, felizes, tranquilos e seguros. No entanto, baixos níveis desse neurotransmissor podem levar ao aparecimento de sentimentos negativos, preocupações ou irritações. Assim, o déficit de serotonina pode fazer você se sentir pessimista, triste, desconfiado, ou pode fazer você ter um ataque de pânico. Também pode causar depressão, ansiedade e outros transtornos de saúde.

A serotonina age como um neurotransmissor, um tipo de substância química que ajuda a transmitir sinais de uma área do cérebro para outra. Esse neurotransmissor é uma poderosa substância do cérebro que provoca, com sua presença ou ausência, uma grande influência no nosso estado de espírito. Assim, determinar se os neurônios não a liberam ou a capturam em quantidade suficiente de sinapses é um primeiro passo essencial para superar problemas relacionados ao controle dos impulsos e ao estado de espírito.

Com níveis adequados de serotonina, o cérebro funciona normalmente.

Esse neurotransmissor tem um grande número de funções no cérebro e no corpo. No cérebro, ele regula o estado de espírito, o comportamento social, a libido, o sono, a memória e o aprendizado.

O que a serotonina faz?

Como neurotransmissor, ela ajuda a retransmitir mensagens de uma área do cérebro para a outra. Devido à distribuição generalizada das células que têm receptores para a serotonina, acredita-se que seus níveis influenciam diferentes funções psicológicas, assim como a regulação de vários processos fisiológicos.

Nesse sentido, a maioria das aproximadamente 40 milhões de células cerebrais é influenciada direta ou indiretamente pela serotonina. Isso inclui as células cerebrais relacionadas ao estado de espírito, ao desejo e ao desempenho sexual, ao apetite, ao sono, à memória e ao aprendizado, à regulação da temperatura corporal e a alguns comportamentos sociais. Em termos de funcionamento do organismo, esse neurotransmissor também pode afetar o funcionamento do sistema cardiovascular, dos músculos e de diversos elementos do sistema endócrino, entre outros.

Relação entre a serotonina e a depressão

Por outro lado, há muitos pesquisadores que acreditam que um desequilíbrio nos níveis de serotonina pode influenciar o estado de espírito, de tal forma que pode inclusive provocar uma depressão. Os possíveis problemas incluem:

  • A baixa produção de serotonina das células cerebrais
  • A falta de receptores para receber a serotonina produzida
  • A incapacidade da serotonina chegar aos receptores
  • A escassez de triptofano, um aminoácido essencial necessário para a sintetização desse neurotransmissor.

Os pesquisadores acreditam que se qualquer uma dessas falhas biológicas acontecer, pode provocar uma depressão, assim como transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade, pânico e até raiva em excesso. No entanto, ainda há muito a se pesquisar sobre a relação entre a serotonina e a depressão.

Meus neurônios não liberam serotonina em quantidade suficiente?

Ser capaz de identificar um déficit desse neurotransmissor pode nos ajudar a tomar medidas e agir para elevar seus níveis. Nesse sentido, embora a depressão e a consequente perda de prazer sejam os sinais mais conhecidos dos baixos níveis de serotonina, certamente não são os únicos. De fato, conhecer esses sinais pode nos ajudar a prevenir a depressão, a ansiedade e outros males maiores.

Entre os sintomas que acompanham a carência desse neurotransmissor, estão as irritações frequentes, a sensibilidade incomum a dor, os desejos por carboidratos e a compulsão, a prisão de ventre e distúrbios digestivos. Outros sintomas são a sensação de mal-estar pela falta de luz solar, se sentir muito dependente dos outros, se sentir sobrecarregado, a insônia, as enxaquecas, a baixa autoestima e uma função cognitiva ruim, entre outros.

A seguir, vamos analisar alguns dos sinais mais importantes que indicam a ocorrência de baixos níveis de serotonina, por serem fáceis de detectar precocemente.

Desejo de comer alimentos doces e ricos em carboidratos

Sabe-se que os carboidratos, especialmente os alimentos doces – principalmente chocolates, bolos, balas, batata frita e outros aperitivos, hambúrgueres, etc. – impactam indiretamente nos níveis de serotonina. Por isso, é comum as pessoas com baixos níveis de serotonina desejarem alimentos ricos em carboidratos. Isso se manifesta em forma de desejos e necessidade de comer compulsivamente.

Esses alimentos aumentam temporariamente os níveis desse neurotransmissor e fazem você se sentir melhor. No entanto, pouco depois do consumo, os níveis de serotonina diminuem drasticamente. Essa diminuição drástica da serotonina leva a sentimentos de sonolência, hostilidade, ansiedade e depressão.

Insônia

A quantidade de serotonina disponível também afeta diretamente a produção de melatonina. Assim, quando os níveis de serotonina estão baixos, a capacidade de produzir melatonina é afetada e, como parte de um efeito dominó, o ciclo circadiano se altera.

Quando isso acontece, é extremamente difícil para alguém seguir um ritmo natural de sono/vigília. Concretamente, é afetada negativamente a capacidade de dormir e de continuar dormindo. No entanto, não se pode esquecer que os problemas de insônia podem ter outras causas, não apenas o déficit de serotonina.

