terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Pesquisa com células-tronco avança rumo à criação de órgãos

Pela primeira vez, cientistas japoneses reproduzir in vitro um fragmento de fígado humano que ao ser transplantado em ratos funcionou corretamente.


Pesquisadora em laboratório

Laboratório: técnica, que segundo pesquisadores pode começar a ser testada em humanos daqui a 10 anos, provavelmente poderá ser aplicada a pulmões, rins e pâncreas.

Os avanços na criação de órgãos a partir de células-tronco, no tratamento do câncer mediante a imunoterapia e na exploração espacial são algumas das principais notícias da ciência em 2013.

Pela primeira vez, cientistas japoneses da escola de medicina da Universidade de Yokohama conseguiram reproduzir in vitro a partir de células pluripotentes induzidas (iPS) um fragmento de fígado humano que ao ser transplantado em ratos funcionou corretamente.
Essa técnica, que segundo os pesquisadores pode começar a ser testada em humanos daqui a dez anos, provavelmente poderá ser aplicada a pulmões, rins e pâncreas, e constitui um avanço promissor como alternativa aos transplantes atuais, nos quais os órgãos são escassos e geram rejeição no receptor.
Enquanto isso, pesquisadores europeus e americanos criaram microrrins e microcérebros humanos em laboratório, que também podem ser utilizados para testar novos tratamentos ou remédios com maior confiabilidade que quando se experimenta apenas com ratos.
Uma equipe de cientistas japoneses já iniciou o primeiro exame clínico do mundo com humanos usando células-tronco iPS, consistente em extrair mostras de pele humana para gerar células capazes de se transformar em tecido de retina que depois será implantado em pacientes que sofrem uma degeneração associada à idade.
A medicina regenerativa também deu um grande passo graças às impressoras 3D, que reproduzem um objeto camada por camada a partir de informação digital e que já servem para desenvolver próteses sólidas para substituir massa óssea perdida devido a uma doença ou um acidente.
Em março, um homem recebeu nos Estados Unidos um implante em 3D para substituir 75% de seu crânio, e um mês antes pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) recriaram, a partir da cartilagem de uma vaca, uma orelha de forma e características humanas utilizando uma impressora 3D que injeta células vivas.
No tratamento do câncer, um novo tipo de medicamento, ainda aguardando aprovação e que permite ao sistema imunológico destruir as células do tumor, teve sucesso em alguns pacientes com metástases, no que os especialistas consideram o maior avanço na luta contra a doença em 15 anos.
Além disso, graças ao tratamento genético, pesquisadores americanos conseguiram transformar as células de doentes com leucemia e outros cânceres do sangue em agentes que atacam e destroem as células do tumor, segundo vários estudos apresentados em dezembro na Conferência Anual de Hematólogos dos EUA.
O oncologista espanhol José Baselga, diretor-médico do hospital Memorial Sloan-Kettering de Nova York, afirma que a imunoterapia, a luta do organismo contra o câncer, é o grande avanço que vai representar 'uma mudança profunda' na estratégia contra os tumores..
Fonte: Exame.

Grã-Bretanha testa vacina contra câncer no cérebro.


Tratamento 'ensina' sistema imunológico a encontrar e combater tumores.


Começaram os testes de uma vacina que se propõe a tratar uma forma agressiva do câncer de cérebro.
O primeiro paciente europeu recebeu o tratamento no hospital King's College, em Londres. Robert Demeger, 62, foi diagnosticado da doença neste ano.
A vacina é personalizada e foi desenvolvida para ensinar o sistema imunológico a lutar contra as células de um tumor.
O King's College faz parte de um grupo de mais de 50 hospitais - os outros estão nos Estados Unidos - que estão testando o tratamento.
Demeger, um ator de televisão e teatro, teve que desistir de seu papel de Otelo, no aclamado Teatro Nacional, depois que começou a ter convulsões.
Otelo
Ele disse que chegou a ter um substituto, para o caso de se sentir mal no palco, mas não precisou usar esse recurso.
'Eu fui diagnosticado com um tumor no cérebro e marcaram uma cirurgia em uma questão de dias'.
Porém, antes de sua operação ele foi convidado para ser o primeiro paciente na Europa a participar do experimento internacional.
Vacina
Cirurgiões removeram o máximo possível de seu tumor - que foi depois levado a um laboratório onde foi incumbado com células dendríticas (células imunológicas tiradas de seu sangue).
O objetivo foi ensinar as células a reconhecer o tumor. A vacina personalizada que resultou do processo foi injetada no braço dele, com a esperança de que aquelas células treinariam o sistema imunológico dele sobre como localizar e destruir o câncer.
Ele receberá dez doses da vacina nos próximos dois anos.
Keyoumars Ashkan, um neorcirurgião do King's College, está liderando a parte britânica da pesquisa. Ele diz que há uma grande necessidade de novos tratamentos para o câncer de cérebro.
Glioblastoma
'Mesmo que um tumor pareça igual em dois pacientes, na realidade ele varia muito'.
'Por isso, a terapia padrão provavelmente não é a melhor. Há uma necessidade de fornecer tratamento individualizado baseado no tipo de câncer de cada paciente'.
O tratamento envolve pacientes com glioblastoma, a forma mais agressiva de um tumor primário de cérebro, que afeta cerca de 1.500 pessoas por ano na Grã-Bretanha.
A média de sobrevivência desses pacientes é de 12 a 18 meses. Dois estudos anteriores menores da terapia DCVax, nos Estados Unidos, descobriram que o tratamento aumentava essa sobrevida para três anos, sem efeitos colaterais. Vinte pacientes participaram dos testes e dois deles estão vivos há mais de dez anos.
Ashkan ressaltou que a atual pesquisa, que envolverá 300 pacientes, é necessária para mostrar se o tratamento é realmente eficiente. Metade deles receberá a vacina real e os demais tomarão placebos.
'Até obtermos os ressultados desta pesquisa não saberemos se a terapia deve ser oferecida a todos os pacientes', ele disse.
Demeger afirma que está encantado em fazer parte dessa pesquisa. 'Qualquer coisa que me dê uma chance melhor, mas também por outros fatores, vale a pena participar disso'.
Fala
A cirurgia para remover o câncer afetou sua fala, porque o tumor estava localizado próximo da parte do cérebro que lida com a linguagem.
Assim Demeger, que tinha a voz como seu meio de vida, teve que reaprender a se comunicar.
'Eu adoraria voltar a atuar. Esse é o meu trabalho'.
'Tenho trabalhado com um terapeuta da fala e com o chefe das vozes no National (Theatre)'.
'Não sei se poderei voltar aos palcos em semanas ou meses, mas estou esperançoso'.

