terça-feira, 15 de setembro de 2015

Como os cientistas esperam curar o câncer de mama?



Durante décadas, governos, entidades e empresas farmacêuticas investiram dezenas de bilhões de dólares em pesquisas sobre o câncer de mama. Ainda assim, todos os anos, cerca de meio milhão de pessoas – a maioria delas mulheres – morrem em decorrência dessa doença.
“Nos Estados Unidos, 41 mil mulheres morrem de câncer de mama todos os anos”, afirma a Dra. Sofia D. Merajver, chefe do programa de oncologia de mama do Centro Geral de Câncer da Universidade de Michigan.
Um método que tem ajudado nessa caminhada é a pesquisa em diagnóstico por meio de exames laboratoriais, com o objetivo de achar sinais de câncer no sangue ou na urina antes que os sintomas apareçam. Essa área de pesquisa é tão promissora que pode vir a se tornar parte de um mercado de US$ 20 bilhões em exames de sangue para detecção de câncer nos próximos cinco anos.
Há algumas semanas, por exemplo, a revista Nature publicou que um exame de sangue foi desenvolvido para detectar câncer de pâncreas, que é um dos mais agressivos. Essa notícia foi recebida com grande entusiasmo por aqueles que buscam erradicar o câncer de pâncreas, mas esse exame também se provou útil na detecção do câncer de mama: biomarcadores no sangue de pacientes com câncer de mama também “acenderam” durante a pesquisa.
Enquanto isso, pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha, desenvolveram um teste para câncer de mama que requer apenas poucos mililitros de urina. Esse exame detecta concentrações de microRNAs que foram transmitidos do sangue do paciente para a urina. Os microRNAs ajudam a regular o metabolismo das células e geralmente apresentam-se de maneira desorganizada em células cancerosas. O teste, que contou com 48 mulheres, procurou encontrar concentrações desses microRNAs e teve uma taxa de 91% de precisão nos resultados, de acordo com os pesquisadores. Entretanto, amostras maiores serão necessárias para provar a sua eficácia.
Enquanto alguns exames laboratoriais ainda precisam ser desenvolvidos, outros já estão apresentando resultados. Um campo conhecido como prática teragnóstica, que examina o sangue de uma pessoa buscando micropedaços de fragmentos de DNA liberados por tumores, pode ajudar os médicos a prescrever medicamentos individualizados que podem ter efeito diretamente contra um tipo específico de tumor.
Isso tem aumentado o desenvolvimento de drogas personalizadas com alvos específicos (de 15 drogas desse tipo em 2008 para 50 nos dias de hoje) e também os próprios testes teragnósticos.
As pesquisas em terapias direcionadas contam com a ajuda dos esforços na área de genoma do câncer. A análise da sequência genética de mais de 2 mil amostras de câncer de mama pelo Centro de Câncer de Cambridge, por exemplo, revelou que há ao menos dez tipos de tumores cancerosos de mama geneticamente distintos.
A compreensão sobre o genoma de tumores pode ajudar no entendimento da terceira e talvez mais importante área da pesquisa do câncer de mama: as metástases do tumor primário. Muito pouco se sabe sobre por que os tumores se espalham para outros órgãos. Isso é um desafio para os pesquisadores porque são as metástases que tendem a causar a morte de pacientes, comenta Dra. Merajver.
A detecção precoce é um foco importante dos grupos de conscientização sobre câncer de mama. Mas não é suficiente, afirma a Dra. Merajver. “A maioria dos casos de câncer nos Estados Unidos é diagnosticada nos estágios 1 ou 2”, diz Merajver.
Ela adverte que o câncer é altamente complicado e que separar a quantia enorme de possíveis mutações em um tumor sólido é a chave para a medicina personalizada e altamente precisa. Ainda, a compreensão da constituição dessas mutações e o uso de plataformas de nanotecnologia para o desenvolvimento de terapias individualizadas e direcionadas podem ser essenciais para a sobrevivência de longo prazo.
Então, isso só nos leva a crer que o próximo grande passo na luta contra o câncer pode muito bem acontecer no âmbito da nanociência.


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