A serotonina deve estar disponível para se transformar em melatonina, o hormônio responsável pelo controle do nosso relógio biológico.

Ansiedade

Através da observação de imagens do cérebro, demonstrou-se que pessoas que têm a ansiedade como uma companhia constante liberam uma quantidade menor dessa substância nas áreas do cérebro responsáveis pelos impulsos e pelo controle emocional.

Vale destacar aqui que a deficiência na liberação desse neurotransmissor geralmente não é o único fator no desenvolvimento de transtornos de ansiedade, mesmo que algumas pessoas tenham uma predisposição genética para apresentar baixos níveis de serotonina. Na verdade, outros três neurotransmissores, o ácido gama-aminobutírico, a dopamina e a adrenalina também desempenham um papel nos transtornos de ansiedade.

A baixa serotonina se associa com o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno do pânico e o transtorno obsessivo compulsivo.

Declínio cognitivo

A serotonina é uma substância importante para o funcionamento cognitivo normal. As pesquisas demonstraram que níveis adequados desse neurotransmissor melhoram a capacidade cognitiva e podem ajudar a compensar o funcionamento cognitivo limitado.

Embora acredite-se que esse neurotransmissor desempenhe um papel nas habilidades de pensamento global, seu impacto mais significativo é na memória. As pessoas com baixos níveis de serotonina são mais propensas a ter problemas com a consolidação da memória.

Problemas digestivos

A serotonina é uma substância importante na transmissão de sinais entre o cérebro e o sistema digestivo. Nesse sentido, cabe destacar que, embora esse neurotransmissor esteja quase sempre associado à função cerebral, ao estado de espírito e ao bem-estar mental, surpreendentemente 95% da serotonina é fabricada no intestino, e não no cérebro. Apesar disso, a serotonina utilizada pelo cérebro deve ser produzida lá, já que a serotonina fabricada no intestino não viaja até o cérebro.

No entanto, mesmo que as pesquisas sobre as funções da serotonina no intestino sejam bastante novas, até agora sabe-se que ela desempenha um importante papel no apetite e na digestão. De fato, o motivo de haver tanta atividade de serotonina nos intestinos continua sendo, em grande medida, um mistério.

Além disso, os profissionais descobriram um vínculo entre a síndrome do intestino irritável e níveis adequados desse neurotransmissor. Foi demonstrado que, no caso da síndrome do intestino irritável, o funcionamento frequentemente volta à normalidade quando as deficiências nos processos digestivos são corrigidas.

Fadiga ou cansaço

Os níveis de serotonina têm um efeito importante na produção de energia. Algumas pessoas que sentem fadiga crônica apresentam quantidades insuficientes dessa substância química. No entanto, quando os níveis desse neurotransmissor são restabelecidos, é comum que as pessoas que sofrem de fadiga percebam uma melhora significativa nos níveis de energia.

No entanto, se sentir cansado ou exausto pode ser resultado de muitas condições diferentes, embora não se possa descartar um problema na liberação desse neurotransmissor. Em longo prazo, a fadiga crônica aumentas as chances de que a liberação desse neurotransmissor seja menor.

Mudanças na libido

Dentre as muitas propriedades da serotonina, está o efeito sobre a libido (o desejo sexual). Os baixos níveis dessa substância química estão diretamente relacionados a um maior desejo de ter relações sexuais, mas também com uma diminuição da capacidade de se conectar emocionalmente com o outro, o que não é uma boa fórmula para um relacionamento satisfatório.

Além disso, as flutuações nos níveis desse neurotransmissor podem afetar ainda mais as atitudes, para não falar das capacidades físicas relacionadas à atividade sexual.

O que fazer quando há baixos níveis de serotonina?

Conseguir um aumento dos níveis de serotonina de forma natural e sem recorrer a medicamentos é possível. Algumas formas de conseguir esse aumento são as seguintes:

  • Fazer esportes de forma recreativa, ou seja, fazer um exercício que proporcione prazer, não sofrimento.
  • Comer alimentos ricos em proteínas (contêm triptofano).
  • Comer alimentos ricos em carboidratos, como verduras, frutas secas, leguminosas e cereais integrais (o cérebro precisa de açúcar para sintetizar o triptofano).
  • Não coma produtos ricos em gorduras saturadas e açúcares simples.
  • Consumir alimentos ricos em ômega 3 para que seu cérebro funcione adequadamente.
  • Limitar o consumo de cafeína.
  • Cuidar do sono.
  • Consumir alimentos ricos em vitaminas do grupo B, especialmente a vitamina B6 (essa vitamina ajuda no desenvolvimento e no funcionamento da serotonina no cérebro).
  • Passar algum tempo ao ar livre e receber um pouco de luz solar.
  • Praticar a meditação ou o mindfulness (consciência plena).

Como vimos ao longo desse artigo, a serotonina é um neurotransmissor que participa de muitos processos importantes. Portanto, um déficit na sua liberação pode comprometer gravemente esses processos, alguns muito importantes, como a regulação emocional ou o sono.

Fonte: Mente Maravilhosa

As informações e sugestões contidas neste blog são meramente informativas e não devem substituir consultas com médicos especialistas.

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