Foto: reprodução/Facebook
A história de Lilian Calil é inspiradora principalmente pra quem atravessa esse momento de provação.
A luta da jornalista não foi fácil. Ela deu um depoimento emocionado sobre essa história de superação:
Receber o diagnóstico de câncer é altamente devastador, lembro que até a respiração ficou difícil, não conseguia comer, água só em pequenos goles e a tensão dos músculos gerava desconforto nos movimentos. Mesmo para quem perdeu cedo tantos familiares e que passou uma semana na UTI na adolescência, o choque foi grande, nada tinha me preparado para aquilo, a notícia retumbava acompanhando as batidas do coração: câncer, câncer, câncer….
Pedi a Deus para que ele me mostrasse o que deveria fazer. Fui ao IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer com a cara e coragem ( pelo menos o fiozinho que resistia ). Ai é que os caminhos divinos foram se mostrando cada vez mais fortes: uma médica que já tinha acabado o plantão aceitou me consultar sem nem saber da gravidade do caso, topou me operar naquele mesmo mês.
Operei dia 30 e com alta dia 31 de dezembro. Depois de 16 dias, cerca de 50% do meu cabelo, que já havia sido cortado bem curto. Dava saltos ornamentais para fora da cabeça. As falhas eram tantas que adotei uma peruca ( desisti dos lenços em público quando percebi que afugentava algumas pessoas. Tem gente que nem pronuncia a palavra câncer) e naquele momento não queria lidar com isso. A quimioterapia diminui a imunidade e veio a primeira infecção. Na segunda, contrariando a expectativa de diminuição da reação, tive uma rara e gravíssima crise, mas os médicos controlaram o que eles chamaram de encaminhamento para iminente parada cardíaca. Nessa hora você pensa que realmente dessa vez foi por pouco.
Diante disso, substituíram o coquetel e fui para a famosa quimio vermelha. Cogitei não fazer a última quimio, avaliei se o tratamento não estava acabando comigo mais rápido que o câncer…porém cheguei à conclusão que se fosse para morrer, seria batalhando pela vida! Algumas das maiores lições de vida verifiquei em quem enfrenta a morte diariamente.
Dizem que as pessoas somem quando você está na pior, mas tive a gratidão de comprovar o contrário (e alguém com câncer e desempregada está bem por baixo). Por uma coisa tão ruim, fui contemplada com muito amor, amizade e consideração, num grau que jamais poderia imaginar. Ofertas de ajuda e até para acompanhamento ao hospital, consultas e quimioterapia (gente, olha que programa), um suporte maravilhoso que me deu alicerce para enfrentar esta turbulência.
Se estou falando que foi até bom passar por isso? O que estou afirmando é que podemos ter o mais lindo aprendizado na mais difícil das lições e ainda que com as naturais derrapadas é possível viver com felicidade, mesmo na maior das adversidades.
Lilian encerra seu depoimento com algumas conclusões:
Porque estou me contando tudo isso? Tenho vários motivos:
- Por gratidão e retribuição- se hoje tenho uma possibilidade de recuperação da doença foi por descobrir cedo, alertada por pessoas próximas que a enfrentaram.
- Outubro Rosa – me sinto no dever de registrar minha experiência no mês da campanha que marca a luta contra o câncer de mama.
- Terminar o capítulo– encerrar o parágrafo, concluir e virar a página, ficar de olho no conteúdo do passado mas focar em escrever o presente e o futuro.
- Compartilhar o reconhecimento da constante presença de Deus neste processo.
Se tudo foi totalmente superado? Estou com o prognóstico de 90% de chance de cura, o que é muita coisa. Além do mais, não tem como alguém passar por essa experiência e não redirecionar a vida, com a duração de um dia, ou de muitos anos. Quem sabe, em breve voltar a trabalhar, corrigir alguns caminhos, pegar uma praia, ter um jantar romântico, coisas simples que muitas vezes não conseguimos aproveitar com intensidade.
E o mais importante: prometi para Deus que se alcançasse esta etapa daria meu depoimento público, recebi a cota e agora estou fazendo a minha parte, afinal, acordo é acordo.
Fonte: SoNotíciaBoa.
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