Pais se vestem de super-heróis e ajudam a curar câncer de filho de 3 anos

Após oito meses de tratamento, família voltou ao hospital para homenagear os médicos.



O incentivo de um casal de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, ajudou a curar a doença do filho de apenas três anos. Vestidos de super-heróis, os pais de Paulo Fernandes acompanharam o tratamento de leucemia do menino.
A ideia surgiu quando o pai, Octávio Fernandes, percebeu que a paixão pelos personagens de desenho poderia amenizar a dor do filho. De surpresa, ele chegou no hospital vestido como o personagem Senhor Incrível, do filme “Os Incríveis”, assustando as enfermeiras, que não sabiam de nada, e fazendo a alegria da criança.
Depois de oito meses exames e internações, Paulinho encerrou a fase de quimioterapia e está livre da leucemia. Agora, a família voltou ao hospital para agradecer os profissionais. Segundo a mãe, Paula Carvalho, o severo tratamento vai ficar para sempre na lembrança do garoto.
— Marcou a vida dele e se Deus quiser vai ficar como uma memória de um tempo que passou e que a gente conseguiu conquistar a vitória.
No hospital, o garoto distribuiu presentes, abraços e beijos para toda a equipe de médicos e enfermeiros, que não esconderam a satisfação em ver o paciente curado.
— Para gente é gratificante ver que valeu a pena todo o esforço. Ver a recuperação dele é muito bom, principalmente nessa época.
Diagnóstico
Em abril deste ano, Paulinho foi diagnosticado com leucemia linfoide aguda, que é um câncer que se desenvolve nas células de defesa. A doença é mais comum em crianças, mas, felizmente, tem cura em 90% dos casos. A hematologista, Andrea Nicolato, explica que o apoio emocional faz com que o tratamento da criança seja mais tranquilo.

— O próprio paciente, que é uma criança de 3 anos, tem mais chance de sonhar, sonhar em ser super-herói, independente dos sintomas da doença e do tratamento.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Paciente que venceu câncer diz que cura é melhor que ganhar Mega-Sena

A corretora de imóveis Paula Szyfer, 55, fez três tratamentos para sarna e outros tantos para alergia, até que, 11 meses depois dos primeiros sintomas, teve o diagnóstico de linfoma de Hodgkin, câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático. Sem família para dar apoio, procurou a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), onde recebeu atendimento psicológico e jurídico gratuito. "O que a gente mais quer na vida é ter informação -foi isso o que recebi lá. A Abrale é minha família", diz ela, que hoje está curada.

Além de oferecer assistência a pacientes com doenças graves no sangue, a Abrale, liderada pela finalista do Prêmio Empreendedor Social 2013 Merula Steagall, produz e dissemina conhecimentos na área onco-hematológica, com impacto em políticas públicas.

Paula Szyfer, 55, é beneficiária da Abrale

"Comecei a ter pneumonias sem causa e uma alergia insuportável em outubro de 2006. Foram quatro internações seguidas. Eu coçava, e a pele sangrava. Ninguém conseguia descobrir o que era. Fiz três tratamentos para sarna, mas as feridas no corpo só aumentavam.

Onze meses se passaram, com dores nos ossos e musculares, febre e tosse. Até que, em agosto de 2007, fui para o hospital novamente. Pedi para dormir -havia dois meses que eu não sabia o que era isso. Eu não aguentava mais.

O médico me examinou e pediu internação. Depois de ressonâncias, tomografia e biópsia, recebi a notícia de que tinha linfoma de Hodgkin, estágio 4, o mais grave de todos. Em resumo: estava com câncer do pescoço para baixo.

O tratamento era muita quimio e radioterapia, além de transplante de medula. 'E se eu não fizer nada?', perguntei para o médico. 'Talvez você viva três ou quatro meses', ele respondeu.

Como não tenho família que pudesse me dar apoio, perguntei se existia alguma associação e me indicaram a Abrale. Fui pessoalmente. Comecei sessões de terapia e recebi carinho.

Foi a Abrale que entrou na Justiça contra a seguradora e liberou meu primeiro PET Scan [tomografia que permite diagnósticos mais precisos]. Também foi lá que consegui tratamento odontológico gratuito, depois de perder 12 dentes por causa da quimioterapia e dos corticoides.

Em dezembro de 2007, peguei os exames e liguei para o médico. Ele disse: 'Você está melhor'. Quatro meses depois, finalmente, terminaram as quimioterapias. Recebi alta em agosto deste ano. Não sei se ganhar na Mega-Sena provoca a mesma sensação de felicidade.

Quem está na associação ajuda os outros pacientes por amor. O que a gente mais quer na vida é ter informação -foi isso o que recebi lá. A Abrale é hoje minha família."

Fonte: Folha UOL.