terça-feira, 22 de janeiro de 2013

T-DM1: qualidade de vida a pacientes com câncer de mama


O tratamento do câncer de mama está prestes ganhar um novo aliado: o medicamento T-DM1, que está em fase final de testes e tem apresentado resultados animadores para a classe médica. A droga tem como foco retardar a evolução da doença, ou seja, a metástase, e oferecer mais sobrevida e menos efeitos colaterais à paciente, comuns na quimioterapia. A expectativa é que o novo medicamento seja usado de forma isolada ou associado a outros tratamentos.

O T-DM1 foi destaque nos simpósios American Society of Clinical Oncology (ASCO), em junho do ano passado, e San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS), em dezembro, ambos nos Estados Unidos. O mastologista e oncologista Márcio Mimessi, de Rio Preto, conta que, anteriormente, a medicação Trastuzumab (Herceptin) já vinha proporcionando melhora significativa dos pacientes quando associada à quimioterapia. Mesmo hoje, a droga é indicada para tratamentos de casos não metastáticos, mas com a superexpressão da proteína Her-2 positiva (uma característica que torna o câncer mais agressivo).

“A Roche e outros dois laboratórios de biotecnologia apresentaram uma evolução dessa medicação, o Trastuzumab – Emantisine (T-DM1), que mostrou sua segurança em fase 2.” Ainda segundo ele, em outro trabalho, o T-DM1 associado ao anticorpo monoclonal Pertuzumab demonstrou resultados em que mantinha a doença estável e com menos efeitos colaterais, em comparação ao tratamento usual aplicado em casos metastáticos.

A comemoração pelo ingresso de mais um medicamento como arma para o combate do câncer de mama é ainda mais importante. É uma esperança a mais nos tratamentos de casos malignos, considerados avançados ou até incuráveis. “Há cerca de uma década, em 30% dos pacientes com a presença da proteína Her-2 positiva e metástase, os resultados quimioterápicos eram muito precários.

Os oncologistas estão muito entusiasmados com essa medicação, ainda experimental, mas em fase adiantada de aprovação, para usá-la como droga isolada ou associada a outras”, destaca Mimessi. A aprovação pela Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula alimentos e medicamentos, está em fase avançada. No Brasil, a medicação tem chegada prevista até 2015, porque ainda depende de regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O custo, no entanto, deve ser alto, considerando os grandes investimentos em pesquisas.

Proteção

No ano passado, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) eram de que o Brasil teria 52.680 novos casos de câncer de mama. Segundo o órgão brasileiro, a doença é o segundo tipo mais comum no mundo e o mais frequente em mulheres.

Infelizmente, as taxas de mortalidade ainda são altas no País, pois o diagnóstico costuma ser feito tardiamente, o que favorece o avanço do cancro. Segundo o mastologista e oncologista, Márcio Mimessi, a desinformação ainda é a principal vilã.

“Em nossa cidade e região, o acesso à mamografia de qualidade é bastante frequente e relativamente rápido. No entanto, os casos mais avançados ainda são encontrados no serviço público e causados, mais frequentemente, por problemas culturais de informação do que por dificuldades de se fazer o exame”, afirma.

A mastectomia, situação em que é necessária a retirada parcial ou integral da mama, por exemplo, corresponde à metade dos atendimentos no serviço privado, em comparação ao público. “A frequência de mastectomias no serviço privado é de menos de 20%, enquanto no público é de cerca de 40%, por atraso de diagnóstico”, diz o profissional. É justamente nesses pacientes que o medicamento T-DM1 irá atuar para evitá-la.

Diagnóstico precoce é importante

A disponibilidade do T-DM1 para auxiliar no tratamento de câncer de mama avançado não representa, no entanto, uma solução concreta para eliminar a doença. O medicamento apresentou resultados animadores durante os estudos, mas não definitivos para a cura. A descoberta precoce é ainda a melhor solução de aumentar as chances de sobrevida.

“Quanto mais precoce for diagnóstico e o tratamento, mais altas são as chances de cura. A sobrevida depende do tamanho e do tipo histológico do tumor. Cada um tem comportamento diferente, mas, em média, com tumores menores que dois centímetros, a sobrevida em cinco anos é de mais de 94%”, destaca a ginecologista e obstetra Jucimara Benfatti Coimbra Sternieri.

O diagnóstico precoce oferece opções de tratamento, sendo a mais usual a cirurgia conservadora, com menor mutilação da mama, seguida de cirurgia plástica reparadora. Ou seja, a descoberta da doença em fase inicial pode evitar a retirada total da glândula mamária.

O mastologista e oncologista Márcio Mimessi explica que, se for necessária uma mastectomia radical, é realizada uma reparação plástica, na mesma operação. Essa possibilidade não só garante a estética da mama, mas também devolve à mulher um dos símbolos de sua feminilidade.
Há ainda o tratamento clínico por quimioterapia, por hormonioterapia ou por radioterapia, indicados de acordo com as características do câncer.

Mamografia versus autoexame

O mastologista e oncologista Márcio Mimessi conta que o método mais eficaz para detectar e confirmar a doença ainda é a mamografia digital, associada ou não a um ultrassom mamário. Se houver indicação, outras opções de exames são a tomossíntese mamária e a ressonância magnética. O autoexame recomendado às mulheres para a descoberta de possíveis caroços, contudo, não pode ser considerado uma técnica efetiva e isolada para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Há casos em que o tumor não pode ser percebido ao toque, principalmente no início da doença.

O próprio Instituto Nacional de Câncer (Inca) apoia-se em evidências científicas que sugerem que o autoexame pode trazer consequências negativas para a mulher, como a necessidade de biópsias de nódulos benignos e insegurança psicológica. A ginecologista e obstetra Jucimara Benfatti Coimbra Sternieri destaca que o autoexame serve como auxílio no diagnóstico. “A mulher que o realiza regularmente passa a conhecer a estrutura da própria mama e, nos casos de variações, pode fornecer ao médico informações que podem levar a uma antecipação no diagnóstico”, explica.


Fonte: Diário Web.

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